Ele aqui está, Manuéis Acácios

Enquanto as maiores cidades europeias dão passos rumo ao progresso, alterando as formas de locomoção das suas populações, a pouco e pouco, num processo que vem de trás, Portugal continua a correr atrás do prejuízo, como sempre.

E, mais grave do que Portugal num todo, é Lisboa, particularmente. Uma cidade que, em comparação com as maiores cidades europeias, é pequena, decide, pela mão do seu presidente da Câmara, Carlos Moedas, e pelo executivo que a compõe (PSD/CDS e mais uma catrefada de movimentos políticos), atrasar ainda mais Lisboa em relação às outras capitais europeias. Portugal sempre foi atrasado… mas deve ser dos únicos países da UE neste momento, onde andar a pé ou de bicicleta é “desporto”.

O que se está a passar, quer com a polémica da Av. da Liberdade, quer com a polémica ciclovia da Almirante Reis, atesta a incompetência do executivo e a prepotência e arrogância, com laivos autoritários, do senhor presidente da Câmara (tão lesto, antes, a mostrar a face do conciliador). A título de exemplo, ontem, depois de já se ter comprometido com forças da oposição de que iria ser aberta uma consulta pública para a ciclovia da Almirante Reis, Carlos Moedas desfez o acordo e desdisse a promessa: mandou iniciar as obras que desfizeram a ciclovia… que passa a não existir. Mais carros. Portanto, inevitavelmente, mais poluição; estamos sempre na vanguarda. Lisboa, que tem o potencial para ser uma cidade feita para as pessoas, até pelas características do país, continuará (o que só se acentuará com este executivo) a ser, apenas e só, uma cidade para os negócios e para os carros. Pessoas? Nos escritórios. Unicórnios, de preferência. Com dinheiro. Pessoas? Só fora da cidade. O neo-liberalismo que tinha sido (mais por obrigação eleitoral do que por vontade própria) posto na gaveta nos últimos anos em Lisboa, voltou em força com Moedas.

Um bando de tartufos governa a CML como bem entende, fazendo acordos e prometendo consensos para, depois, agir sozinho, a bel-prazer. Mas não vamos, agora, fingir que isto não era expectável. Votar no mal-menor para afastar um patego, pode ser perigoso, por muito que o patego o merecesse (mas, afinal, o patego foi promovido). Votar a medo dá sempre mau resultado, quando o voto deve ser convicto e não medroso. E é nisto que dá.

Menos de um ano de governação autárquica… e Moedas, perdoem-me o francês, vai fodendo isto tudo. Não que seja surpresa, sabíamos ao que vinha, apesar das máscaras que usou entre campanhas… e sabemos sempre ao que vem a direita: ao retrocesso.

Expectável, amigos. Aguentem.

Já agora, a EMEL anda a passar muitas menos multas, não é?

Fotografia: Tiago Sousa Dias