Não obstante a dissidência intelectual e política com a Primeira-Ministra de Itália, não desprezo nunca uma lição de história, venha ela de Adriano Moreira ou de Fernando Ruas, avatares que cito como mera explicação à distância que os separa, sobretudo politicamente.
Vem isto a propósito da tareia, um autêntico massacre ao esquecimento das vicissitudes da história, que a Senhora Giorgia Meloni desferiu sobre o presidente francês, Emmanuel Macron.
Pelos vistos, o nada arrogante, pouco ostentoso, quase inexistente tribuno e chauvinista graduado classificou os italianos como “irresponsáveis”, “cínicos” e “repugnantes”.
Perante as insistências dos meios de comunicação, a Senhora Meloni não se fez rogada, juntou uns milhares para ouvi-la, puxou a culatra atrás e disparou de rajada: “Os irresponsáveis, Emmanuel Macron, são aqueles que bombardearam a Líbia porque não queriam que a Itália obtivesse concessões energéticas importantes junto de Kadhafi, e nos deixaram perante o caos das migrações ilegais que ainda estamos a enfrentar”.
Tinham soado as primeiras palmas. Com esse respaldo, sempre conveniente, recarregou a voz e acrescentou: “Os cínicos, Emmanuel Macron, são os franceses que mobilizam a polícia para devolver qualquer imigrante que tente atravessar a fronteira ítalo-francesa de Ventimiglia”.
Cresceram os aplausos e os incentivos. Cada vez mais efusiva, atirou: “E acima de tudo, e porque as coisas devem ser ditas sem eufemismos, repugnante… repugnante é a França, que continua a explorar a África, imprimindo dinheiro para 14 países africanos, cobrando-lhes taxas de cunhagem, impondo trabalho infantil nas minas, e por extrair matérias-primas, como acontece no Níger, onde a França extrai 30% do urânio de que precisa para alimentar os reactores (das suas centrais) nucleares, enquanto 90% da população do Níger vive sem electricidade”.
Com a audiência em êxtase, Meloni, qual Nilda Iotti, mas de direita assumida, deu o tiro de misericórdia no Senhor Emmanuel do Eliseu: “Não nos venha dar lições de moral, os africanos estão a abandonar o continente deles por sua culpa, Macron. A solução não é transferir africanos para a Europa, mas libertar África de alguns europeus. Não aceitaremos as suas lições de moral, estamos entendidos?”.
Para frase assassina como conclusão de um libelo, é difícil encontrar melhor.
Podemos discordar da práxis política de ambos, mas o inquilino da sede da République esteve muito mal. De facto, o célebre ditado popular de “quem tem telhados de vidro…” foi profusamente ilustrado na contundente e tórrida catilinária da Senhora Meloni (https://www.facebook.com/reel/531659555619186?s=chYV2B&fs=e).
Os corolários serão sempre demolidores para quem bate de frente com uma mulher italiana… Macron, de certeza, não viu os filmes do neo-realismo italiano!
Não tenho grande apreço pela Sra. Meloni, mas está coberta de razão no que disse, e só se perderam as que caíram no chão. Porque ele é, comprovadamente, o mais cínico dos líderes europeus. É ver como criticou a “prima” da senhora Meloni, a Sra. Le Pen, pelas propostas de alteração às leis da imigração e depois aprovou leis ainda mais limitativas da entrada de migrantes do que as propostas pelos “populistas”.
““populistas””
Que nome tão carinhoso para assumidos neo nazis
Para frase assassina como conclusão de um libelo, é difícil encontrar pior do que ir novamente à eugenia (via grande substituição… de um povo que, tal como o nosso, sempre foi mestiço) e à violência do bem.
Mas isto dos proto-fasços deturparem a essência não é nada de novo.
Pelos vistos, o nada arrogante, pouco ostentoso, quase inexistente tribuno e chauvinista graduado classificou os italianos como “irresponsáveis”, “cínicos” e “repugnantes”.
Onde e quando fez Macron isso? Tem algum linque onde se possa ver?
O post perfeito para explicar porque é muitos dos eleitores do Chega eram anteriores eleitores do PCP e restante extrema-esquerda.
Explica, desde que se acredite em vibes pré-concebidas e não se olhe para os dados. O centrismo é muito bonito na sua simplicidade.
“O post perfeito para explicar porque é muitos dos eleitores do Chega eram anteriores eleitores do PCP e restante extrema-esquerda.”
Pouco convincente. O que significa a palavra “muitos”
Mesmo esses “muitos” devem andar distraídos, quando o ex seminarista da extrema direita Portuguesa convida reconhecidos neo fascistas , conforme a seguinte noticia da SIC Noticias
“O líder do Chega anunciou esta sexta-feira que o ex-Presidente brasileiro Jair Bolsonaro e o vice-primeiro-ministro italiano, Matteo Salvini, vão estar em Lisboa em maio para um encontro organizado pelo partido com figuras da extrema-direita de vários países.”
Ate o Correia da Bosta despediu o neo nazi Ventura, que la foi colunista.
Foi despedido por afirmações racistas e extremistas
E o que afirma o exprsso
https://expresso.pt/politica/2023-04-06-Criamos-esta-figura-de-Andre-Ventura-admite-ex-diretor-do-CM-e-da-CMTV.-Oica-aqui-o-5.-episodio-do-podcast-Entre-Deus-e-o-Diabo-5520794d