
Foto: Expresso
“O Município de Grândola informa que até à presente data não recebeu notificações sobre o assunto. A decisão do tribunal fala na necessidade de tomar as medidas necessárias para impedir “com urgência” o prosseguimento das obras de urbanização mas a mensagem não chegou aos destinatários.”
É caso para cantar “Grândola, vila neoliberal”. São umas atrás das outras as situações em que os “promotores” por este país fora passam por cima de disposições e decisões legais e avançam com o seu negócio perante a criminosa bonomia das entidades portuguesas. A propriedade privada é o valor mais elevado da hierarquia de todos os valores e o imenso carinho pelo dinheiro, a par do desprezo pela preservação da natureza sentido por câmaras, APAs e governo hão de chupar até ao tutano este país que acabará por sucumbir às suas mãos. Toda uma geração de cínicos no poder e também nas ruas.
E em Portugal notificar uma pessoa pode ser muito complicado, porque em Portugal não há moradas oficiais de pessoas, ao contrário daquilo que acontece, como a Ana Moreno deve saber, na Alemanha. Já se tentou introduzir uma medida nesse sentido mas os deputados da Assembleia da República, muitos dos quais são advogados e querem continuar a poder dispôr de truques legais como este, rejeitaram a medida.
Em Portugal chega-se ao ridículo de uma pessoa, para demonstrar a sua morada junto de um banco, apresentar uma fatura de eletricidade.
Em qualquer país civilizado, cada pessoa tem uma morada legal e é suposta ter recebido, num certo prazo, qualquer comunicação que tenha sido enviada para essa morada. Mas em Portugal, não.
Há uma cena jurídica chamada ‘embargo’…e os do poder não são cínicos, são corruptos num país em que a corrupção está institucionalizada.
a corrupção está institucionalizada
Exatamente. Começando logo na Assembleia da República, na qual diversas empresas (as sociedades de advocacia) estão representadas através de trabalhadores seus (advogados pertencentes a essas sociedades). É inconcebível, mas é verdade: empresas estão representadas na Assembleia da República através de trabalhadores seus.
Txxi.. A sério Dr. Lavouras?!
Pois eu acho que a individualidade de cada um deve ser sempre sobreposta a tudo, isso e a santa propriedade, claro!
Então os homens não podem ter dois trabalhos? O Sr. Dr. está a interferir no mérito e esforço destes trabalhadores? Mas pensa que isto é a União Soviética ou quê?
os homens não podem ter dois trabalhos?
É uma questão polémica, essa. Em minha opinião, não, não devem poder. Quero dizer: devem poder, talvez, trabalhar por conta própria; mas como funcionários de uma empresa, certamente que não. Muito menos quando essa empresa – como é o caso de um escritório de advogados – pode estar ou em conflito de interesses com o Estado ou, pelo contrário, ser contratada para trabalhar para o Estado.
Antigos, presentes, e futuros. É capaz de ser verdade que de outra forma não havia advogados no serviço público, mas esta muralha chinesa é mais Suíça. Ou Belga.
A justiça em Portugal é uma arma… nem sempre contra a burguesia.
Se por um lado é incrível uma empresa ou pessoa não respeitar uma ordem judicial, por outro percebe-se que uma obra não possa parar à espera que um senhor doutor juíz se decida a decidir.
Quando as instituições não funcionam, a sociedade perde o respeito por elas. Isso sim é o fim da Democracia, não a “normalização” do Chega.
Isto sempre existiu; afinal, nunca tivemos democracia.
Há quem diga que ter o Chega no parlamento é um atentado à dita, portanto será isso.