Obrigado, 25 de Abril

«Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!»
“Aniversário”, Álvaro de Campos

Os dias, tal como as pessoas, têm virtudes e defeitos. O dia 25 de Abril de 1974 é o pior dia da História de Portugal, à excepção de todos os outros.

25 de Abril hoje

Observo o mar de posts onanísticos de apreço pelos soldados de Abril e vejo uma razão compreensível pela qual os indivíduos manifestam hoje tamanha gratidão por quem percepcionam ter lutado pelas suas liberdades no passado: a consciência profunda e demonstrável de que nunca teriam ou terão a coragem, a impetuosidade e a espinha dorsal para o fazerem eles mesmos.

Feliz aniversário, Liberdade!

Ainda me arrepio com as histórias, as músicas e os relatos de quem viveu a guerra e a revolução.

Com os documentários, as reconstituições cinematográficas e as imagens daquele dia inicial inteiro e limpo.

Com a coragem daqueles militares, que arriscaram a liberdade e a vida para que todos pudéssemos ser livres e – finalmente – viver.

Com a existência clandestina dos bravos da resistência antifascista.

Com a realização daquela alegada utopia, que na madrugada que todos esperavam emergiu das trevas e limpou o céu.

Com o privilégio que foi nascer em democracia, sem nunca, de forma alguma, ter estado sujeito à censura, à perseguição ideológica, à prisão arbitrária, à tortura ou à morte às mãos de um qualquer carrasco da PIDE.

Poucas coisas me alarmam, tão intensamente, como a ideia de vivermos hoje um tempo em que uma ruidosa minoria decidiu sentir saudade de um tempo que não viveu.

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É preciso e é urgente

Alguém ajude Marcelo Rebelo de Sousa a terminar o mandato com dignidade….