Confirmação dos votos

No dia 3 de Dezembro de 2012, pelas 15h47 de uma segunda-feira, redigi no meu blogue pessoal, ao qual não acedia há anos, uma publicação intitulada: “Porto Canal e mística portista” (https://letrasecoisas.blogspot.com/2012/12/porto-canal-e-mistica-portista.html).
Não tenho recordação de alguma vez ter abjurado as minhas convicções clubistas naquilo que alguma vez escrevi (e foram muitas as vezes em que o fiz), mesmo quando não estava de acordo com as posições da Direcção (nem se falava em SAD por essa altura) ou de um departamento do clube cuja comunicação me estava entregue.
Tenho um percurso limpo, embora polémico e inflamado, saí das Antas, muitas vezes, de madrugada, e paguei muitas vezes o táxi para casa, vivi sempre na aura da paixão que ainda nutro, hoje, ao fim de tantas décadas, pelo meu clube. Sim, apaixonei-me pelo FC Porto numa tarde, quase criança, no Monte dos Arcebispos, a ver um Sporting de Braga-FC Porto, penso que amigável, e sonhei ser o Hernâni para marcar aquele golo…
Neste intervalo vasto de vida, parti muita pedra, vi nascer craques em todas as modalidades, mais no futebol, no basquetebol, no hóquei em patins e no hóquei em campo, as modalidades a que estive ligado, entrevistei campeões, treinadores e atletas, também padeci perdas irreparáveis, sofri e venci como poucos adeptos e tenho usado os 40 anos disto para me vingar do que passei quando o Porto jogava bem, quando perdia, e não merecia, quando ganhava…

Mas regressando à minha publicação com mais de 10 anos, embora não tenha vindo “aqui para escrever sobre mística e como ela se constrói”, apenas, mas para deixar a minha eterna motivação quando se fala de FC Porto: “Se um dia a televisão do meu clube enveredar por aí, confesso que não sei o que serei capaz de escrever perante tamanha desilusão”, atrevo-me a exigir “um canal para construir uma imagem (supra-)nacional dos valores de um clube que soube crescer, emancipar-se e que, finalmente, quer vender a sua marca num estádio superior ao dos adversários. A liderança tem de ser integrada…
Defender o que é nosso tem sempre um preço elevado. Demasiado caro para perder tempo com rastos menores de exacerbações que a nada conduzem, a não ser ao ridículo”.

Hoje, como em 2012, defendo os mesmos valores com exaltação e furor idênticos, pagando, se for necessário, o preço elevado de manter vertical a coluna, por mais dores que a idade lhe tenha acrescentado.
Se o clube não é o mesmo do tempo em que não se ganhava para fazer comunicação em nome do clube?! Não, não é, profissionalizou-se ao mais alto nível. Mas que essa elevação não nos faça confundir história e valores com as tais exacerbações. Porque os mesmos que sofremos e vencemos jogo a jogo, modalidade a modalidade, por sermos diferentes, somos os mesmos que continuamos a agitar a bandeira dos valores que nos nortearam até chegarmos, há 40 anos, à quebra do status quo. Soubemos fazê-lo em nome do clube, saibamos continuá-lo sendo melhores – EM TUDO – do que aqueles que tentam atropelar-nos, quiçá dentro de portas.
Tal como Miguel Sousa Tavares, sou suficientemente livre para ficar ou partir. Para apoiar quem me parece são. Para testemunhar o que deve ser esclarecido. Para defender quem defende os mesmos valores que eu. Ou para abjurar quem coloca o seu umbigo à frente do clube.
Entretanto, reafirmo: “sou suficientemente livre para ficar ou partir”.
Fico, porque quero. Porque esta é a minha casa. Também ajudei a construí-la!

Comments

  1. Douriense says:

    O sitencio como resposta a este honesto post, é completamente esclarecedor.
    Douriense não portista

Leave a Reply

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.