A dimensão do contato

This is not a playable instrument.
Flea

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Efectivamente, o Acordo Ortográfico de 1990 não funciona. Se ainda houver dúvidas, o Diário da República esclarece-as. Para uma visão pormenorizada do assunto, podeis recorrer à etiqueta sítio do costume.

Com votos de um óptimo fim-de-semana, eis o pano de fundo musical dos últimos dias, distinguindo-se um toque de deliciosa assimilação progressiva no primeiro verso:

A ajuda do Estado à TAP é negociada em dias.

A ajuda do Estado a crianças com cancro no Hosp. S. João no Porto é adiada durante uma década.
Um país de prioridades bem definidas.

Imbecil Mor

Pedro Nuno Santos recordou que 90% dos turistas que chegam a Portugal vêm por via aérea e que, destes, cerca de METADE são trazidos pela TAP, sublinhando que a companhia aérea nacional é a maior exportadora nacional” e que “A TAP é demasiado importante para a deixarmos cair”

Primeiro, este imbecil que tem a mania que tem mau feitio e que é um “durão” nem se apercebe que o registo crispado a que, artificialmente, recorre não convence ninguém. Pelo contrário só o transforma num enorme pateta que ninguém respeita. E num tempo em que abundam os patetas, conseguir fazer-se notado pela patetice, é obra.

Segundo, este imbecil já nem disfarça e assume, expressamente, que para esta corja, Portugal se reduz à capital do império. O interesse nacional é o interesse de Lisboa. As necessidades nacionais são as necessidades de Lisboa. O resto do País quase exclusivamente composto por parolos inconvenientes, é-lhes tão próximo quanto a Nova Zelândia.

Terceiro, este imbecil como bom trafulha que é, mente com quantos dentes. No último ranking conhecido (2019), a TAP (na prática, a TAL, transportes aéreos de lisboa) nem aparece nas 10 maiores exportadoras nacionais. Mas, provavelmente, por circunstancias transitórias (aquisição de aviões), é a 2ª maior importadora (cfr https://www.jornaldenegocios.pt/empresas/detalhe/as-10-maiores-exportadoras-e-as-10-maiores-importadoras-de-2019).

Quarto, este imbecil acha que se repetir muitas vezes o que lhe interessa, a ilusão passa a ser real. A TAP (TAL) só é demasiado importante para ele e para a corja de que faz parte. Não compreendo e estou certo que pouca gente compreende, essa necessidade quase física de não abdicarmos de uma companhia de bandeira. Não tenho qualquer orgulho especial em ver o nome de Portugal pintado numa data de aviões. Principalmente quando o custo é o que tem sido e, pior, o que se prevê. Para que se perceba, esta injecção de 1.200 milhões de euros corresponde a um esforço de 120€ por cada Português. Por exemplo, numa Família típica, Pai, Mãe e 2 Filhos, traduz-se num custo de 480€. Perguntem-lhes o que preferem: um alívio fiscal de quase 500€ ou a sobrevivência da TAP (TAL). E atenção que essa sobrevivência vai ser nível “zombie”, nivel “morto-vivo” porque nos próximos tempos, muitas e muitas vezes lá terão de voltar a pagar mais 480€ para que os aviõezinhos continuem com a cauda pintada de verde e vermelho.