A crise e os dividendos

“A BMW pretende pagar dividendos no valor de 1,64 mil milhões de euros – apesar de estar actualmente a receber auxílios estatais sob a forma de layoff. Quem embolsa o dinheiro dos contribuintes durante a crise não pode, ao mesmo tempo, encher os bolsos dos seus accionistas.”

Diz Sahra Wagenknecht, do partido die Linke e acrescenta:

A situação é já bem conhecida: durante a crise, o contribuinte é chamado a desembolsar e, nos bons momentos, os investidores embolsam os lucros. Mas o facto de os accionistas quererem arrecadar, até mesmo nestes tempos dramáticos, é escandaloso. Quem recebe auxílios estatais não pode simultaneamente distribuir dividendos!

Pode alguém, em consciência, ter opinião contrária???

A “história de sucesso” que a UE não é

Na quinta-feira passada, em vésperas de reunião do Conselho Europeu que teve lugar no último sábado, Merkel discursou no Bundestag sobre a UE e o Brexit: Primeiro negoceia-se a saída, depois as condições da nova cooperação; há que manter a unidade da UE; há que dar continuidade à “história de sucesso da UE” – enfim, nada de novo. Digna de nota a meu ver, porque, não se tratando propriamente de novidades, são verdades que Merkel bem precisa de ser obrigada a ouvir, foi a contra-argumentação de Sahra Wagenknecht, líder do partido Die Linke, aqui parcialmente traduzida e transcrita:

“Em Junho do ano passado, a população da Grã-Bretanha votou a favor da saída da UE. Em vez de pensar, por um momento, sobre as razões que tornaram a UE impopular ao ponto de tornar possível essa decisão, a Sra. enaltece hoje novamente a UE como uma história única de sucesso. Por vezes, uma pessoa tem a sensação de que está no filme errado.
A Europa está em risco de se desmoronar. Na maioria dos países, a taxa de desemprego está mais elevada e a taxa de crescimento mais baixa do que antes da introdução do mercado único; a classe média receia a descida do nível de vida; a pobreza aumenta. E a Sra. fala-nos de uma “história de sucesso”. Apesar das incertezas associadas ao Brexit, a economia britânica teve, nos últimos seis meses, um desenvolvimento maior do que a média da economia na zona do euro; mas, pelos vistos, isso nem sequer lhe dá que pensar.
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