Poema para o meu pai

(Com um abraço ao José Magalhães)

Tão cedo a esta vida te roubaram

Saudoso pai meu bom e grande amigo

Que mal teus olhos fundos se fecharam

Boa porção de mim partiu contigo.

Flores e velas, preces lacrimosas

Ó alienas artes da razão!

Ainda bem que não te iludem rosas

Meu doce pai que em tudo és meu irmão.

Minha fé, minha crença, minha idade

De homem-filho é grito de homenagem

Que outro não sei, sem lágrimas, sem prantos.

Mãos dadas pelos céus da eternidade

Nesse reino sem trono e sem linhagem

Vives tu, vivem papas reis e santos.

                                                                                1971