Reformas

Na nova e sofisticada loja dos CTT, a abarrotar de produtos para turistas (facilmente identificáveis por representarem sardinhas e/ou serem feitos de cortiça) e até “tablets e smartphones recondicionados”, mas em que a mesa de trabalho dos funcionários encolheu de tal modo que já nela não cabem os envelopes maiores, hoje a máquina das senhas avariou.  

De forma que tudo voltou ao sistema que sempre esteve em vigor neste país, o do funcionário que tem de sair do seu lugar, atravessar a sala, agora ampla e moderníssima, para lançar a pergunta ao grupo crescente de fregueses por atender: 

– Vales… reformas… está alguém aqui para receber?  [Read more…]

Não percebo nada sobre o tema TAP mas…

Evito pronunciar-me sobre o tema TAP porque percebo perto de nada sobre o tema, e porque este país é fértil em especialistas sobre companhias aéreas, em geral, e sobre a TAP em particular.

Mas devo dizer que, quando ouço a claque do FC Privatize-se Tudo, fico com uma dúvida: se a TAP é tão fraca, tão inútil, porque raio estão a Lufthansa, a Air France/KLM e a British Airways/Iberia a tentar comprá-la? Porque são estúpidos e gostam de deitar dinheiro ao lixo?

O problema em manter a TAP na esfera do Estado, parece-me, tem mais a ver com os maus gestores que a administram do que com a viabilidade da empresa. E os concorrentes esfregam as mãos com o negócio do Brasil, liderado a nível europeu pela TAP. Um mercado que, recorde-se, tem cerca de metade da população da UE. [Read more…]

“Se é que Deus existe…”

Chegado a um balcão dos CTT, instalado numa casa de comércio, deparo-me com um idoso de aparência octogenária junto ao balcão, de roupas limpas mas desgastadas, magro, com ombros curvados pelo tempo, pescoço magro a destoar com a cabeça larga, apoiado numa bengala e de máscara presa abaixo do nariz.

Por entre uma respiração cansada, o idoso solicitou à funcionária que o ajudasse no pagamento da conta que constava da correspondência registada que acabava de levantar, remetida por uma entidade pública.

A funcionária, solícita, ajudou mas não foi capaz de esconder a sua indignação: a conta a pagar era de um cêntimo. A resposta do idoso, por entre a respiração cansada e forçada, que soou a uma mescla de derrota e de revolta, foi “Temos de pagar, menina. Temos de pagar”.

Paga a conta, o idoso agradeceu à funcionária o seu cuidado, desejando “Que Deus a ajude”. E após voltar-se para a porta de saída, olhou ligeiramente para trás e considerou “Se é que Deus existe…”, e apoiado na sua bengala saiu para a rua como se carregasse o mundo às costas, fustigado pelo vento e por uma chuva miudinha.

Numa breve cena, assisti a uma total desconstrução do progresso, da eficácia, da proximidade e da racionalidade, com que nos querem vender a modernidade coeva. À desconstrução de políticas, discursos, projectos, apoios, planos, bazucas, da era digital, dos “simplexes”, da inteligência artificial, dos “summits”, das redes, dos Direitos Humanos, dos discursos e das promessas. À desconstrução da fé.

Faz Marcelo Rebelo de Sousa muito bem em ir ao Catar pugnar pelos Direitos Humanos, entre um jogo de bola e umas “selfies”. Os tais direitos que, de início, eram para esquecer, mas que, afinal, já são para lembrar.

Até porque cá por casa está tudo bem. Graças a Deus. “Se é que Deus existe…”

Moedas, family & friends

Há dias escrevi aqui que Carlos Moedas foi uma boa escolha de Rui Rio para a CM de Lisboa. Uma escolha forte e agregadora. Continuo convencido disso. E a quantidade de partidos que o apoiam parece confirmar a ideia, pelo menos no que ao factor agregador diz respeito: CDS, Aliança, MPT, PPM e até o RIR, do antigo autarca socialista e ex-candidato presidencial, Vitorino Silva, a.k.a Tino de Rans. Só falta a IL. Parece que o Chega foi pré-excluído por Moedas. Tem o meu respeito por isso.

Depois fui confrontado com um:

  • Mas tu sabes quem é Carlos Moedas?

Não o conheço, claro está, mas sei umas coisas. Lembro-me do tempo em que era o Secretário de Estado Adjunto de Pedro Passos Coelho, e um dos responsáveis por acompanhar o takeover da Troika. Um dos homens por trás da máxima “ir além da Troika”. Um político que, antes de chegar ao governo, esteve no Deutsche e no Goldman Sachs, dois dos beneficiários da desnecessária privatização dos CTT, com os resultados que se conhecem. Os CTT que, anos mais tarde, convidaram Celine Abecassis-Moedas para a administração da empresa.

Quem?

Exactamente: a esposa de Carlos Moedas.

Por isso sim, sei umas coisas sobre Carlos Moedas. Mas isso não invalida que seja um dos nomes mais fortes que o PSD poderia avançar, mais ainda se considerarmos o período particularmente delicado que o partido atravessa. Pese embora o mau arranque, com a péssima (e desnecessária) encenação do “sonho” e do “projecto de vida” de vir um dia a presidir à CM de Lisboa. Consegui visualizar o jovem Carlos, num banco do liceu de Beja, a sonhar com o dia em que entrava pelos Pacos do Concelho de Lisboa, com o colar ao pescoço. Não havia necessidade…

*

P.S. Estou particularmente curioso para saber se a IL alinha na coligação de direita, encabeçada por Moedas. Se fosse socialista, certamente teria direito a um cartaz @comPrimos. A ver vamos, se isto é uma questão de primos. Ou de socialismos.

Moedas irá privatizar Lisboa e entregar a gestão à esposa

Carlos Moedas, candidato do PSD à câmara de Lisboa, foi um súbdito fiel de Passos Coelho, esse Miguel de Vasconcelos que esteve ao serviço do poder estrangeiro, durante o período em que Portugal esteve sob ocupação da troika.

Uma das promessas que levou Passos Coelho ao governo foi a de não privatizar à toa, como podemos verificar num vídeo inesquecível, criado pelo Ricardo Santos Pinto.

Os CTT foram privatizados, sabendo-se que davam lucro e tinham, ainda, outras funções na compensação de um dos maiores problemas nacionais, o desequilíbrio entre litoral e interior, num país com regiões que caminham a velocidades demasiado diferentes.

Carlos Moedas teve um papel fundamental nessa e noutras privatizações. Por coincidência, a esposa de Carlos Moedas veio a integrar a estrutura que passou a gerir os CTT privatizados e transformados em lojas de má literatura, ao mesmo tempo que abandonaram povoações e passaram a funcionar pior, porque a incompetência é exclusiva do sector público, uma das mentiras da direita liberal para tomar conta de negócios e de monopólios.

Note-se que o PSD, na oposição, e bem, atacou o PS devido às teias familiares que atravessam o actual governo, mas já se sabe que o argueiro no olho alheio é sempre maior do que a trave que está no meu.

Caso ganhe as autárquicas em Lisboa, será que Carlos Moedas irá privatizar a câmara? Se isso acontecer, a esposa transitará para a equipa que passará a gerir a cidade? A brincar, a brincar…

Deixo, a seguir umas ligações sobre a importância de Carlos “videirinho” Moedas nesta história. É instrutivo, divertido e poupa-me trabalho. [Read more…]

Excelência da gestão privada

Tem havido quem, recorrentemente, exalte a excelência da gestão privada como argumento para se privatizarem bens públicos. Como se as coisas fossem a preto e branco.

CTT descem mais de 6% para novo mínimo histórico após resultados

Os CTT passaram de uma empresa pública de sucesso para uma empresa privada à beira do buraco. Além disso, criaram o Banco CTT, que caminha para a lista daqueles que acabarão pagos pelos contribuintes (claro que será uma surpresa para todos).

Cegueira ideológica é isto. Olhar para modelos conceptuais sem se considerar a realidade. Ou então é algo pior – ir ao pote, por exemplo.

CTT, o ex-líbris das privatizações

Quando a fome de lucro fácil, talvez alimentada pela possibilidade de futuros ganhos pessoais, ditou o caminho das privatizações das empresas públicas, o principal argumento usado pelos sacerdotes da mudança era o da eficiência da gestão privada. No entanto, assistimos, por exemplo na EDP, a um monopólio ser transformado noutro monopólio, com os preços a manterem o mesmo rumo de crescimento.

No caso dos CTT, além desta realidade, ainda se assistiu à degradação da qualidade do serviço, sem sequer ter existido a promessa de melhores ou mais baratos serviços. Privatizou-se porque o negócio dava lucro e era preciso dinheiro para os bancos.

Desde que essa infalível gestão privada chegou aos serviços postais, a empresa passou de caso de sucesso para um mar de reclamações, num mercado a crescer exponencialmente com o comércio electrónico. Como se tal não chegasse, os CTT foram apanhados pela ANACOM a mentir quanto ao volume de reclamações.

É o que poderemos esperar quando as razões da mudança são apresentadas em forma de camaleão (sem ofensa para os bichos).

Era uma vez uma grande empresa, outrora pública, destruída pela ganância e incompetência privada

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Imagem via Público

Os CTT eram uma empresa pública rentável, que servia os portugueses e enchia os cofres do Estado, porque chegava a todo o lado e, pasmem-se, dava lucro. Por motivos exclusivamente ideológicos, o governo Passos/Portas decidiu privatiza-la por meia-dúzia de tostões.

Infelizmente, porque o sector privado é tão falível como o público, os CTT são hoje uma sombra daquilo que um dia foram. Fecharam balcões – este ano serão 48, o número de municípios sem um posto dos CTT, todos no interior – despediram centenas de trabalhadores, viram os seus resultados financeiros cair trimestre após trimestre, mas, ainda assim, não deixaram de distribuir milhões aos accionistas. Capitalismo selvagem e predador em todo o seu esplendor. [Read more…]

País desmembrado

(c) jmc

Era um Janeiro frio em Bath, Inglaterra, e procurei um pouco de calor escrevendo um postal aos amigos. Com tantas possibilidades de satisfação instantânea, incluindo a de estarmos em  contacto com quem nos é querido, um postal chegado à caixa de correio traz com ele uma pequena parte de nós que uma fotografia partilhada pelos skypes da modernidade não capturam: aquele breves momentos enquanto compomos uma prosa de ocasião, antecipando o sorriso no destino perante a inspirada lembrança.

Não sabia, porém que a surpresa seria recíproca.

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A pura incompetência dos agentes da Alfândega de Lisboa

alfandega-de-lisboa

Tenho desde o passado dia 7 de Fevereiro um envio (despachado da Rússia a 24 de Janeiro) um artigo enviado da Rússia que corresponde a uma caixa de uma colecção de cartas de jogadores de futebol que não é comercializada no nosso país. O artigo em causa deve ser doravante tratado por envio e não por encomenda, visto que a troca realizada envolveu um envio gratuito de um produto semelhante à pessoa com quem troquei no dia 25 de Janeiro. Curiosamente, mesmo apesar dos correios russos demorarem em média 2 dias a desalfandegarem envios considerados como “importações”, resolvemos, eu e o meu parceiro russo, escrever uma nota na encomenda “free of commercial value. exchange” para assim explicarmos aos agentes alfandegários dos dois países que não existiam quaisquer valor comerciais envolvidos. Apesar dos correios russos serem, como não seria de esperar, lentos, pela imensidão do território e do número de habitantes que tem que satisfazer, a alfândega moscovita demora por norma 2 dias a analisar as importações, e os correios russos demoram por 4 dias a fazer chegar correspondência ou envios de Moscovo a Khimki. Para um destino longínquo nos confins da Federação, a coisa pode levar meses, Portanto, o meu envio já chegou no dia 4 de Fevereiro ao destinatário

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CTT: quando o fanatismo da direita gera prejuízo para o Estado

CTT

Uma das críticas mais comuns da direita radical é aquela em que acusam a esquerda de falta de visão estratégica, de não pensar ou planear a longo prazo. A história da privatização dos CTT é um daqueles exemplos que demonstra factualmente que essa mesma direita é, também ela, incapaz de o fazer. [Read more…]

Privatizações: a perspectiva de Mariana Mortágua

Paulo Pereira

“O Poder de fazer um apagão no País é a Razão porque a EDP nunca pode ser privada”

O Tribunal de Contas arrasa o processo de privatização da EDP e da REN. Os juízes sublinham que os elevados dividendos anuais das empresas podiam render, no longo prazo, mais dinheiro ao Estado do que a operação de venda. Apontam ainda um conflito de interesses, com consultores a trabalharem para ambos os lados.

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Fábula

A Quimera do Ouro (1925)

Certo dia uma galinha tomou a seguinte decisão: pertencer a máfia. Delineou o seu plano e comunicou a escolha às suas amigas. Estas ficaram muito surpreendidas, tentaram demovê-la, mas ela manteve-se irredutível. De sacola às costas e convicção na mão, lá partiu ela à aventura. [Read more…]

Como destruir o Estado em 3 Passos

PRIMEIRO: pega-se num pau-mandado (ou criminoso, é à escolha) e mete-se numa empresa pública em lume brando.

SEGUNDO: aumenta-se a temperatura até ferver, permitindo, deste modo, que o pau-mandado possa torrar todo o dinheiro disponível através de medidas desastrosas previamente delineadas pela máfia.

TERCEIRO: servir o pau-mandado em público onde este irá dizer que essa empresa pública é mal gerida pelo Estado e, como tal, deverá ser privatizada.

Há aqui uma coisita que me intriga. Qual será a parte do crime que as instituições responsáveis não entendem. Mais claro do que isto só a ponte Vasco da Gama. [Read more…]

Banqueiros

Os maiores compradores de acções dos CTT foram o Goldman Sachs e o Deutsche Bank. Lembro-me, mais uma vez, das palavras do “consigliere” em O Padrinho, referindo-se a banqueiros que tais: “Nós (mafiosos) somos apenas bandidos. Estes tipos são carniceiros”

Os incendiários actuaram e o sino repicou

CTTParte substancial do meu tempo é vivida em aldeia do Alto Alentejo, região ocupada por terras inóspitas, searas, chaparrrais e localidades habitadas predominantemente por gente idosa; localidades às quais, na maioria dos casos, já tinham sido retirados ‘centros de saúde’ e outros equipamentos sociais.

Em parte considerável das vilas que se dispersam até à raia com Espanha, é conhecido, desde que se propagou a loucura da privatização, o propósito de encerrar estações dos CTT, no distrito de Portalegre; como, de resto, em outras zonas do interior.

A fim de cumprir objectivos económico-financeiros, na lógica do neoliberalismo, o governo aliena segmentos lucrativos do património nacional – ANA, EDP, CTT, por exemplo – e lesa, sem pudor nem respeito, o interesse público. [Read more…]

Porque o que é Justo é Justo

Relação das duas dinastias de Correios-Mores do Reino[4]

Pedro Passos Coelho preside a um governo singular. Um governo que transporta a bandeira na lapela. Um governo que descartou o 1º de Dezembro. Um governo que clama pela nossa situação de protectorado. E, para não entediar com mais «pormenores», um governo que privatizou o serviço de Correios. Mas, o serviço postal, criado como serviço público por D. Manuel I, já passou por uma fase privada, até ser «re-estatizado» por D. Maria I. E quem foi o governante que procedeu à sua privatização? Filipe III (sim, III, de Espanha, claro!). Ora que surpresa tão esclarecedora… faz sentido agora toda a actuação deste governo. Tem como Musa Inspiradora a Infame Dinastia. Mas, nisto espero congregar a acção dos justos, não precisamos de concordar com os nossos adversários para exigir que lhes seja feita justiça. Como tal urge premiar toda uma coerência de actuação (mesmo não concordando).

Petição Prémio Filipe III para Passos Coelho (em espanholês/portunhol) [Read more…]

CTT

Há vários países interessados em nacionalizar os CTT. Portugal não se inclui nesse grupo.

Conceito alternativos

Tudo fazer pelo “bem da empresa” passa por levar à perda de 5 milhões de euros. Não se passa nada.

Um olhar genuino

Os CTT distribuíram 6000 máquinas descartáveis entre todos os carteiros efectivos da empresa para que estes registassem o seu dia a dia e, assim, mostrassem o Portugal real.O resultado é interessantíssimo e poderá ser visto em exposições por todo o país e também em livro.
Das poucas fotos que vi , pode pensar-se que os seus autores mais parecem fotógrafos profissionais e não amadores: o seu olhar é sensível e até artístico! Mas, sobretudo, muito humano. Sempre pensei no carteiro como alguém que tem uma profissão muito especial  ( talvez influenciada pelo carteiro de Pablo Neruda…) .
Os carteiros com a sua máquina descartável captaram “um Portugal mais rural e mais envelhecido do que imaginávamos ser. A pobreza e a solidão estão lá, mas estão também o humor, a capacidade crítica e o orgulho num trabalho que tenta se reinventar para poder continuar a existir”.
O seu dia a dia não lhes passa despercebido e é tudo menos banal e feio: o bacalhau madeirense a secar ao sol; um barbeiro que é também o bibliotecário e contador de histórias; as lavadeiras na ribeira como se fosse há cem anos; os edifícios antigos com as paredes rasgadas a negro; as misturas surrealistas de alguns jardins; o maior amigo do homem (arqui-inimigo do carteiro); as dificuldades de alguns, dado adquirido de outros; o velhinho que espera a reforma; as caixas de correio improvisadas; o carteiro que já é um “filho”; etc.
Um olhar tão simples, verdadeiro e genuíno. Tão português! Fazem-nos falta estes olhares…sobre a vida e o nosso país. Uma bela iniciativa dos CTT que poderá servir de exemplo… a cada um de nós: olhar com atenção à nossa volta e concluir que, ainda assim, há muita beleza em cada canto por onde passamos distraídos e sem tempo.
Valerá a pena conhecer as duas centenas de fotografias escolhidas! Parabéns aos carteiros-fotógrafos!
Céu Mota

Os Carteiros São a Alma de Portugal

© Maria Amália Cidália Marques

Os Carteiros – que perifrasticamente a burocracia chama de “agentes de distribuição postal” – são os portugueses que melhor conhecem Portugal. Mais do que qualquer sociólogo ou turista acidental, muito mais do que qualquer político em campanha eleitoral. Os carteiros portugueses percorrem a pé, de bicicleta, de mota, de metro* ou de carro todos as avenidas, ruas, vielas, estradas, ladeiras e caminhos de Portugal, 260 dias por ano. Em todos esses muitos dias, os carteiros portugueses vão à procura e ao encontro de milhões de portugueses. Os carteiros estão em toda a parte, os carteiros são nossos amigos. Os portugueses confiam mais nos carteiros que nos advogados e nos juízes. 

Os Correios de Portugal organizaram um concurso de fotografia para carteiros. Chegaram (no correio?) de todo o país fotografias de todo o país. As mais bonitas estão em exibição em Lisboa. Espero que a exposição seja levada aos outros portugueses. Ficou claro que Portugal não é só Lisboa.

* noutros tempos, os carteiros viajavam de “ambulância“.

Piadas de 1 de Abril

Teixeira dos Santos, Ministro das Finanças:

Um pedido de ajuda obriga a compromissos. (…) Este Governo não tem legitimidade, nem condições, nem credibilidade para ter a confiança das entidades externas que nos possam ajudar

André Villas Boas, treinador do FC Porto:

E para mim o Benfica ainda é candidato ao título

Marcos Batista, administrador dos CTT:

Devo referir que sempre estive convencido que o meu percurso académico com oito anos de frequência universitária e elevado número de cadeiras concluídas, em mais do que um plano de estudos curriculares, correspondesse a um curso superior à luz das equivalências automáticas do processo de Bolonha

Administrador CTT / specialized by Avon Cosmetics Int’l

Há algum tempo saiu aqui no Aventar uma nota sobre um administrador e um vogal dos CTT.  Um deles baralhou-se e pensava que era licenciado, mas não. Mesmo depois de 8 anos na universidade não chegou a perceber aquela cena de se ter que pedir o diploma no fim do curso. Talvez isso tenha acontecido por trabalho a mais na sua empresa Puro Prazer, que organizou por essas alturas uma… festa académica!

Aqui fica o CV deste excelso administrador.

MARCOS AFONSO VAZ BATISTA

Marcos Afonso Vaz Batista

Licenciado em Economia. Especializado pela Avon Cosméticos Internacional emTécnicas de Venda Marketing e Merchandising e possuidor de diversas acções de formação em Vendas Por Catálogo Comunicação e Marketing. VendedorMarketing Manager da Avon Cosméticos S.A. Contabilista. Director Financeiro  de duas empresas que ninguém conhece das empresas Área Dinâmica e Laveiro. Boy nomeado para várias empresas estatais. Administrador dos CTT – Correios de Portugal S.A. e Administrador da PayShop (Portugal) S.A.

A PSP e a Greve Geral, estamos entendidos

Depois dos intensos treinos na Cimeira da Nato, a PSP intervém na defesa da ilegalidade (uma empresa não pode contratar trabalhadores externos para furar uma greve) e contra o piquete de greve nos CTT de Cabo Ruivo.

O blindado smiley vem já a seguir.

Casos de estudo: vogais vs. administradores

Caso de estudo nº 1

MARCOS AFONSO VAZ BATISTA

Marcos Afonso Vaz Batista

Licenciado em Economia. Especializado pela Avon Cosméticos Internacional em Técnicas de Venda Marketing e Merchandising e possuidor de diversas acções de formação em Vendas Por Catálogo Comunicação e Marketing. Vendedor Marketing Manager da Avon Cosméticos S.A. Contabilista. Director Financeiro  de duas empresas que ninguém conhece das empresas Área Dinâmica e Laveiro. Boy nomeado para várias empresas estatais. Administrador dos CTT – Correios de Portugal S.A. e Administrador da PayShop (Portugal) S.A.

Caso de estudo nº 2

LUÍS MANUEL PINHEIRO PITEIRALuís Manuel Pinheiro Piteira

Frequência do 3º ano de um curso de  Contabilidade e Administração. Trabalhou nas áreas de Operações e Contabilidade de duas empresas. Geriu uma carteira de fundos e de seguros. Trabalhou como controller. Vogal do Conselho de Administração da Empresa de Arquivo de Documentação, do Grupo CTT e do Conselho de Administração da Payshop  S.A.

 

Destes dois casos de estudo trazidos até nós por Paulo Campos conclui-se que terminar um curso e ser vendedor da Avon são dois aspectos essenciais para distinguir o cargo de administrador do cargo de vogal de uma empresa que faz a mesma coisa que os pagamentos de serviços do Multibanco mas com mais burocracia (e maior despesa).

PEC : Em greve!

Greves ! Tudo por conta do PEC – Programa de Empobrecimento do Contribuinte.

Até ao dia 1 de Maio manifestações e concentrações de trabalhadores e oito greves na Função Pública! Os transportes vão ser os mais afectados com as principais empresas do sector a ter paralisações até ao final de Abril. Depois da greve dos revisores da CP de ontem, a partir das 3 da manhã de hoje vamos ter a dos funcionários dos transportes do Sul, por congelamento dos salários numa empresa altamente lucrativa.

Para além das greves no sector dos transportes temos ainda as greves dos trabalhadores da Petrogal, da Gás de Portugal, mineiros da Panasqueira, CTT e da empresa Proundmoments ????

Sempre quero ver como é que as empresas vão poder pagar os vencimentos aos gestores…

Se não fossem os mineiros da Panasqueira e a empresa Proudmoments, estava contra!

O que se diz por aí

Após o jogo com o Mafra, terá havido confronto físico entre Sá Pinto e Liedson no balneário, com murros á mistura. Entretanto o preço parece ter sido a demissão de Sá Pinto e eventual castigo a Liedson. Sá Pinto volta aos velhos tempos, a lembrar a selecção nacional e Artur Jorge. É de leão!
Do Haiti, vão chegando notícias díspares, desde resgates com sucesso, passando por expulsão de jornalistas no aeroporto por banda dos norte-americanos, até ao desespero de muitos haitianos e a evasão por mar rumo aos EUA.
Por cá, fala-se em redução acentuada do preço das chamadas telefónicas . A ver vamos em que é que isso se traduz em euros a cada um de nós.
Os condutores podem trocar a carta nos CTT. Para evitar a imobilização em filas no Instituto da Mobilidade e Transportes Terrestres.
Nesta praça global, parece que já há escutas do processo “Apito Dourado” disponíveis na Internet, tendo sido anunciada a sua disponibilidade no Youtube.
Também é noticiado que a embaixada espanhola em Portugal estaria a ser usada por rede mafiosa, segundo a “Operação Trufas Odesa” – que mais nomes irão inventar para operações de investigação criminal?!
Por fim, continuam os sinais de que em Portugal não há aumento de criminalidade violenta. Isto dos juízes quererem aulas de tiro deve ser apenas uma questão de enriquecimento curricular. Vamos ver daqui a uns tempos se os magistrados serão tão exigentes com os seus pares como são com os agentes policiais ou os cidadãos habilitados quando recorrem a armas de fogo para sua defesa pessoal.

As Prendas de Natal e Outras

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PRENDINHAS, QUEM AS NÃO QUER

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A operação, chama-se Face Oculta, mas já há muitas faces descobertas.

Sobre isso já escrevi aqui, e aqui.

Aquilo que muitos dos arguidos, ou alegadamente implicados, deram ou receberam, têm nomes diferentes, consoante quem os nomeia.

Para uns, os investigadores e o público em geral, o nome que têm é "luvas provenientes de corrupção".

Para outros, os que ofereceram ou os que receberam, são "prendas de Natal ou de outra altura qualquer".

Mas, dificilmente, automóveis e dinheiro, podem ser considerados presentes desse género.

A todos os níveis da nossa sociedade, se utiliza a prenda, ou a nota, ou a influência, para obter o que se pretende.

A corrupção, pequena ou grande, faz parte do nosso estilo de vida. Desde a notita dada à funcionária que nos põe dentro do consultório do sr dr uns minutos mais cedo, ao segurança que nos deixa entrar mesmo sem a devida credencial num qualquer sítio onde pretendemos ir, ou ao sr graduado de uma qualquer força militarizada que mete uma cunha pelo nosso pirralho e por isso recebe à posteriori uma prendinha, em quase todas as circunstância da vida dos Portugueses encontramos situações destas.

Não seria portanto de admirar que nos altos negócios se proceda da mesma forma.

Mas, se nas pequenas coisas, é aceite pelo comum dos cidadãos, que se proceda assim, pois que quem o não faz fica sempre prejudicado, já nas grandes coisas esta postura não tem o aval de ninguém. Nestas, a lisura de procedimentos, até ao mais pequeno pormenor, é exigível.

O Português, como outros, aceita que a pequena corrupção se faça, até porque é ele quem a faz, mas exige que os que estão em situação de mandar, os que têm poder, o não façam, até porque não precisam, e só corrompe quem necessita.

O grande problema desta situação, para além do facto em si mesmo, é que tem já muitas ramificações, que tocam altas figuras da nossa Nação. À Ren, Refer, EDP e Galp, juntam-se agora a CP, a Portucel, a Lisnave, os CTT, a EMEF, os Portos de Setubal, Sines a a Capitania de Aveiro, a ENVC, a IDD, a Empordef, a Carris e as Estradas de Portugal. Muitas destas empresas estão já a fazer investigações internas. Mas são já demasiadas as empresas ligadas a este caso. É o País inteiro.

E só o mais pequeno dos actores deste caso, o que corrompeu (alegadamente claro, que é preciso ter cuidado com o que se diz) os altos funcionários de quem se fala, está em prisão preventiva.

Daí o poder-se inferir que aos outros, nada de mais lhes acontecerá. O sr Vara, ainda está e continuará a estar na Vice Presidência do BCP. O sr Penedos continua na presidência da Ren. E outros continuam onde sempre estiveram.

Daqui a muitos anos, como em outras situações que estão a correr na nossa justiça, ainda estaremos na situação de hoje. As investigações vão ser demoradas e a nossa justiça irá ser ainda mais lenta que de costume. Há demasiada gente muito importante envolvida.

Esta forma suja e abjecta de se viver, não pode deixar de criar nojo a quem olha para ela.

Ninguém pode confiar em ninguém. A corrupção grassa por todo o lado. Quem tem poder, e é pouco sério, faz o que muito bem entende e enriquece quase da noite para o dia. Quem não tem esse poder, ou se for uma pessoa séria, nem trabalhando muito, chega a algum lado apetecível economicamente. Quem não for de modo algum, uma pessoa séria, como muitos que por aí andam, depressa chega a ter poder. Seja em que nível for.

E o poder em Portugal, pelo que se ouve nas ruas e nos cafés, está associado à burla e à corrupção.

Vivemos num País de vigaristas e de vigarices. E, desde à alguns anos a esta parte, a principal ideia que transmitimos aos nossos filhos, é a de que devem ser "espertos" para poderem ter poder e ser ricos, não interessando o que se faça, desde que surta efeito.

O que em alguns momentos me apetece, é sair daqui, fugir, imigrar para um qualquer lugar, longe de tudo e de todos. Ou então viver no meio do monte, sem acesso a seja o que for. Mas não sendo de baixar os braços, vou, à minha escala, continuar a lutar contra a corrupção em Portugal.

Conforme está, é uma tristeza, o País em que vivemos.

 

 

(In, O Primeiro de Janeiro, 5-11-2009)

 

 

 

 

SiMPLEX

Recebi uma carta registada de uma instituição pública, notificando-me de uma decisão administrativa e dando-me dez dias para impugnar judicialmente.

 

A carta tem a data de 16/09/2009 e eu recebi-a no dia 27/10/2009, isto é, um mês e onze dias depois.

 

Receoso que se tivesse desencaminhado "no meio caminho andado" dos CTT, desloquei-me à estação de correios da minha zona. Lá estava a data de entrada nos CTT, 23/10/2009 . Demorou quatro dias a chegar às minhas mãos após a sua entrada nos CTT.

 

 É, pois, a instituição que escreveu a carta com data de 16/09/2009 e que me dá dez dias para reagir, que está profundamente imbuída do espirito Simplex. E, agora, como vai ser ? Hoje já verifiquei, via Internet, no "sitio" da instituição, que foi feito um registo de uma acção que deveria ser posterior à minha impugnação, a que tenho direito.

 

Vou lá amanhã, dizer à senhora do balcão, com provas documentais, que não tive oportunidade de exercer os meus direitos cívicos.

 

Quantos papéis e solicitações e caminhadas vou ter que fazer para me concederem o previlégio de exercer o meu direito de cidadão?

 

Multiplique-se estres atrazos de vida, por milhares de cidadãos, por milhares de empresas, e fica-se com uma ideia do que são e como são prejudiciais os chamados "custos de contexto" !

 

Trata-se de entregar em tempo útil uma simples " carta a Garcia…"