O descontentamento da generalidade dos portugueses torna-se, a cada passo, mais intenso e transversal. Da direita à esquerda, de monárquicos a republicanos, de empregadores a empregados, de ateus anónimos a figuras da hierarquia da igreja católica , as fileiras de revolta engrossam gradual e sistematicamente.
Agora foi a vez do bispo D. Januário Torgal Ferreira vir a público denunciar:
Fica ele, fico eu, fica o dono do restaurante aqui da terra, o empregado de balcão da tabacaria, o comerciante de electrodomésticos António, entretanto falido, a D. Adelaide que se levanta às 6 da manhã para fazer limpezas na sucursal da Caixa Agrícola, o pastor Alexandre da aldeia e a também a vizinha e aldeã D. Gertrudes com os dois filhos desempregados.
Outros, muitos outros, empobrecidos, desempregados e desamparados pouco se manifestam. Afogam silenciosas e duras mágoas nas ‘minis’ oferecidas no café da vila, soprando a tristeza no fumo do miserável cigarro de ‘onça e mortalha’ manufacturado e mais baratinho.
Comentários Recentes