Notícias Viriato: uma estória de seis mil euros – parte II

António Abreu, fundador do Notícias Viriato. Imagem retirada do YouTube.

Há cerca de dois meses, o Aventar, pela minha mão, publicou um artigo onde questionava o que tinha acontecido ao “jornal” on-line Notícias Viriato (NV) e onde paravam os mais de seis mil euros angariados pelo seu fundador e único trabalhador, António Abreu, para a suposta realização de um documentário sobre as alegadas vítimas das vacinas administradas durante a pandemia de COVID-19.

Ora, na altura, expusemos aqui o enunciado: que tinham sido angariados mais de seis mil euros para a realização de um suposto documentário e que, pouco tempo depois disso, o Notícias Viriato e o seu fundador António Abreu teriam “desaparecido em combate”. Como tal, enviámos algumas perguntas directamente para o e-mail do Notícias Viriato e para o e-mail de António Abreu. Perguntas essas que, durante uns tempos, ficaram sem resposta. Mas o Aventar insistiu, voltou a enviar as perguntas e, há umas semanas, o Notícias Viriato (que é o mesmo que dizer António Abreu) respondeu-nos às pergunta solicitadas, respostas essas que aqui passamos a reproduzir. Primeiro, relembramos as perguntas enviadas:

1 – O NV surgiu com bastante adesão por parte de alguma direita radical e cavalgou a onda da pandemia. Por que razão não publicam nada desde Fevereiro de 2022? 

2 – O NV perdeu relevância depois de contido o vírus e ficou sem material? 

3 – Em Outubro de 2021, o NV organizou uma angariação de fundos. Segundo o que foi publicado nas suas redes sociais, conseguiu uma quantia no valor de €6.476, com o objectivo de produzir uma reportagem intitulada “Vítimas do Medo”. Quando sairá essa reportagem, uma vez que não foi publicada, nem no site do NV nem nas suas redes sociais? 

4 – Por que razão a última publicação acerca do tema “Vítimas do Medo” foi, precisamente, a informação sobre os €6.476 angariados? 

5 – Está o NV disponível para apontar uma data para o lançamento do documentário “Vítimas do Medo”, para o qual angariou €6.476? 

A tudo isto, o NV respondeu-nos que:

“Através de uma pessoa próxima, soube do seu artigo e do facto que me tentou contactar. Os seus emails foram para o spam, razão da qual não soube da sua tentativa de contacto. No último ano e devido a um problema de saúde tive que pausar os meus trabalhos no órgão de comunicação social Notícias Viriato, e espero retornar em breve, ainda sem data fixa para tal. Respondo de seguida às suas perguntas, que espero sejam reproduzidas na íntegra no seu artigo, de modo a fielmente informar os seus leitores:

1 – O NV surgiu com bastante adesão por parte de alguma direita radical e cavalgou a onda da pandemia. Por que razão não publicam nada desde Fevereiro de 2022? 

As respostas às perguntas de João L. Maio não foram prontamente respondidas pois os e-mails foram para o spam. Rejeito de forma absoluta as catalogações e adjectivações difamatórias que estão presentes no artigo, entre as quais a frase “…página que difundia, nas redes sociais, notícias falsas e teorias da conspiração. Inspirado nas milícias trumpianas dos Estado Unidos da América, a página, gerida pelo jovem António Abreu, desde cedo atraiu alguma cambada proto e neo-fascista, liberais e ultra-liberais”, que para além de simplesmente ofensiva é totalmente mentirosa.

O Notícias Viriato nunca se identificou na falsa dicotomia direita/esquerda e muito menos “cavalga” o que quer que seja. 

A publicação de notícias e reportagens teve que ser suspensa devido a um problema de saúde.

2 – O NV perdeu relevância depois de contido o vírus e ficou sem material? 

O NV estava no seu auge de seguidores e leitores no momento em que as publicações tiveram que ser suspensas. Material para trabalhar até temos “em excesso”, pois os média dominantes não pegam em variados assuntos de extrema relevância para o povo Português. 

3 – Em Outubro de 2021, o NV organizou uma angariação de fundos. Segundo o que foi publicado nas suas redes sociais, conseguiu uma quantia no valor de €6.476, com o objectivo de produzir uma reportagem intitulada “Vítimas do Medo”. Quando sairá essa reportagem, uma vez que não foi publicada, nem no site do NV nem nas suas redes sociais? 

Devido a um problema de saúde meu não foi possível ainda completar a reportagem sobre as vítimas de reacções adversas graves às vacinas covid-19. Ainda não existe data fixa para a publicação da reportagem pois ainda não foi possível concluir o trabalho, apesar de termos recebido várias dezenas de testemunhos e estarmos a trabalhar com as vítimas. 

Apesar da doença ser a razão principal para a suspensão das publicações, e do trabalho na reportagem, as “dificuldades”, que João L. Maio refere no artigo, e são mencionadas na publicação de Novembro de 2021, e que dificultaram muito a investigação, referem-se especificamente a ameaças à minha integridade física, ataques informáticos ao site noticiasviriato.pt e ao meu computador pessoal, destruição de toda a informação de um dos meus discos onde continha informações sobre vítimas das vacinas covid-19 (informação essa devidamente duplicada e em backup offline) e escutas e interferências indevidas no meu telemóvel pessoal e nas minhas comunicações pessoais e do Notícias Viriato, para além de pressões e intimidações que surgiram imediatamente após a publicação da notícia de Janeiro de 2022 – “Militares Não-Vacinados Discriminados e “Perseguidos” na Marinha” https://noticiasviriato.pt/militares-nao-vacinados-discriminados-e-perseguidos-na-marinha/. Detalhes sobre estes acontecimentos serão revelados na altura apropriada no Notícias Viriato.

4 – Por que razão a última publicação acerca do tema “Vítimas do Medo” foi, precisamente, a informação sobre os €6.476 angariados? 

Encaminho para a resposta anterior.

5 – Está o NV disponível para apontar uma data para o lançamento do documentário “Vítimas do Medo”, para o qual angariou €6.476? 

Encaminho para a resposta anterior”.

Na sequência das respostas do NV, enviámos mais algumas questões, entre as quais:

1 – Está disponível para se comprometer com os seus leitores que contribuíram para que o documentário seja realizado? Se não, devolverá os mais de €6.000 angariados? 

2 – Quando diz que a suspensão da realização do documentário se deveu a “ameaças à (…) integridade física, ataques informáticos (…), destruição de toda a informação de um dos meus discos (…), e escutas e interferências indevidas no meu telemóvel (…)”, está o António Abreu disponível para provar esses factos, para assim haver uma melhor compreensão do que afirma?

A isto, o fundador e único publicador do NV respondeu-nos que:

“1 – Sim, o documentário está a ser trabalhado e será publicado, como escrito nas respostas anteriores.

Disse especificamente que a suspensão do meu trabalho no NV, e em específico na reportagem, deveu-se principalmente ao meu problema de saúde, e não às várias coisas que listei, mas que dificultaram o trabalho. 

2 – Sobre provar o que disse, teria todo o gosto em provar o que é possível provar (é impossível provar um encontro no meio da rua sem testemunhas, ou a destruição da informação de um disco externo pois não existem provas palpáveis disso (como é óbvio)), mas o que tenho para provar nunca seria consigo (…)”.

Até hoje, dois meses depois do primeiro artigo  ter sido publicado e quase um mês e meio depois de termos obtido resposta da parte de António Abreu, não foi ainda actualizada qualquer conta onde o NV está presente, não foi dado nenhum esclarecimento aos seus leitores e a quem doou mais de seis mil euros para a realização do documentário, não existe data prevista para a realização do mesmo e, tampouco, há indicação de que serão devolvidos os montantes às pessoas envolvidas. Sobre as ameaças à integridade física do visado e as “infiltrações” no computador e redes sociais do mesmo, não conseguimos obter qualquer prova do que foi afirmado, não tendo sido possível obter qualquer resposta concreta da parte de António Abreu, parte interessada em provar tais factos. 

No que concerne ao papel do Aventar neste tema, continuaremos atentos e a tentar contactar as partes integrantes, avisando os leitores sobre a situação a seu tempo.