Miséria ética

Vejo as noticias e volto a descobrir que o Português que sou e quero ser, nada tem a ver com este Povo que, agora, habita este País. Um Povo sem carisma, sem garra, mas, acima de tudo, sem vontade ou consciência. E se essa percepção já era quotidianamente indesmentível por ser tão evidente, o resultado das preferências maioritárias deste Povo é de estraçalhar a esperança ao mais optimista dos seres.

Na política, e nem precisamos de sondagens, a maioria dos Portugueses dará o seu voto a um partido que sempre e sem excepção, governou com base na premissa “quem vier a seguir que pague a conta”. E nunca deixa uma conta suportável. Deixa daquelas contas que arruma, inevitavelmente, com uma geração de Portugueses. Como agora é liderado por um ilusionista trafulha que manipula sem escrúpulos as contas da Nação, que publicita sem pejo as promessas, mas esconde, omite e falseia os resultados, que tentou transformar uma gestão da pandemia criminosamente incompetente num milagre que tanta e tanta gente ainda não percebeu que nunca ocorreu, esse partido descobriu que à custa da triste credulidade dos Portugueses, são eles próprios que “vêm a seguir”. Como não sabem o que é governar sem (muito) dinheiro, era preciso arranjá-lo. Nem que para isso seja preciso vexar um País inteiro. Nem que para isso seja preciso andar de mão estendida numa vergonha que me afecta e que não patrocinei. Pior, ainda tenta mascarar a indigência com tiques marialvas para consumo interno, insultando quem à custa de responsabilidade e frugalidade (sim, é um óptimo conceito para os gastos estatais) reuniu recursos que não quer ver esbanjados por terceiros, reconhecidamente, desregrados. Mas para um Povo que vive, todos os dias, na ilusão do “euromilhões”, quer a “pedinchisse” quer “o agarrem-me se não mato-o”, são conceitos que, visivelmente, agradam.

Também na política e também à espera de uma maioria quase norte-coreana, temos o “selfies”. Pessoa de “reconhecida” integridade ética. Se mais circunstâncias não houvessem, e infelizmente não faltam, bastava aquela em que no princípio da pandemia afirmou que se falaria a verdade e apenas a verdade, bem sabendo que já se tinha mentido, se estava a mentir e se iria continuar a mentir. Mas aos Portugueses, a miragem de uma foto com o “presidente da junta” (e já devem ser poucos os que a não têm) e a promessa de afectos, é mais que suficiente.

Para completar o ramalhete, temos o líder do 2º maior partido. Pessoa de quem, por liderar a oposição (?), se esperava, no mínimo, empenho no escrutínio do governo. Principalmente porque a outra principal forma de escrutínio, a que devia ser feita pelos jornalistas, desapareceu por arregimentação financeira ou ideológica. Mas por conivência ou taticismo, reduz voluntariamente os níveis de escrutínio para mínimos históricos.

Mas não é só na política que a maioria prefere os piores. Na televisão, as audiências são lideradas por uma histérica sem qualquer substância nem princípios. Não teve qualquer problema em trair os que nela confiavam, protagonizando uma transferência feita, indubitavelmente, muito à custa de dinheiro dos Portugueses, antecipado (?) pelo Estado.

No futebol, segundo estudos tão claros como as contas do governo, a maioria prefere um clube cujo líder montou um esquema avassalador de batota e cuja imensidão de processos judiciais só não avança porque o esquema que montou, realmente funciona. Como “cereja em cima do bolo” e perfeita demonstração da coluna vertebral dos preferidos da Nação, conseguiu reproduzir novamente e ao fim de 2.000 anos o episódio bíblico da “negação de Pedro”: Jesus disse a Luís Filipe, perdão, a Pedro, antes que a minha Mulher descubra, perdão, antes que o galo cante, negar-me-ás três vezes. E ele negou. A única diferença é que Pedro negou para não ser preso e Luís Filipe, deixou de o negar para não “ir de cana”.

E são estas, entre muitas outras, as escolhas da maioria dos Portugueses. Uma aversão genética à verdade, à honra, à dignidade, mas pior, à esperança. Um Povo tão pouco comprometido que nem percebe que a sua cobardia só perserva o que tem, ou seja, nada. Com tanto medo que a sua credulidade se torna, absurdamente, suicidária.

Comments

  1. Fernando says:

    Este frugal salazarista está preocupadíssimo com as gerações futuras, então não está!

    Salazar também era muito frugal. Em 23 de Abril 1974 Portugal era um pais subdesenvolvido, anos a sacrificar jovens em guerras imperais insustentáveis.
    Foi assim que o frugal Salazar, um dos ídolos do Osório (o outro é o Passos Coelho), preocupou-se com as gerações futuras!

    Vai dar banho ao cão que a tua conversa fede de tão hipócrita!

    • miguel fonseca says:

      Acho que ele quando falava dos tristes Portugueses era em tí que estava a pensar.

      • POIS! says:

        Pois não nos diga!

        Estava a pensar? Ele sabe? E apercebeu-se? Ele há coisas!

  2. Paulo Marques says:

    Quem vier a seguir que pague a conta lembra-me assim um grande ilustre que foi expulso com um défice de 5,1%, como também os mimos deixados pela Múmia e o seu discípulo. É como o mito de Raegan, a minha dívida é melhor que a tua.
    Aldrabadas? Então e a excelentíssima Teodora está lá a fazer o quê?
    De facto, estes portugueses deviam ficar ainda mais pobres e honrados, esquecer o dinheiro, fechar tudo e ficar em casa à espera de morrer de fome, ao menos a gripe passava. É o que nos cabe numa união política, como se vê… em mais lado nenhum.
    E, depois de tanta verborreia, também não há hipocrisia nenhuma em querer cancelar a Cristina por todas as vantagens que reclamam para o modelo de nenhumas protecções laborais. Ser mulher certamente nada terá a ver com o assunto, porque o Carlos é uma pessoa séria e consistente.
    Esteja descansado, o dinheiro não impedirá que o emprego se precarize e o mercado se desregule, podemos voltar a viver de rendas e investimentos não tarda nada.

  3. Assim é que está bem! diz a ralé que sempre houve, quando os seus estão no poder.
    E havendo dinheiro, esmolado ou roubado pouco importa, tudo melhora.
    Mais uns anos de chulice parecem assegurados…

    • Paulo Marques says:

      Os liberais podem esplicar como é que melhora com desemprego e passando a conta para dívida privada. O querido líder tentou, o FMI mudou a conversa, mas o Menos sabe, só não quer é dizer.

    • POIS! says:

      Pois é!

      “Assim é que está bem! diz a ralé que sempre houve, quando os seus estão no poder.”.

      E que saudades tem JgMenos de o dizer! Por vezes, invadido de uma salazaresca nostalgia, recorda os velhos tempos em que a ralé tinha outro nível! Que belas eram as fardas da Legião Portuguesa!

  4. Rui Naldinho says:

    Como eu compreendo a frustração do Carlos Garcez Osório.
    Imaginar que o PSD pode ficar mais de uma década sem o poder decidir os nossos destinos, tal como seria o desejo de muito boa gente ligada à direita, ele incluído, claro.
    É legítimo esse desejo? Claro que é!
    Como também é legítimo, uma maioria de pelo menos 55% das pessoas, das que se pronunciaram, não quererem essa mudança sublime, só para alguns, claro, e preferirem o “ilusionista” do Costa.
    É que, apesar de tudo, há uma diferença entre o ilusionista Costa e o inquisidor da Troica. Refiro-me ao Dr. Passos Coelho, claro.
    É que o ilusionista lixa-me a vida, com um sorriso disfarçado de mágico, enganador, mas bem disposto, tentando convencer-me de que faz tudo pelo meu bem estar.
    Já o inquisidor da Troica lixa-me a vida, mas à bruta, com cara de mau, agredindo-me psicológica e fisicamente, fazendo-me crer numa culpa, a qual não mereço. Mas pior, faz-me crer que para me salvar do inferno tenho de sofrer antes. Numa espécie de penitência da dívida. Uma dívida, em boa parte, contraída sim, pelos tubarões deste país, onde campeam os filhos dilectos do PSD, PS e CDS.
    O Carlos acha que os portugueses tinham obrigação de votar em alguém, que lhes prometesse mais austeridade, mesmo não gostando dela. Se não o fizerem, são um povo sem garra, sem consciência.
    Porra, mal por mal, prefiro o ilusionista. Ao menos, não me dói tanto!

    • POIS! says:

      Pois, quanto a mim, só há uma solução! A solução final!

      Temos de colocar no poder um tipo que se comprometa a dissolver o povo e a eleger outro! Se tal não acontecer, nada nos salvará.

      Estou plenamente sintonizado com o Sr. Osório: vivemos tempos apocalípticos! Sim, fomes, pandemias, conflitos armados em larga escala, vários anticristos no poder, tudo como biblicamente previsto

      E precisamente hoje, surge mais um acontecimento profeticamente revelado por S. João: a segunda vinda de Jesus, que aponta o resplandecente caminho da Luz.

      Aproxima-se o Juízo Final, a menos que o procurador Rosário Teixeira não tenha tempo de concluir a acusação a que Carlos Alexandre aporá o Sétimo Selo e enviará para Deus Pai com um simples despacho: “concordo”.

      • Paulo Marques says:

        Isso de amar o país, desde que tenha outro povo é mais para os fasços do costume.

  5. Crónica cheia de azia e saudades dos tempos de antanho, dos probrezinhos mas honradinhos, dos orgulhosamente sós, de tempos que foram enterrados na lixeira da história e serão lembrados como um período mau da história de Portugal, mas nunca esquecidos para evitar repeti-los

  6. R SANTOS says:

    A mesma lixeira de sempre a escrita do Osorio.

    “…Como agora é liderado por um ilusionista trafulha que manipula sem escrúpulos as contas da Nação, que publicita sem pejo as promessas, mas esconde, omite e falseia os resultados…”

    Esta é a sua escrita caluniosa e intencionalmente distorcida e odiosa bem ao nivel rasteiro de Maria Vieira e de João Lemos Esteve entre outros,

  7. Daniel says:

    “Pior, ainda tenta mascarar a indigência com tiques marialvas para consumo interno, insultando quem à custa de responsabilidade e frugalidade (sim, é um óptimo conceito para os gastos estatais) reuniu recursos que não quer ver esbanjados por terceiros, reconhecidamente, desregrados.”
    Duvido muito que esse tal Osório seja português, mas, sério e inteligente não é certamente!…
    A ver se ele acorda para realidade:
    A Holanda contribui com 4,7 mil milhões de euros para o orçamento europeu e recolheu, no último ano, só atraves do desvio para o seu off-shore manhoso, 10 mil milhões de euros desviados de outros paises europeus!!!
    Que tal?

  8. Abel Barreto says:

    Independentemente das intenções subjacentes às opiniões expressas, os portugueses não deixam de ser o que são.
    Só olham à cor do seu partido e clube, e desde que os seus direitos estejam garantidos estão a cagar-se para o resto.

    • João Luís Neves says:

      Este “Osório” andou a ler Os Caracteres do Teofrasto e as merdas que escreve são um teste à verosimilhança dos estereótipos ali descritos, certo? Vá lá, pessoal do Aventar, digam lá, qual de vocês se esconde por detrás deste pseudónimo? Até o nome é bem achado, Osório, irrisório! É que é de tal maneira simplório (e rima de novo!) que parece existir mesmo. Um verdadeiro compêndio de boçalidade!

      • POIS! says:

        Pois sim, Teofrasto, mas…

        Esta é uma versão local. O autor é mais conhecido por Teofrasco, em homenagem às suas qualidades de crítico trotilógico, sendo considerado o expoente máximo da escola peripateta. A sua obra mais conhecida e traduzida é “Clisteres de Teofrasco”, muito popular entre laranjões fortemente obstipados após a queda de um tal Passos.

    • Daniel says:

      Cuidado com as generalizações… os portugueses não são só tu e os teus!…

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