A ex-Baixa de Lisboa


Já foi “a Baixa”. Local de passeio, de compras para uns e de olhares sonhadores para outros, que debruçados sobre montras de tecidos, bolos, jóias ou bibelots, esperavam por melhores dias. Foi o motivo de orgulho português, de uma modernidade setecentista que adequou Lisboa à sua condição de capital imperial. Muitos aqui pacificamente flanaram, enquanto outros, do alto dos seus cavalos, por ela passearam como conquistadores e dela logo saíram à pressa, como derrotados e efémeros invasores. O próprio arquitecto Speer, à cata de ideias para as faraónicas construções destinadas a um muito provisório Reich, por ela vagueou, confessando a sua admiração pela pureza das linhas, pela luz, grandeza da perspectiva e seca modéstia nos ornatos. Aqui deparou com essa sublime pobreza do supérfluo, confirmando a grandeza. A Baixa, foi o centro da atenção daquele Poder que tinha a perfeita consciência do cenário oferecido aos lisboetas e que impressionava quem numa galeota dourada – Eduardo VII, o poderoso kaiser Guilherme ou o president Loubet – desembarcava em visita oficial.
[Read more…]