Por falar em cacofonia

Exactamente, cacofonia. Hoje, lembrei-me dos Cacophony, a banda do excelente Marty Friedman. Antes de ter ido para os Megadeth, com os quais voltou a tocar anteontem. Siga.

Para acalmar os ânimos, nada como duas rockalhadas à queima-roupa

Aproveitando este post do João Mendes, cá vão elas:

Marcelo mentiu ao país

Marcelo Rebelo de Sousa mentiu ao país. Mentiu de forma deliberada, com o calculismo que se lhe conhece, e quis fazer-nos todos de parvos. E mentiu porque não só sabia da vinda de Lula da Silva, como foi o próprio Marcelo a fazer o convite. Tal como foi ele quem, a 31 de Dezembro, informou pela primeira vez o país sobre a participação do presidente do Brasil nas cerimónias do 25 de Abril. O poeta de Fernando Pessoa é um fingidor, mas tem muito que aprender para fingir tão completamente como o Presidente da República de Portugal.

Croniqueta acerca de Krugman e Flege

“The anti-clockwise and the clockwise logarithmic spiral.” (de Vitiello, 2014) https://bit.ly/3IXQWZe

Há umas semanas, algures entre o Teams e o Zoom, o cronista apresentou, entre outros artigos, os New Methods for Second-language (L2) Speech Research, do Flege — e achou curiosa a serendipidade do próximo parágrafo que lhe caiu ao colo, o dos new methods do nosso querido Krugman. A serendipidade. Nada encontrareis igual àquilo. Nada. Garanto. Não há copy-paste, não há papel químico. Como dizem os miúdos (e já os egrégios gregos o diriam, mas em Grego Antigo), isto não se inventa:

We have to be more cautious in describing quantitative relationships. The one thing that we were just looking at, the interactive things we can do with the new methods, and we have a figure that we will keep, which shows the inflation unemployment counterclockwise spirals in the 70s and the 80s where you have to go through this bulge in unemployment to gt inflation down… I mean… clockwise spirals…. Anyway… Like that⮏. Or, from your point of view, like that ↺.
Paul Krugman

Quanto ao resto da crónica, ficará para depois da tarefa da semana: operacionalizar, por um lado, o carácter explícito e o carácter implícito e, por outro, o grau de dificuldade. É complexo, demora imenso, mas é divertido. Mas tem de ser com papel, lápis, borracha, uma Bic e um agrafador, porque o computador deu o berro. O outro. O do trabalho. O das crónicas é este e vai funcionando.

«Pinto da Costa atira-se a Rui Costa e ao Vizela-Benfica»

Oh! E não se atira ao Pepê? Porquê? Calimero, Calimero. Aquele abraço.

E agora BE?

 

 

Durante o governo da geringonça houve amor ou sexo no casamento entre o BE e o PS? Ou os dois? Quem amou ? Quem fez a outra coisa?

Papel passado houve. Os votos ( na Assembleia da República ) também.

E agora? Chorar sobre leite derramado? Querem casar outra vez?

Atenção, pois o divórcio só foi bom para a outra parte……

 

Portugal à venda

Turismo de luxo tem sempre prioridade sobre preservação ambiental.

Pepe: São 40 anos disto

Este Domingo o Pepe, jogador do FC Porto e da selecção nacional, celebra 40 anos de vida.

Não vale a pena recordar o que já inúmeros jornais, revistas e televisões contaram sobre a sua infância, a forma como chegou a Portugal com míseros cinco euros no bolso e a forma como conseguiu atingir a excelência na sua profissão ao serviço do seu clube do coração, o FC Porto, no Real Madrid ou com a camisola de Portugal. A sua mais recente entrevista à Sport TV fala por si (uma brilhante peça de jornalismo, por sinal).

Para mim, portista, será uma das grandes referências do meu clube. Um exemplo de entrega e amor à camisola para os jogadores da formação do FC Porto e para todos aqueles que queiram vestir esta camisola.

Muitos parabéns e Obrigado Pepe!

O verbo haver, principal numa oração e significando existir, só se conjuga na 3.ª pessoa do singular

 

A paz dos mais fracos

Conta-se que durante a transmissão televisiva de uma final de um torneio de ténis  (Borg/McEnroe), Álvaro Cunhal, que se encontrava na sede do PCP, quando perguntou qual era o mais fraco, responderam “John McEnroe“, e começou a torcer por ele. Tendo sido confrontado com o comentário de que se tratava de um norte-americano, o então Secretário-Geral do PCP terá respondido qualquer coisa como “É o mais fraco, e os comunistas estão sempre do lado dos mais fracos“.

Dito isto:

A substituição de Jerónimo de Sousa à frente do PCP pelo actual Secretário-Geral Paulo Raimundo soou, de início, a uma tentativa de  interpretar o que correra mal nas últimas eleições legislativas, abrindo um eventual novo ciclo.

Todavia, percebe-se que, afinal de contas, e por mais paradoxal que pareça, o PCP insiste e persiste na estratégia que Nixon usou na gestão das fitas de gravação no “Caso Watergate”: se um erro não resolve, tentemos outro.

Primeiro, foi a narrativa de que a invasão da Ucrânia pela Rússia foi por culpa da Ucrânia. Isto, depois da versão de que Rússia se preparava para invadir a Ucrânia, era uma fantasia criada pelos EUA.

Agora, perante o forte apoio militar do Ocidente com vista a equilibrar os pratos da balança no combate, a lógica é de que tal apoio apenas serve para alimentar a escalada do conflito. E que aquilo que se devia promover era a negociação da paz e não a alimentação da guerra.

Ora, o que fez o PCP quando invadiram as suas sedes no PREC?

Convidou os invasores para se sentarem e negociar um qualquer entendimento?

Não: defendeu, e bem, as suas sedes com tudo que podia arranjar, desde armas de fogo até fueiros, braços e punhos, e peitos dispostos a enfrentar balas, para garantir a integridade perante os invasores e incendiários. E toda a ajuda era bem-vinda.

Ora, se um país é invadido por outro, tanto mais uma super-potência, vai fazer o quê? Um convite para um chá? Ou luta pela sua integridade territorial e pela sua existência? [Read more…]

NIT: A ignorância é atrevida

E agora, para algo completamente diferente: a (ou será o?) NIT, uma coisa que julgo ser da TVI (ou será da Nova Gente?) e o seu colunista, o engenheiro civil Nuno Bento. Sim, o Aventar também pode ter o seu momento cor de rosa.

O senhor engenheiro escreveu umas coisas sobre os U2 nessa tal NIT. Gostos não se discutem. Não se discutem? Discutem. O homem não gosta dos irlandeses? Está no seu direito e não é o único. Agora, se vai escrever sobre um tema é conveniente saber do que está a falar e estar devidamente informado. Ah, mas o senhor é engenheiro, não é jornalista. Pois. Pode servir para atenuante. Só não serve para atenuar a ignorância. A primeira ao considerar, vou citar: “…a História foi cruel com Elvis. Hoje, infelizmente, não lhe damos o devido crédito“. Quem? Só se for o engenheiro. Na vida real e no mundo da música o crédito de Elvis é só o de génio e a história só o confirma – aliás, recentemente, entre filmes, documentários e versões de terceiros quase se pode dizer que, afinal, Elvis está vivo.

Não satisfeito, confunde “residência” em Vegas com 12 concertos únicos (que espero possam ser mais já que o certo é os 12 esgotarem em menos de uma hora, a exemplo de todas as digressões da banda). Não é nem uma “tour” (infelizmente) nem uma residência (interpretando o termo residência como é e sempre foi em Las Vegas). E, cereja no topo do bolo, meteu os pés pelas mãos na questão Larry Mullen Jr. Ora, foi exactamente por causa do estado de saúde de Larry que não foi realizada a Tour Achtung Baby 30 anos que estava prevista para 2022 e 2023. Nem o articulista informa que, para os concertos de Vegas, quem escolheu o baterista foi exactamente Larry Mullen Jr. A ignorância é tão atrevida que nem sabe (ou prefere omitir) da presença de Larry Mullen Jr, acompanhando Bono, nalguns dos eventos de apresentação do livro de Bono – não, não existe qualquer divisão na banda. A não ser que a NIT seja uma espécie de TV7 Dias em versão 2.0…

A escolha de Las Vegas para estes dois concertos não foi por acaso. E é público, nas inúmeras entrevistas que os quatro deram nos últimos meses e em especial (por motivos óbvios) Bono. Não existir a possibilidade, por motivos de saúde, de se realizar a esperada tour dos 30 anos de Achtung Baby, acrescido da vontade de dar algo aos fãs da banda que andam há anos a pedir mais concertos e, principalmente, a proposta colocada em cima da mesa pelos homens da MGM: inaugurar o mais futurista espaço de concerto do mundo com uma versão moderna daquela que é considerada a mais arrojada tour alguma vez feita, a Zoo TV Tour. Uma proposta que pretende oferecer aos U2 a possibilidade de fazer algo nunca antes feito. Já agora, no universo dos U2 as palavras “proposta” e “milionária” para catalogar este desafio da MGM é algo exagerado: os U2 vão receber 10 milhões de dólares pelo conjunto dos concertos e 90% da bilheteira ficando, a seu cargo, a produção. Se a coisa for dividida pelos 12 concertos previstos não é mais do que a receita de bilheteira de 3 concertos normais dos U2 numa tour nos EUA.

Não vou entrar pelas questões de gosto. Nem tão pouco pelas barbaridade ditas sobre os últimos trabalhos da banda. Quanto ao legado, o senhor engenheiro não se preocupe, o legado dos U2 está muito para além da sua música. Está em África no combate à SIDA/AIDS, está em Sarajevo (vá mas é ver o documentário “Kiss The Future”) e está no combate pelo perdão da dívida dos países do terceiro Mundo. Esse é um legado que nenhuma banda de rock até hoje igualou. Em termos de legado musical ele é tão vasto que nem vale a pena discutir. Uma coisa é certa, em Portugal a ignorância é mesmo atrevida… Hasta Las Vegas, Baby!

A brilhante intervenção de Sérgio Sousa Pinto sobre a invasão da Ucrânia

Apenas num ponto não concordo com Sérgio Sousa Pinto: infelizmente, os estados europeus são estados vassalos dos EUA. E, não raras vezes, cúmplices dos seus abusos. Em tudo o mais, foi uma enorme intervenção do deputado socialista.

Polígrafo entrevista André Ventura

Fotografia: Micaela Neto

O Polígrafo entrevistou André Ventura.

Quando soube disto, achei um absurdo um “fact-checker” estar a dar ainda mais palco à extrema-direita, sentimento reforçado quando me lembrei que, segundo o próprio Polígrafo, o líder do Chega foi o político que mais mentiras acumulou em 2022.

Depois deste impulso, fui ler a entrevista. E só tenho de dar os parabéns à Salomé Martins Leal pela condução da mesma, pois fez o jornalismo que já há muito era exigido que se fizesse ao wannabe Bolsonaro cá do burgo, o Bolsonaro da Wish, como uma vez lhe chamou o meu amigo João Mendes. Assertiva, fez perguntas directas e incómodas, encostou o pequeno proto-ditador à parede várias vezes, não o deixando fugir a algumas perguntas e deixando que este se emaranhasse na dualidade do seu próprio discurso. Um must.

Dir-me-ão: “sim, ó João, mas isto só dá mais palco à extrema-direita e pode ser um catalisador para os fazer crescer”; eu respondo-vos que não discordo da sentença, mas que entre deixá-los crescer sozinhos de qualquer forma (sim, a realidade é essa) ou fazer-lhes frente apresentando contraditório, eu preferirei sempre a segunda opção.

Quando alguém quiser voltar a entrevistar este moço de recados do capital reaccionário, recomendo que leia a entrevista e que aprenda alguma coisa com o trabalho que a jornalista Salomé Leal fez; terão muito a aprender. Fica um aperitivo: ao que parece, a IURD, esse antro de bons rapazes, financia o Chega.

Nota para a frase escolhida para ilustrar a primeira parte da entrevista, dita exactamente dessa maneira por André Ventura, que tropeçando nas próprias palavras admite, por mais do que uma vez, que sabe que mente em muitos assuntos.

Entrevista do Polígrafo a André Ventura: 

  • Parte 1: “Eu não minto para ganhar votos”

  • Parte 2:“Não gosto de coisas ilegais. Acha que devemos aceitar pessoas ilegais cá?”

Ucrânia: calculismo, hipocrisia e um povo que sofre sem solução à vista

Um ano depois, ainda há países europeus a importar produtos russos, contribuindo para o esforço de guerra das tropas invasoras. A indústria dos diamantes sediada em Antuérpia segue intocável. Algumas empresas ocidentais continuam em solo russo, sem que se exija, do lado de cá, qualquer tipo de boicote. E nos paraísos fiscais, a maioria controlada ou parte integrante do território de países como o UK, o business segue as usual. And the list goes on and on.

Um ano depois, não conseguimos bloquear a economia russa. O sofrimento do povo ucraniano, e de tantos outros povos, continua uns degraus abaixo dos interesses económicos da elite global. Na guerra como na paz, o capitalismo é quem mais ordena. Muito dano foi causado, é certo, mas pouco teria acontecido sem pressão popular. A democracia, com todos os seus defeitos, continua a ser o melhor sistema. Não admira que os ucranianos também o queiram. [Read more…]

Anunciar primeiro e pensar depois

O que vale é que em Lisboa não falta onde alojar estudantes deslocados e a preços baratos.

SLAVA UKRAINI

Tu chamas-te Andriy. Tu chamas-te Iryna. Mas podias chamar-te Manuel. Podias chamar-te Maria. Porque sonhaste ser como nós. Sonhaste ser um de nós. E por isso sofres o indizível. E por isso morres todos os dias. E por isso outro se levanta no teu lugar para sofrer o que tu sofreste. Numa coragem que há muito esquecemos. Numa obstinação que há muito perdemos. Enfrentas o Mal olhos nos olhos e o Mal desvia o olhar para esconder o medo. Enfrentas o gigante e cresces. Cresces, cresces até ao céu e o gigante deixa de ser gigante.

Eu chamo-me Manuel. Eu chamo-me Maria. Mas quería chamar-me Andriy. Mas queria chamar-me Iryna. Porque sonho ser como vós. Sonho ser um de vós.

GLÓRIA À UCRÂNIA. SLAVA UKRAINI.

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Um ano de Guerra….

…se tivesse de dedicar uma música a todos os Ucranianos e a tudo o que se vive nestes tempos estranhos, seria esta que aqui coloco no Aventar. Mais actual que nunca.

 

Hasta Las Vegas, Baby!

Os outros

Antes de ser Aventador já lia este blog. Mas também lia outros. Entretanto deixei de acompanhar  a maior parte deles, uns porque acabaram, outros porque deixei de ter interesse, e outros nem sei bem porquê. O tempo também não é elástico, e entre a família, os amigos, a profissão, o facebook, o twitter, os jornais (alguns), o instagram,  muita coisa fica para trás.

No entanto continuo a ler regularmente três blogs, além deste. São eles o Corta-fitas, o portadaloja e o portugadospequeninos.

Não leio todos os textos do Corta-fitas, mas os do Henrique Pereira dos Santos (que não conheço) são hoje para mim de leitura obrigatória. Incisivo, assertivo e fora do mainstream quotidiano que nos é injectado todos os dias, especialmente pelos OCS e pelo Governo.

Já com o portadaloja (cujo autor, José, também não conheço) tenho aprendido muito sobre música (cujos gostos partilho), e também sobre aparelhagens, vinil, CDs, literatura musical, etc. O autor tem uma cultura musical muito acima da média.

Quanto ao portugaldospequeninos de João Gonçalves (não conheço também) a acutilância e acidez dos seus textos são outro caso à parte na blogosfera (tem uma coluna semanal no JN), e vou-o lendo com gosto.

Escrevo este texto  sobre a “concorrência” num blog (este) com toda a liberdade e  respeito pela diferença.

 

 

 

 

Um ano de guerra e no fim ganha a China

Em dois dias, Putin revogou o decreto que reconhece a soberania da Moldávia e saiu do acordo para redução do armamento nuclear. Um ano depois do início da invasão, caminhamos em direcção ao abismo. Ainda assim, por algum motivo que me ultrapassa, há quem acredite que estamos – o Ocidente – a ganhar a guerra. Apesar do impasse no terreno, da inflação galopante, da polarização, das sanções selectivas que deixam de fora o comércio de diamantes e permitem que empresas como a Leroy Merlin apoiem o esforço de guerra russo, e da erosão da democracia, que o próprio Putin passou duas décadas a financiar, com relativo sucesso. Um ano depois, o mundo é um lugar mais perigoso. E no fim ganha a China.

A luta dos professores

Os professores são, provavelmente, aqueles que mais têm sido prejudicados, não só, em termos de carreira.

Outras profissões também têm sido desprezadas, sim. Mas, no caso dos professores estamos perante uma clara opção de subdesenvolvimento, de uma opção de desvalorizar o ensino, a cultura, o conhecimento, de modo a moldar um povo menos demandante, porque mais ignorante e sem matriz de exigência.

E isto, torna tudo mais grave.

Até por isso, os professores têm vindo a ser desprezados: valorizar o papel do professor na sociedade é valorizar o conhecimento e a cultura de modo a construir gerações mais esclarecidas e, assim, mais exigentes. E isto não interessa muito a quem quer manter os moldes de exercício do poder político que desde a monarquia até hoje não mudou muito em termos de mentalidade.

Exemplo disso, é o fraco investimento na ciência, nas artes e no conhecimento até pela nossa burguesia, mesmo nos píncaros das riquezas dos Descobrimentos, salvo muito raras excepções. Em razão inversa ao resto da Europa, com relevo para a Flandres, Itália, França e Espanha, por cá valiam os “investimentos” em ostentação, fossem farpelas, jóias, quintas, palácios, coches ou amantes (à hora ou por conta). [Read more…]

A histeria da direita sobre a habitação

Mas, mas… afinal não é a direita que condena, desdenha e tem asco ao que chama histeria? Não eram os betinhos que eram os das boas maneiras, da souplesse, do estilo, da nonchalance, da superioridade???

Afinal não. São aos montes os artigos e opiniões com reacções histéricas à proposta do governo “Mais Habitação”. Afinal também gritam, quando lhes dói, o que, como é óbvio, só mesmo muito raramente acontece. Foi desta e logo se ouve a chinfrineira: ai o PREC! ai o socialismo! ai os direitos individuais!

É como diz Leonor Caldeira, basta um toque e saltam das tocas os “activistas das casas vazias”. Só não sairão à rua, como fazem os activistas contra os fósseis, porque têm instrumentos de lobby bem mais poderosos e subtis. E ao contrário dos primeiros, é certo e sabido que vão alcançar os seus objectivos, de conluio com os media que têm no bolso.

O artigo de Carmo Afonso é absolutamente certeiro quanto ao que está em jogo:
Costumava caracterizar-se um homem bom como aquele que é capaz de dar a própria camisa. Para um liberal um homem bom é aquele que defende a sua própria camisa e mesmo que não esteja a usá-la.

Nem mais, trata-se de princípios, trata-se de valores (de ética e não da bolsa).

Porém esta cambada dominante de neoliberais a única coisa que respeita e idolatra é o homo economicus, darwinista, predador, egoísta e insaciável. Ao verem um faminto ainda defendem o seu próprio direito individual a não lhe darem de comer. O maior gozo obtêm em fazer finca pé de que venceram a competição.

Vão destruir o mundo, é mais que certo.

O que se passa?

Onde? No Diário da República e no Porto Canal. That is the question. Whether ‘tis nobler in the mind to suffer… OK.

Piada do dia

Maria de Lurdes Rodrigues escreveu uma crónica intitulada “Defender a escola pública”. Em breve, uma raposa irá publicar um livro intitulado “Defender o galinheiro”

Arrende-se coercivamente o património do Estado, já!

Sobre o problema da Habitação, e antes de me pronunciar sobre o powerpoint apresentado pelo governo (não confundir com medidas ou leis, essas ainda não existem e estão em discussão pública até meados de Março) e sobre o histerismo que isso gerou, a ponto de haver quem tenha chegado ao ponto hilariante de fazer comparações com o PREC, existe um ponto nesta discussão que me parece fundamental debater:

O património do Estado.

O Estado português tem centenas de imóveis devolutos ou em situação de abandono. [Read more…]

Montanha já temos. Parirá o rato?

O realce do dia de hoje em títulos de caixa alta, com a pompa e as circunstâncias do público-alvo (o encargo noticioso tornou-se um serviço à lista), é a sentença do Dr. Paulo Gonçalves, com a pena suspensa, pelo crime de corrupção.
Gostaríamos que a Associação Nacional de Futebol de Rua pudesse ser agraciada não com os 5 mil euros que o réu deve depositar semestralmente na conta da instituição para não ser preso, mas com uma fatia maior dos lucros que o senhor teve pelas suas façanhas e com o alegado pagamento de favores, com que a SAD do SLB terá saldado a dívida moral a S. Ex.ª.
Pelo menos um magistrado, com responsabilidade na aplicação e graduação da pena, considerou o Dr. Paulo Gonçalves culpado, bem como o corrompido funcionário judicial que apanhou mais do dobro do corruptor.

Já a seguir, reentram em jogo os advogados, que, quanto se sabe, partirão da premissa de que simpatia e cortesia, por mais desmedido, encantador e afável que seja o seu alcance financeiro, não são corrupção, e um dia destes, por entre argumentações rendilhadas dos causídicos e a benevolência deste país de brandos costumes que convive servil na opulenta devoção à fé do réu, leitor emérito de missas dominicais e cumpridor exemplar dos sacramentos, teremos a Associação Nacional de Futebol de Rua a deixar de receber a semestralidade, regressando assim o país à paz de uma justiça às vezes alardeada, mas raramente cumprida quando se trata de fidelíssimos servidores dos grandes negócios, protegidos que estão pela elite dos sibaritas escritórios de advogados, pagos a peso de oiro na defesa dos sacrossantos clientes, as suas mordomias e os seus proverbiais esquecimentos que aguentam os Mercedes, BMW e outros luxos dos paladins, etimologicamente, pela via latina, trabalhando como “oficiais do palácio imperial”, mas, por corruptela, mastins de guarda das elites.
Claro que nesta teia se enredam todos os haters de redes sociais e afins que, não vendo sangue, já murmuram que, quem de 50 crimes abate 49 e guarda aquele que em sede de recurso é o mais difícil de manter, está a seguir um padrão da magistratura portuguesa, o da intangibilidade dos Grandes.
Não sou tão céptico! Para mim, enquanto viver, acreditarei que os karmas se cumprem, tarde ou cedo, por mais vorazes que sejam os cérberos que guardam a porta do inferno.

Será preciso Mais Habitação?

O governo apresentou um projecto chamado “Mais Habitação” reconhecendo que estamos com um problema grave que afecta, sobretudo, a classe média e os jovens. O Estado central e as autarquias locais fizeram, no passado, fortes investimentos em habitação social – nos anos 90 e início deste século entre reabilitação e construção nova a aposta foi clara. Depois parou. Entre a confusão dos últimos anos do governo Sócrates, os anos da Troika com o governo da PAFe os sucessivos governos de António Costa tudo parou.

Agora, perante o problema que afecta importantes sectores da sociedade, António Costa avançou com uma reforma. Ou melhor dito, com um power point…Recordo, porque não quero ser injusto, que a “coisa” está em discussão pública até meio de Março – como bem recordou o Orlando Sousa cada um de nós pode ir ler o documento e apresentar propostas/ideias através do site ConsultaLEX. O que tenciono fazer. Nomeadamente propondo que se aposte no modelo cooperativo que tanto sucesso e bons exemplos nos deu nos anos 80 e 90 (das várias que conheço realço a “Mãos à Obra” em Rio Tinto, ou a CooperMaia na Maia).

Contudo, permitam-me que a exemplo de outros nas redes sociais, sublinhe que o Estado deve dar o primeiro passo e colocar no mercado de habitação (devidamente recuperadas) as inúmeras casas, apartamentos e prédios de que é proprietário directa e indirectamente. Se vários dos prédios e demais edifícios do Estado (central, regional, local, etc.) cujas fotografias e identificação pululam pelas redes forem destinados, por exemplo, ao arrendamento a estudantes universitários (e ERASMUS) assim como para funcionários do Estado deslocados (professores, médicos, juízes, entre muitos outros) estou certo que iria, por um lado, diminuir o problema que atinge a classe média e, por outro, servir para a baixa do preço médio das rendas praticadas nas principais cidades fruto do aumento da oferta em relação à procura.

Uma coisa é certa: cá estaremos para no final tirar as devidas ilações. Como sempre. Desde 2009!

 

O que se passa no Diário da República?

Some days you’re the windshield, some days you’re the bug.
J. R. Ewing

Sometimes you’re the windshieldSometimes you’re the bug
Mark Knopfler

Sometimes you’re the windshield, sometimes you’re the bug
Some days you’re the windshield, some days you’re the bug
Sometimes it all comes together baby, sometimes you’re a fool in love
Mark Knopfler & J. R. Ewing

***

Portanto, onde é que íamos…?

Ah! Já sei.

Continuação de uma óptima semana.

***

A extrema-direita europeia fala a língua de Putin. Ventura também.

Cito:

Eles mentem constantemente, pervertem factos históricos, levam a cabo ataques constantes à nossa cultura, à Igreja Ortodoxa Russa e a outras organizações religiosas no nosso país.

Vejam o que eles fizeram com os seus próprios povos: a destruição da família, da cultura e da identidade nacional, a perversão, o abuso das crianças e a pedofilia como norma. A norma do seu modo de vida.

Sacerdotes são forçados a abençoar casamentos entre pessoas do mesmo sexo. E eu quero dizer-lhes: leiam as sagradas escrituras, os livros de todas as outras religiões, está tudo ali. Incluindo que a família é a união de um homem com uma mulher. Mas os textos sagrados são agora questionados. [Read more…]

O que se passa no Porto Canal?

Esta história começou a 10 de Fevereiro de 2023. Na sua página no Facebook, o Porto Canal publica uma fotografia do comentador desportivo Rui Santos (CNN) acompanhado da sua companheira e da filha desta, assim como da informação de qual era o restaurante de que a mesma é proprietária.

O momento não era, de todo, inocente. O comentador desportivo Rui Santos tinha, no seu programa na CNN, tecido duras críticas a uma arbitragem de um jogo do FC Porto e, mais tarde, opinado de forma polémica sobre o treinador do clube, Sérgio Conceição. O somatório dessas duas intervenções provocara um enorme mal estar dentro do clube e a ira nas redes sociais de inúmeros adeptos do FC Porto, inclusive de alguns que pertencem ao blogue Aventar. O futebol, como se sabe, é gerador de paixões e de alguma irracionalidade provocando, inúmeras vezes, situações violentas. O Porto Canal, ao publicar qual era o restaurante da companheira de Rui Santos, ainda para mais sendo um conhecido local da cidade do Porto sabia ou, pelo menos, deveria saber as repercussões que poderiam advir de tal decisão “editorial”. E o óbvio aconteceu: ameaças de morte por telefone e nas redes sociais ao ponto de a companheira de Rui Santos e a sua família mais chegada estarem a receber protecção policial e, segundo apurou o Aventar, a Polícia Judiciária e o Ministério Público estarem a investigar toda esta situação. Não será preciso sublinhar o terror que tem sido para estes cidadãos e quem conhece o universo que rodeia o futebol, facilmente perceberá o porquê.

Passados alguns dias, no seu programa televisivo, Rui Santos denunciou a situação que estava a ser vivida pela sua companheira e respectiva família. Após a denúncia pública na CNN, entendeu o Conselho de Redacção do Porto Canal emitir um comunicado público sobre o assunto:

“Enquanto jornalistas, portadores de carteira profissional e cientes e zelosos de cumprir o Código Deontológico dos Jornalistas, repudiamos por completo o facto de conteúdos que não obedeçam às regras mais básicas do jornalismo serem publicados nos meios informativos que a estrutura azul e branca detém. Demarcamo-nos da publicação em causa e assumiremos publicamente essa posição”

A posição do Conselho de Redacção do Porto Canal, ao que o Aventar apurou, criou enorme polémica e desconforto dentro de parte da estrutura do FC Porto. Ao demarcarem-se da referida publicação deram a conhecer que a mesma não foi nem produzida nem publicada por jornalistas da casa. Segundo as nossas fontes, alegadamente, a publicação foi da responsabilidade da direcção de conteúdos do FC Porto (liderada por Diogo Faria) e pela direcção de conteúdos digitais do clube que gere, também, as redes sociais e o site do canal (direcção liderada por Pedro Bragança). Ora, ainda mais recentemente, boa parte dos órgãos de comunicação social portugueses e, também, o Aventar receberam um comunicado “anónimo” da autoria de jornalistas do Porto Canal. Após a leitura do mesmo e atendendo à gravidade do exposto, o Aventar procurou saber da veracidade dos factos relatados e iniciou um processo de investigação. Aqui chegados, cumpre sublinhar que o Aventar não é um órgão de comunicação social. Mesmo assim, tivemos todos os cuidados necessários e que em nosso entender eram devidos a uma situação desta gravidade: foi enviado um email ao Porto Canal e ao cuidado tanto de Diogo Faria como de Pedro Bragança, informando-os das respectivas denúncias e dando a oportunidade de responderem e se defenderem, informando-os que o Aventar iria publicar este artigo a 21 ou 22 de Fevereiro e que para tal poderiam responder para o nosso email até às 23h59 de segunda-feira 20 de Fevereiro. Ao mesmo tempo, o Aventar auscultou inúmeras fontes.

Então quais são as denúncias de alguns jornalistas do Porto Canal? Que na sequência do comunicado, membros do conselho de redacção foram punidos pelos seus superiores sendo-lhes proibido sair em reportagem. Foram punidos, alegadamente, pelos directores Diogo Faria e Pedro Bragança. Além disso, denunciaram que, alegadamente, os castigos são uma constante nas duas redacções e já levaram ao despedimento ou saídas coercivas de diversos jornalistas. Ao que o Aventar apurou e num comportamento similar ao que está a acontecer com a companheira de Rui Santos (e o próprio), estes jornalistas e as suas famílias, alegadamente, estão a ser ameaçados ao ponto de alguns terem tirado os filhos das respectivas escolas por medo. Um clima de terror.

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Arrendamento compulsivo

Como parece que o outro, o quartel, já marchou, temos sempre este. Também no centro do Porto. É coisa para umas boas dezenas de apartamentos….