Ontem, Miguel Relvas lançou um livro que terá alegadamente escrito. O facto de ter o seu nome na capa fará com que, no mínimo, tenha equivalência a autor. De qualquer modo, para bem do sucesso da obra, espero que a capacidade argumentativa de Relvas tenha melhorado ou sido melhorada.
A peça do Público é absolutamente exemplar, ao permitir que a realidade se mostre a si mesma. Basta ver a quantidade de vezes que palavras como “amigo” ou “amizade” foram utilizadas pelos entrevistados para justificar o título do texto: “O outro lado da governação são os amigos”.
Numa assistência constituída sobretudo por políticos, todos negaram ou, no mínimo, omitiram essa qualidade, substituindo-a pela de “amigo”. Paula Teixeira da Cruz classificou mesmo a sua presença como “um acto pessoal, muito pessoal”, talvez por oposição a actos menos pessoais ou pouco pessoais e num contraponto às justificações dos assassinos mafiosos que pedem desculpa ao iminente assassinado dizendo-lhe: “Não é pessoal, é negócio.”
Face às afirmações de alguns dos presentes, ou seja, dos amigos, fico, no entanto, com a impressão de que há, por vezes, a confissão de que a sua presença implicou, aparentemente, alguns sacrifícios. [Read more…]
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