O mundo encantado das edições únicas

dançaquando

Richard Zimmler, na sua página do facebook, mostra uma muito compreensível alegria com o facto de haver, agora, uma edição brasileira do seu livro para crianças. O título do livro em Portugal é Dança Quando Chegares ao Fim; a edição brasileira intitula-se Dance Quando Chegar ao FimO autor comenta: “Chegou hoje a versão brasileira do meu livro para crianças Dança Quando Chegares ao Fim. Todos os “tu” agora são “você”, claro. Daí a diferença no título.”

Os vendedores de virtudes do chamado acordo ortográfico (AO90) têm anunciado aos quatro ventos a ideia de que, agora, é possível haver edições únicas no Brasil e em Portugal.

Talvez o meu conceito de edição única seja um bocado redutor, mas, mesmo correndo o risco de ser considerado muito limitado, passo a explicá-lo: uma edição única seria aquela em que não houvesse nenhuma diferença de nenhum tipo, com mesmas palavras, as mesmas frases, os mesmos períodos e os mesmos parágrafos, no Brasil e em Portugal. Mesmo podendo parecer um perigoso radical, atrevo-me a afirmar que uma edição única deveria ter, exactamente, o mesmo título, sem tirar nem pôr, o que implicaria a inexistência de alternâncias como dance/dança ou chegar/chegares.

Como é evidente, a fotografia e o comentário do autor são suficientes para demonstrar que a realidade é extremamente maçadora e que o AO90 não cumpre um dos seus principais objectivos. Ainda assim, seria interessante ir além do título, porque, ou muito me engano, ou será possível encontrar mais diferenças entre as duas edições e é quase certo que algumas dessas diferenças serão, também, ortográficas.

Fotografia do facebook de Richard Zimmler