Postcards from the Balkans #10

Dangerous ruins. As cigarras, ainda e, não, não sou italiana.

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O meu último dia na BiH. Amanhã, relativamente cedo apanho o autocarro para Split. Quatro horas de autocarro. Comboio só até Ploce e depois teria de depender dos horários dos autocarros daí até Split. O bilhete custou menos de 10 euros. São 111 km, mais um menos outro o que, atendendo às quatro horas indicadas, indicia uma viagem com paragem em todas as terreolas. Seja.

Falei nos 10 euros do bilhete. E devo dizer que o custo de vida na BiH (ainda que em Mostar, devido ao facto de ser um sítio muito turístico, as coisas sejam ligeiramente mais caras que em Sarajevo) é barato. Barato para nós, os visitantes estrangeiros, mesmo se portugueses. Para os habitantes, as coisas serão de outro modo, suponho. Diz-me o meu guia que os salários são miseráveis. Acredito. Não tive coragem de perguntar a ninguém. Mas hoje de manhã um dos empregados do hotel disse-me que já era o terceiro turno seguido que fazia e que queria ir para casa. Outro, agora há pouco, diante da minha pergunta (porque o vi desde manhã à noite aqui) se não descansava, respondeu-me que só tem folga de 15 em 15 dias. Isto nada diz sobre os salários, é certo, mas diz alguma coisa sobre o trabalho. Ou a falta dele. Em Sarajevo, alguém me disse que na BiH a taxa de desemprego é de 40%. Quarenta por cento. Voltando aos preços, por exemplo uma refeição completa pode comer-se por menos de 8 euros. Uma garrafa de Sarajevska (a cerveja que tenho bebido) custa menos de 1 euro e um maço de tabaco (não me chateiem vá, comprei slims) 2 euros. As pessoas fumam, aliás, em qualquer lado. Se há país onde se fuma é este. Eu, sosseguem, tenho-me mantido nos meus 10 a 12 slims, mais um, menos outro. [Read more…]

Postcards from the Balkans #09

A grande beleza da Bósnia. O insuportável calor da Herzegovina. Um filme de Emir Kusturica e as cigarras de Mostar.

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A BiH não é um país fácil. As razões são muitas. E não tenho tempo (nem rede, neste momento) para enumerar todas. As pessoas ora são simpáticas, ora extraordinarimente rudes. A paisagem ora lembra o paraíso (como se eu soubesse o que é o paraíso), ora o mais profundo inferno (como se eu soubesse também o que isso seja). Ora descobrimos recantos de silêncio belo, ora encontramos a música mais atroz.

Saí de Sarajevo no autocarro das 11h30 em direção a Mostar. Um dos senhores do hotel levou-me a mala até à estrada, à entrada da cidade velha, para que eu apanhasse o táxi que me levaria à estação dos autocarros. Disse-me que esperava comigo e embora eu lhe tivesse dito que não era preciso, ali ficou. Enquanto esperávamos disse-me que eu tinha feito bem em ficar tantos dias (na verdade, não acho – e agora que estou em Mostar, até acho menos – que tivessem sido assim tantos), que uma cidade não se conhece em dois dias. Concordei e disse-lhe que, mesmo em cinco dias, não tinha visto tudo. Uma cidade como Sarajevo precisaria de uma vida inteira. [Read more…]