
Mustafa Kemal Atatürk
25 de Julho. Dia de Santiago. Um dia importante para o Ocidente. A Catedral de Santiago de Compostela, na Galiza, recebe os peregrinos (turistas, dizem uns, viajantes, dizem outros, uns crentes outros não crentes). Atravessam territórios de vários países. Já é assim há muitas luas. E esperamos que assim continue. Os peregrinos (turistas contemporâneos) são bem-vindos na Catedral, e o culto católico continua a fazer-se.
No outro lado do Mediterrâneo, na Turquia, a partir desta semana, Hagia Shopia (Bem inscrito na lista do Património Cultural da UNESCO) passa a ser novamente uma mesquita, após decisão do governo turco, decisão legítima, diga-se.
Quer o Papa goste, quer o Papa não goste. Muita gente, e de variados quadrantes, desde o Ocidente ao Oriente (políticos, dirigentes religiosos, jornalistas, bitaiteiros, enfim…..), tem-se pronunciado sobre essa decisão. Também na Turquia a questão não é pacífica, e há muitas vozes contrárias.
UNESCO, ICOMOS, e outros organismos internacionais, tomaram posição pública sobre o assunto.
A discussão pode e deve ser feita, mas o que está em causa tem a ver também com a soberania de um Estado, de suas decisões, e com o cumprimento, ou não, de compromissos internacionais, por parte desse Estado (Convenção do Património Mundial, a que a Turquia aderiu voluntariamente).
Dito isto, muita matéria há que analisar, designadamente sobre o uso do Património Cultural (civil, religioso, arquitectónico, arqueológico, público, privado, da Igreja, etc, etc.), as alterações ao uso, as implicações físicas dessas alterações, a vontade das populações que interagem com esse Património, etc.
Todos reconheceremos (se formos à Assembleia da República e fizermos essa pergunta, a resposta será unânime, da extrema esquerda à extrema direita) que o Património Cultural (nas suas diferentes vertentes e manifestações) deve ser preservado e salvaguardado. E a sua utilização? Como o fazer e quem o deve fazer é que torna a coisa complicada. Qual deverá ser o papel do Estado (Administração Central, Administração Regional, e Administração Local) nessa matéria? E o dos privados? E a dita sociedade civil? E os proprietários desse Património (onde se inclui a Igreja Católica)? E aqui começa de facto uma conversa séria, que nos últimos anos nenhum governo ( desde José Sócrates até agora, nem recuo mais) quis encetar.
E assim voltamos novamente a Hagia Shophia. Assunto sério para reflectir sem preconceitos nem fundamentalismos.
Curiosamente o Ministro dos Negócios Estrangeiros Turco Yavuz Selim Kıran refere tuíte de um português:
“After the press release of UNESCO regarding Hagia Sophia, he asked why UNESCO does not push for Notre Dame and Vatican be turned into museums. I will give you another example from Cordoba. Cordoba Mosque was inscribed to the World Heritage List in 1984. It was converted to a Cathedral in 1236 and is still being used in the same function,”.
O chamado dedo na ferida.
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