A chave desta greve está nas reuniões do 12.º ano

Já todos percebemos que o Ministério está pouco preocupado com a greve às avaliações porque sabe que mais cedo ou mais tarde nos cansamos. Nenhuma bolsa aguenta mais de 3 ou 4 semanas de greve.
Assim sendo, temos de ser mais inteligentes do que eles. Realmente, o adiamento das reuniões do 5.º ao 11.º ano não fazem grande mossa. Com maior ou menor atraso, as notas saem e o trabalho acumulado é despachado a seguir. Sobretudo nos anos não-terminais, as matrículas para o próximo ano até já estão feitas…
A chave da greve passa precisamente pelos Conselhos de Turma do 12.º ano. Porque aí jogam-se outras questões fundamentais, nomeadamente o acesso ao ensino superior. E enquanto não houver notas de 12.º ano, não há Universidade para ninguém. Já aconteceu isso em 1989, é verdade, mas aí os tempos eram outros. Neste momento, nenhum ministro aguentaria tal situação. Nuno Crato ruiria como um castelo de cartas.
E é neste contexto que os Fundos de Greve podem desempenhar um papel fundamental. Com o fim das greves do 5.º ao 11.º ano, todos esses professores ficam libertos do ponto de vista das tarefas profissionais e também do ponto de vista monetário. E com um pequeno esforço de cada um, podem contribuir para que a greve dos colegas do 12.º ano – ou melhor dizendo, de um único colega do 12.º ano em cada escola – se mantenha sem qualquer problema até ao fim de Julho e mesmo depois disso.
Em termos históricos, foi assim que se conseguiram muitas das grandes conquistas dos trabalhadores ao longo dos últimos séculos. Vamos a isso!

Podem estar certos de que estão errados

Por SANTANA CASTILHO*

O ministro da Educação referiu a revisão da estrutura curricular que concebeu como um primeiro passo de alterações mais profundas, que ainda irão ser estudadas. Quando fixou horas de leccionação antes de estabelecer metas e programas, errou. Agiu como um curioso. Mas a este erro técnico, grave, acrescenta-se um erro político de base, bem maior: Passos Coelho teve um discurso e um programa para a Educação até pouco tempo antes das eleições.
Era um todo coerente, servido por uma política que acomodava as imposições financeiras da troika, a breve prazo, sem sacrificar uma via de desenvolvimento estratégico, a médio e longo. Estava alicerçado em estudos sólidos e fundamentados, financeiros e pedagógicos, e tinha uma visão política de profunda mudança estrutural.
Mentindo aos professores e mentindo ao país, Passos Coelho abandonou esse programa e assumiu a Educação como mero adereço do xadrez contabilístico em que se move. A montante das intervenções casuísticas que têm sido feitas, os verdadeiros problemas jazem na paz dos anestesiados.
Vejamos um exemplo. Sabemos que, até agora, cerca de metade dos alunos que terminam o 9º ano se “perdem” pelo caminho e não concluem o 12º. Mas este ano vão chegar ao ensino secundário os primeiros a quem se aplica a escolaridade obrigatória de 12 anos. Significa isso que duplicará o número daqueles que se vão “arrastar”, algures, entre o 10º, 11º e 12º anos.
Será um desastre nacional manter coercivamente no sistema quem não quer estudar mais. [Read more…]