Viver só

Ontem, na revista do Público, uma reportagem sobre quem escolheu viver sozinho, mostrando que “viver só não é necessariamente sinónimo de solidão”.

Não transcrevo as várias histórias narradas (gostei particularmente da história de Nazaré, 83 anos, que sempre viveu na mesma casa…). Transcrevo sim, os dados científicos deste fenómeno que tem vindo a acentuar-se:

“As trajectórias e fases da vida de quem vive sozinho podem ser muito distintas. (…)  Rosário Mauritti, socióloga e autora do livro Viver Só, compara essas realidade. Os idosos começam a viver sozinhos não por opção. E esse viver sozinho tem fases: um autofechamento e depois a descoberta da libertação“, disse à revista 2. Nas mulheres, e nos casos decorrentes de viuvez, é uma espécie de descoberta de que afinal são capazes“, sobretudo as que viveram muito tempo limitadas pelos pais ou pelos maridos. (…)

O número de famílias de uma só pessoa aumentou 37,3% nos últimos dez anos (…). Hoje em dia, em cada 100 famílias portuguesas, 21 são constituídas por uma só pessoa (…). São múltiplos os trajectos sociais de quem vive sozinho. Sejam os idosos que enviuvaram, “os adultos que, por opção, ou não, permaneceram sós e que, podendo já ter vivido em casal, passaram por situações de ruptura conjugal”, ou as novas gerações “em transição para a vida adulta”. “Portugal está na cauda da Europa neste fenómeno por termos menos dinheiro.” Com outras condições económicas, “haveria, entre jovens, sem dúvida, um maior número a viverem sozinhos” (Suécia, 47%, ocupa o topo).

Fala-se aqui de «famílias unipessoais». O tradicional conceito de família está a mudar. É estranho dizer-se família de uma só pessoa…