Dia dos Namorados

© Paulo Abrantes

Alto, bem encasacado, vozeirão, passos firmes, gestos elegantes, um homem habituado a que lhe façam caso. Anda de um lado para o outro no hall, impaciente, ausente, fora de si. Pega no telefone, procura um número, aguarda. Começa a falar, altíssimo.

– Sim, meu amor… Sim, estou aqui, no hotel…. Efectivamente… Quando vens buscar-me?… Compreendo… Sim, meu amor, compreendo… Espero-te aqui… Até já, meu amor, até já.

Enquanto fala, percorre o hall com passadas largas, gesticula com a mão livre, esboça um gesto de resignação. Desliga. Esperará, que remédio, esperará.

O funcionário da recepção evita olhar para ele. Os clientes não conseguem deixar de fazê-lo. [Read more…]