Quanto se aborda numa perspectiva histórica, não importa se mais ou menos recente, qualquer facto com relevância, existe uma perenidade assertiva na alternância entre o “eu” ou o “nós” e o “eles”. Veja-se a dicotomia entre a vitória e a derrota. A vitória dá gosto partilhar, mas a derrota não. A tradicional diferença entre o “nós ganhamos” e o “eles perderam”, como é o caso, por exemplo, dos adeptos de um clube de futebol. Ou o clássico estado civil da culpa, pois que ninguém a quer por companheira. Da mesma forma que olhando para o passado glorioso do nosso país, não faltam razões para se afirmar que fomos grandes, fomos valentes, intrépidos, etc. Já quando o passado é inglório, o “eles” vem ao de cima. E isto vale para o passado distante, como para o passado recente. Assim, critica-se o ponto a que o país chegou – e repare-se que a própria ideia de “país” é, intrinsecamente, de um todo: território, povo, cultura, organização política, etc. -, sendo que, ao mesmo tempo, se apontam dedos acusadores de modo a não se ficar sequer tangido por esse todo do qual fazemos parte. Também, esta, é uma tradição recorrente. Principalmente quando as coisas correm mal. O facto é que um povo quando elege democraticamente por maioria os seus governantes, faz uma escolha. Podemos, individualmente, não concordar. Mas é inelutável que resulta de uma escolha popular, de uma expressão do povo. Porque é essa a essência da democracia: o poder do povo materializado nas escolhas que faz por maioria. Por isso, se um país chega ao ponto a que chegou o nosso, num regime democrático, não há como negar que a culpa é das escolhas que o povo fez. Se, individualmente, concordamos ou não com as escolhas da maioria, é questão diversa. “Nós”, enquanto povo, temos responsabilidades. Embora se possa sempre abdicar do preço da democracia – ter de aceitar as escolhas da maioria – e escolher alguém que decida por “nós”. Também já tivemos disso e não vai há muito tempo. É mais cómodo, dá menos trabalho, e podemos exercitar a toda a força o “eu” que existe em todos “nós”, e invocar o “nós” de que cada “eu” faz parte.
We
Agrada-me a ideia.
Portugal vive um momento histórico singular e por isso as respostas de todos têm que ser originais. Não dá mais para continuar a fazer o que sempre se fez.
Confesso que me irrita ver o Borges na TV.
Confesso que já me mete nojo a ausência do Relvas da TV.
Confesso que estou farto de ver o país a caminhar para o fundo e perceber que há gente a empurrar para a frente.
Este é o momento de pegar no M da imagem, que roubei no face e que acompanha este post: recortar, rodar 180º e avançar em frente!
Esta é a hora de transformar o eu em nós para que eles tenham medo!
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