País governado por filhos de conúbios ilegais

Parti em muitas, muitas ocasiões. Corri Ceca e Meca. Voltei sempre. Nos tempos da ‘outra senhora’, com frequência repeli a tentação de não regressar.

Era jovem. Visitava cidades africanas, Londres e Paris com regularidade, na aurora da actividade profissional. Poderia ter escolhido a cidade-luz e casado com determinada Brigitte. No universo dos nomes, também existem modas – moda é a tradição do instantâneo, na sublime definição de Augustina Bessa Luís. A avalancha de ‘Brigittes’ em terras francesas, ao tempo, era fenómeno de mimetismo materno-paternal. Inúmeras mamãs e papás, no baptismo das meninas, inspiravam-se no nome do símbolo sexual da época, Brigitte Bardot.

No fundo, por cobardia, patriotismo ou alguma causa abscôndita, jamais reneguei o solo pátrio, onde nasci e sempre vivi. Um país típico, de percurso histórico multifacetado no último século – como outros, certamente. Mas, esta terra, nas últimas quatro décadas e meia, serviu de cenário a profundas e múltiplas transformações políticas, territoriais, de relações externas, económicas e sociais.

Entretanto, ao correr dos tempos, foram-se fabricando núcleos de políticos impreparados, tecnocratas, incultos e refractários em relação a sérios ideais éticos, morais, políticos, de solidariedade e de sensibilidade social.

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