Que se lixem as crianças!

Leiam esta notícia, com atenção: no concelho de Paredes, há um menino que vai entrar para o Primeiro Ciclo do Ensino Básico e que, graças ao encerramento da escola para onde iria, terá de se levantar duas horas antes do início das aulas, devido ao horário dos transportes; no concelho da Figueira, uma mãe não tem 50 euros para pagar o passe, agora que a filha será obrigada a ir para uma escola mais distante; alguns presidentes das câmaras estão muito preocupados com o aumento da despesa com transportes.

Nuno Crato, a propósito do encerramento das escolas, mente o mais que pode, afirmando que tudo nasce de um consenso sereno. Os presidentes das câmaras preocupam-se com o dinheirinho ou com as fidelidades partidárias. Confirma-se, portanto, que, entre ministros e autarcas, há uma disputa renhida para ver quem consegue prejudicar mais as crianças do país. Terrível campeonato! Tristes espectadores!

A babel de Paredes

Primeiro o espanto. Um mastro para uma bandeira custa um (1) milhão de euros? Depois leio melhor. Custa, pois. Mas nessa verba já está previsto um arranjo urbanístico numa área de três mil metros quadrados. Assim, tudo muda de figura.

Afinal, não se trata de um simples mastro para uma bandeira. É um monumento, garante o presidente da Câmara de Paredes, autor da ideia, que pretende assinalar os 100 anos da implantação da República.

Garantidamente este será um dos maiores mastros para bandeiras de todo o mundo. É quase tão alto quanto o monumento do Cristo-Rei, em Lisboa, tem mais 25 metros do que a Torre dos Clérigos, no Porto, e até é maior que o Big Ben, a famosa torre – relógio de Londres, que só mede 96 metros.

Para um mastro deste tamanho, está visto que a bandeira terá se ser à altura. Terá 25 por 16 metros. Imagino que o preço da bandeira já esteja no valor total a pagar.

E até parece que já vejo as romarias que se farão para ver este monumento. Ou talvez não, afinal deve ser visível de bem longe.