Saudades da Ilha de Gorée, Senegal

Ilha de Gorée

Porque hoje á Sábado, deixo de lado a nefasta gente. O Gaspar, tido como sábio burocrata das finanças, dizem, está em pânico. Que, assim, permaneça por longo e arrastado tempo. Cheio de pânico e mentalmente imobilizado para novas medidas de austeridade. Infelizmente é desejo sem sucesso, penso.

Porque hoje é Sábado, sinto vontade de gritar: QUE SE TRAMEM OS COELHOS, OS GASPARES E TODOS OS OUTROS QUE GRAVITAM À SUA VOLTA E Á VOLTA DE OUTROS QUE TAIS! Sim, todos eles, já inscritos na História como os argos das argoladas.

Porque hoje é Sábado, imaginei-me a revisitar a Ilha de Gorée, frente a Dakar. A caminhar por aquelas ruelas estreitas, marcadas por histórica arquitectura de portugueses, primeiro povo europeu a chegar a essa pequena ilha, em 1444. Mas, onde também se me colou no pensamento a tristeza da ‘Casa dos Escravos’; ali eram retidos de passagem para a América.

Porque hoje é Sábado – Saravá Vinícius! – sinto-me a admirar o casario de Gorée, semelhante na traça à Baixa do Sapateiro em São Salvador. Como fomos enormes e nos deixámos apoucar desta maneira! Desditas do processo histórico. E olhando o Atlântico de uma praia de  Gorée, africana e ufanamente empoeirado, ouço com solenidade e indescritível gozo interior Ismaël Lô; a entoar uma espécie de miscigenação melódica, afro-árabe, que, no fundo, pode simbolizar o cruzamento de civilizações nesse pedaço de terra senegalesa, Património da Humanidade.