Ambições

Acho que já relembrei isto, mas até porque a inevitável demência que me espera quer pela idade quer pelo facto de ser Português, me absolve, vou voltar a contar: há uns anos quando trabalhava quase permanentemente em Lisboa, fui convidado para ir a um jantar de Portuenses que passaram a viver na capital; acho que aquilo era periódico e frequente; bem, a experiência foi tão próxima do surrealismo que saí de lá atordoado com o absurdo em que tinha participado; estava à espera de “tripeiros” radicalizados pela distância, definidos pelas “caralhadas” libertadoras, sinceras e tão, tão eloquentes e colados pelo carácter sincero, cru, nobre e desafectado que nos define, distingue e, porra, que nos faz sentir “em casa”; foi exactamente o contrário; parecia que tinha entrado na sede dos “gajos” que tinham escrito os “protocolos dos sábios (enorme paradoxo)”, não do Sião, mas do “olissipismo”, vulgo imperio do pedantismo e da futilidade. Ou ainda de forma mais compreensível, dos que podem com propriedade dizer “eu sou tão oco como um pneu, mas vou aqui armar-me, empinar o nariz e dizer umas “merdas” para dar a ideia que ultrapassei há muito a condição de simples mortal”.

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