O que acontece a quem comete uma ilegalidade?

O Tribunal da Relação considerou ilegal a definição de serviços mínimos para as greves dos professores de 2 e 3 de Março.

Já se sabe que impor os serviços mínimos a uma greve às aulas é indecente, para usar um eufemismo já pouco simpático. De qualquer modo, isso só poderia ser um problema para quem sentisse vergonha.

A partir do momento em que essa imposição foi considerada ilegal, a pergunta é: o que acontece a quem comete uma ilegalidade?

Anti-bolha

Combater o consumo de tabaco? Eu, como fumador que padece do mal que é o vício, até concordo. Sei que é para o meu bem, apesar de tudo. Mas eu não preciso de entidades “superiores” pouco recomendáveis, como o é este Estado sem estado, que me digam o que é bom ou mau para mim; para isso, basta-me o bom-senso e, a partir daí, faço as minhas escolhas conscientemente, sabendo que A me faz mal e B me faz bem, escolhendo, ou não, o consumo de A ou B.

No entanto, convinha serem coerentes. Isto de haver lojas de gomas, retalhistas do ‘fast-food’ ou casas de apostas perto de escolas, faculdades e outros que tais, também tem muito que se lhe diga. Se calhar, proibia-se também o consumo de álcool junto a faculdades (ó, caraças!) e o consumo de cocaína junto das administrações das grandes empresas (lá se ia a meritocracia!).

Aliás, esta “moda” de super-proteger os cidadãos, usando as proibições como arma, cheira um bocado a mofo de outros tempos, onde usando a premissa de que “isto é mau para ti” (fosse qual fosse o consumo), o Estado proibia isto e aquilo como bem lhe aprazia. Vai-se a ver e qualquer dia só vamos poder usar fósforos produzidos em Portugal.

Não somos todos o Gino. Não queremos viver em bolhas.

Luta dos professores – ligações com vídeos

A propósito da luta dos professores, aqui ficam três ligações com vídeos de intervenções do Paulo Prudêncio, do Paulo Guinote e do Ricardo Silva. Em comum, têm a clareza e a informação. Quem vir e ouvir, não poderá ignorar. É de lamentar, no caso do vídeo do Ricardo, a intervenção de um jurista que não apresentou argumentos jurídicos, e que, para cúmulo, acredita ou parece acreditar que é indiferente ser-se professor universitário ou do básico e do secundário.

Sem querer desvalorizar, de maneira nenhuma, outras vozes, é de louvar que as televisões dêem também visibilidade a professores a tempo inteiro. A surpreendente tenacidade da classe docente terá levado a que as televisões sentissem que não era possível ignorar estes contributos, em vez da redundância vazia de outros actores.

O governo, entretanto, continua na senda de fingir que está a negociar, prosseguindo, ao mesmo tempo, um caminho de destruição do sistema educativo. Tudo começou em 2005, no triste consulado de Maria de Lurdes Rodrigues. A perda da maioria absoluta do PS, em 2009, foi fraca consolação, uma vez que o rolo compressor não parou com Passos Coelho e António Costa, sendo indiferente o nome dos ministros da Educação, simples tarefeiros que se limitam a demolir, cumprindo ordens.

Piada do dia

Maria de Lurdes Rodrigues escreveu uma crónica intitulada “Defender a escola pública”. Em breve, uma raposa irá publicar um livro intitulado “Defender o galinheiro”

Conversas Vadias – Segunda temporada, episódio 2

Neste segundo episódio da segunda temporada, vadiaram José Mário Teixeira, Fernando Moreira de Sá, Francisco Miguel Valada e António Fernando Nabais. As conversas vadiaram pela Super Bowl, pelo Sporting-Porto, pela crise da habitação, pela luta dos professores, pelas claques de futebol e por sugestões das boas: [Read more…]

Conversas Vadias
Conversas Vadias
Conversas Vadias - Segunda temporada, episódio 2
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Os professores e a simpatia da opinião pública

Só devemos falar daquilo que nos preocupa. Marcelo Rebelo de Sousa não está preocupado com os professores.

Há poucos dias, deixou escapar um pequeno pontapé na semântica, mas percebe-se o que quis dizer. O Presidente afirmou que a “simpatia da opinião pública pode virar-se contra os professores”.

Curiosamente, Marcelo é especialista em ser simpático contra outros, parecendo que está a ser simpático com outros. Sobre os problemas dos professores não tem uma palavra que não seja muito redondinha ou muito previsível.

O que Marcelo quis dizer, na verdade, é que os professores poderão perder a simpatia da opinião pública.

Tem toda a razão e até acredito que os professores estejam preocupados com isso. Por outro lado, quando alguém está convencido da justeza da sua luta, é natural que deixe de se preocupar com a simpatia dos outros.

Blanche Dubois sempre dependeu da bondade de estranhos, mas não acabou bem. As sufragistas, por outro lado, não se deixaram abalar pela antipatia da opinião pública.

Há muitos sítios onde enfiar simpatias desnecessárias.

Vídeo exclusivo! PS, PSD, IL e Chega defendem os professores e a Escola Pública!

cabotino

ca.bo.ti.nokɐbuˈtinu

nome masculino

1.
actor ou comediante itinerante
2.
depreciativo actor ou comediante sem qualidade

adjectivo, nome masculino

figurado, depreciativo que ou indivíduo que procura atrair atenções alardeando as qualidades que, suposta ou realmente, possuivaidoso, presunçoso
Do francês cabotin, «idem»

Lambe-botismo em cama de humor

Ariana Cosme e Rui Trindade escrevem, hoje, dia da manifestação dos professores em Lisboa: «Está na hora de se reconhecer que este Governo e este ministro são, afinal, os melhores interlocutores que os professores e os seus sindicatos poderiam ter.»

Direito à greve, sim, mas, repetem eles

Manuel Carvalho, director do Público, é mais um dos adeptos do direito à greve, mas. No seu editorial de hoje, pretende dar lições de ética aos professores, antecipando o desagrado da opinião pública. Haveria muito para comentar, mas o naco que se segue já é suficiente:

Uma greve de um dia, dois dias ou uma semana, seria inatacável do ponto de vista dos princípios. Exporia ao país sentido de urgência e empenho num combate. Levaria os cidadãos a interessar-se pelas suas causas. A substância do protesto seriam essas causas, não os expedientes de uma paralisação às pinguinhas.

Manuel Carvalho defende, portanto, greves cujo efeito é folclórico e nulo.

Na realidade, as greves de um dia diluem-se em argumentações estéreis acerca dos números de adesão, nunca levaram os cidadãos a interessarem-se pelas causas dos professores e nunca, mas nunca, levaram o Ministério da Educação a mudar, a não ser em meia dúzia de tretas sem importância. Desde 2005, os professores (e sobretudo a Educação) têm acumulado derrotas, mantendo-se, entre muitas outras monstruosidades, um sistema de (pseudo-)avaliação que só serve para impedir que a maioria dos professores progrida na carreira, a subtracção de tempo de serviço, o abuso que consiste em não efectivar professores que andam a ser contratados há 20 anos ou contas manhosas que mantêm as escolas com défice de funcionários.

Manuel Carvalho não se preocupa com nada disso, é um cidadão que não se preocupa com Educação nem com a luta justa dos professores. Para Manuel Carvalho, como para muitos outros, lutar, sim, mas baixinho, que queremos dormir.

Direito à greve, sim, mas, dizem eles

Governos, instituições e pessoas reconhecem o direito à greve, mas, quando há uma greve, os governos, as instituições e algumas pessoas tendem a criticar a prática da greve ou porque estão a decorrer negociações ou porque irão decorrer negociações ou porque as afirmações ainda são meras propostas ou porque a greve – esta é a minha favorita – está a incomodar as pessoas.

Fica-se com a impressão de que a greve deveria ser apenas um adorno legislativo que servisse para provar a existência de democracia, deixando-se ficar quietinha e bonitinha na letra da lei, sem se sujar na rua.

Está a decorrer uma greve de professores, para fingido espanto e aparente revolta de um ministro alegadamente ofendido com as mentiras que os grevistas dizem, estratégia habitual deste e de muitos ministros que o antecederam

O discurso que reconhece o direito à greve, mas já está em vigor, como se pode notar num texto da Federação das Associações de Pais do Concelho de Gaia. Realço esta pérola: «Entendemos que os professores têm direito à greve como um direito inabalável consagrado na Constituição Portuguesa. O que nos parece mais difícil de aceitar é o modelo de greve que tem como objectivo causar grandes alterações à vida dos alunos e pais com um custo muito baixo para quem a faz.» Como diria Vasco Santana, “Desculpa que te diga, mas és um ilusionista!”

Selecção nacional: professores e jogadores

Os professores e os jogadores da selecção nacional de futebol têm algumas coisas em comum, começando, de uma maneira geral, pela nacionalidade e por outros pormenores como membros inferiores e superiores acompanhados por órgãos e vísceras.

Professores e jogadores estão ao serviço do país, esperando-se que todos sejam sérios e exigentes quando desempenham os respectivos papéis. Há uma diferença: os professores não ganham internacionalizações de cada vez que dão uma aula.

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Associação de Professores de Português reconhece que o AO90 falhou

Nota inaugural: no final do texto, há hiperligações gratuitas.

Uma vez que há alunos brasileiros que têm sido penalizados na classificação de exames de Português por escreverem de acordo com a variante que aprenderam, a Associação de Professores de Português (APP) defende a criação de um grupo de trabalho para discutir aceitação de variedades de português em exames.

Não vejo mal nenhum em reflectir sobre o assunto, porque devemos defender o elo mais fraco, que, neste caso, é o aluno imigrante. Haverá várias questões a ponderar, mas a preocupação é legítima, embora não me pareça que o problema seja assim tão fácil de resolver. O que me traz hoje aqui, no entanto, é outra coisa.

Convém lembrar que a APP esteve sempre do lado da defesa do chamado acordo ortográfico (AO90), essa oitava maravilha do mundo que, segundo os seus diversos apóstolos, iria contribuir para a tão desejada «unificação ortográfica» que resolveria problemas que nunca existiram. Resolver problemas que não existem é, aliás, uma característica talvez tipicamente portuguesa. [Read more…]

Rankings das escolas: 21 públicas nos primeiros 25 lugares

O post original já tem alguns anos, mas por continuar muito actual, justifica-se a repetição.
A nossa Comunicação Social acéfala teima em repetir ano após ano um conjunto de dados que nada diz sobre o ensino em Portugal – como comparar uma escola pública gratuita e universal com outra que selecciona os seus alunos?
Assim, como quem de direito não faz o seu trabalho, o Aventar decidiu elaborar o seu próprio «ranking» das escolas secundárias.
Partindo das Classificações de Exame em cada escola, decidimos acrescentar uma variável sócio-económica e uma outra relacionada com o número de alunos que cada escola levou a exame. Estas variáveis destinam-se a corrigir as assimetrias regionais e económicas que se verificam no nosso país e a dimensão de cada estabelecimento de ensino.
Essas duas variáveis traduzem-se da seguinte forma no nosso «ranking»:

– bonificação de 20 pontos (em 200) para as escolas públicas dos distritos do interior do país;
– bonificação de 10 pontos (em 200) para as escolas públicas dos distritos do litoral do país (excepto Lisboa e Porto)
– bonificação de 10 pontos (em 200) para as escolas privadas do interior do país;
– bonificação de 5 pontos (em 200) por cada 100 exames realizados para todas as escolas.

Tendo em conta estes valores, obviamente subjectivos (mas tão subjectivos como a lista que a comunicação social anualmente publica), o «ranking» do Aventar é o seguinte:

1 – Escola Secundária Alves Martins (PUB, Viseu) – 215,69
2 – Escola Secundária Jaime Moniz (PUB, Madeira) – 196,37 [Read more…]

Palavras para quê? É ministro da Educação!

Por razões de higiene também ortográfica, é raríssimo comprar o Expresso. Recentemente, João Costa deu a este jornal a sua primeira entrevista na qualidade de ministro da Educação.

Relembre-se, a propósito, que João Costa foi secretário de Estado do mesmo ministério durante os últimos seis anos.

A entrevista já foi devidamente escalpelizada pelo Paulo Guinote em quatro textos com a acutilância do costume: um, dois, três, quatro.

Limito-me a realçar o que, de qualquer modo, já foi realçado, roubando, ainda, uma imagem ao Paulo.

Em primeiro lugar, note-se que não há resposta à pergunta. Depois, a verdade é que João Costa trocou a função de professor pela de secretário de Estado e pela de ministro, o que não lhe retira nem acrescenta qualidades. Acrescente-se que João Costa é professor universitário, o que o coloca numa situação diferente da dos professores do Básico e do Secundário (e mesmo nestas duas áreas, há distinções importantes a fazer) e, portanto, afirmar que é “professor” é uma manobra de relações públicas altamente enganosa. Não se trata, aqui, de uma questão de superioridade ou de inferioridade.

A cereja em cima do bolo, no entanto, está nesta ideia insidiosa e repetida de que os professores não sabem lidar com a diversidade social e que isso se resolve com uma qualquer formação milagrosa. Os professores são um dos grupos profissionais que se encontram na primeira linha do contacto com a diversidade social, com tudo o que isso implica de frustrações, de imprevistos, de derrotas e de conquistas, muitas conquistas. [Read more…]

A lata de Maria de Lurdes Rodrigues

Fotografia encontrada no mural do Maurício Brito

Ontem, tive o duvidoso prazer de assistir a um dos reaparecimentos de Maria de Lurdes Rodrigues.

Não escondo o asco que gentinha como a ex-ministra da Educação me causa. Não se trata de uma questão pessoal – os políticos incompetentes e/ou desonestos que prejudicaram o país metem-me nojo, é algo visceral.

Maria de Lurdes Rodrigues faz parte desse rol. A mando do viscoso José Sócrates, foi a responsável por vários desmandos no âmbito da Educação, prejudicando toda a comunidade educativa nacional, sempre adorada por gentalha de vários quadrantes político, ralé fascinada por uma espécie de marialvismo que leva milhares de parolos a adorar cavacos, sócrates, passos e costas, um marialvismo que será ainda um resquício de um sebastianismo pobrezinho que gosta muito de figuras paternas com um ar severo, substitutos de salazarinhos, ai que saudades meu deus. [Read more…]

Está aberta a época de caça ao voto docente!

O governo de António Costa, durante os últimos seis anos, não reverteu as várias malfeitorias perpetradas por Maria de Lurdes Rodrigues e por Nuno Crato e conseguiu acrescentar algumas da sua responsabilidade, incluindo o roubo de tempo de serviço.

Como há eleições, cá está a prometer fazer o que não quis fazer e deveria ter feito enquanto foi primeiro-ministro.

Note-se que não é possível discordar do ainda chefe do governo quando afirma que é preciso acabar “de uma vez por todas com este absurdo que é [a carreira docente] ser a única carreira no conjunto do Estado em que durante décadas as pessoas têm de obrigatoriamente se apresentar a concursos e andar com a casa às costas e andar de escola em escola de quatro em quatro anos”.

O problema é que “este absurdo” é antigo, não apareceu a semana passada – no mínimo, António Costa teria de explicar por que razão não resolveu este problema, mas o que interessa agora é o soundbite da promessa, sequioso de votinhos. Do lado dos professores, se houver sensatez, só pode haver desconfiança e votos contra. Basta lembrarmo-nos das maiorias absolutas de sócrates e de passos para sabermos do que as casas gastam.

Costa ainda faz uma ligação vazia, fazendo depender a vinculação de mais professores aos quadros de uma alteração do modelo de concurso. Não se percebe (ou talvez se perceba, mas já lá vamos), uma vez que é perfeitamente possível vincular mais professores mantendo o modelo.

O modelo é centralista, é verdade, e cego, é certo, fazendo depender a colocação de uma nota. As injustiças que advêm deste modelo, no entanto, são também a garantia de que não há possibilidade de cunhas. Costa, tal como o resto do arco da governação, sonha entregar as escolas às câmaras municipais, incluindo no embrulho a escolha dos professores.

A municipalização da Educação, tal como a regionalização, é uma ideia maravilhosa no papel e terrível em Portugal. Diante do caciquismo endémico que transforma tantos presidentes da câmara em pequenos ditadores que distribuem favores e dinheiros, as escolas ficariam entregues a caprichos e cunhas.

Costa, amigo, não contes comigo!

…don’t tread on… them?…

Um jovem matou a tiro quatro colegas, numa escola no Michigan, nos EUA.

Os pais, que estavam a monte desde o acontecimento, foram detidos este Sábado. James e Jennifer Crumbley ofereceram, como presente de natal, a arma com que Ethan Crumbley atingiu mortalmente quatro pessoas na Oxford High School, em Oakland County, tendo deixado feridas outras sete.

Numa notícia de 2019, relatava-se que, nos EUA, o número de tiroteios em massa já é maior do que o número de dias de um ano. Os políticos teimam em não alterar a lei das armas e a maioria dos norte-americanos são, também, contra a proibição do porte de arma. Enquanto a negação avança, pessoas continuam a morrer às mãos da vivência ‘Faroeste’. E, no fim, choram todos em uníssono porque “é uma grande tragédia”. Tragédia é haver um país, que se diz desenvolvido, que acha que progresso é todos poderem aceder livremente a armas.

E no meio de tudo isto, há liberais, libertários e conservadores a defender Kyle Rittenhouse e o acesso facilitado ao porte de armas porque… liberdade ou não sei quê. E isso vem de pessoas que, claramente, não conhecem o conceito de liberdade. Fico, portanto, à espera de textos a pedir a liberdade destes dois pais, a defender a liberdade de estes comprarem e oferecerem armas aos filhos menores e a defender a liberdade do puto poder cravar chumbo em quem bem entender porque… don’t tread on them!? É assim que funciona, acho eu. Pelo menos em países de Terceiro Mundo.

Deus é mentiroso

Rodrigo Moita de Deus, na sua casa de fados, em Cascais, durante a interpretação de “Nasci para ser ignorante”.

 

Pode um mentiroso ser da família de Deus? Será uma questão teológica, mas, em Portugal, se nos referirmos a Rodrigo Moita de Deus é uma questão de (in)decência. Já não é a primeira vez que este parente do Senhor diz, na televisão pública, mentiras e alarvidades sobre os professores.

O comentador televisivo é, muitas vezes, um espécime da linhagem do tudólogo, que fala de tudo, mesmo, ou sobretudo, se não dominar o tema. Rodrigo Moita de Deus é, portanto, parente próximo de Nuno Crato ou de Carlos Guimarães Pinto.

Deixo uma ligação para o vídeo com a intervenção de Deus no Último a Sair e remato, mais abaixo, com um excerto de um texto copiado do facebook do S.T.O.P. (Sindicato de Todos os Professores), para aqueles que quiserem verdadeiramente informar-se.

Os que não quiserem informar-se, podem limitar-se a ver o vídeo com a palavra de Deus. Com gente desta na família, é natural que as pessoas se afastem da Igreja.

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Nuno falta de vergonha na cara Crato

 

Crato diz que há professores a mais e que “redução é inevitável”

Falta de professores é um “drama anunciado há muito tempo”, diz Nuno Crato

Há muito para repetir (porque já foi tudo dito) sobre o consulado de Nuno Crato. No que se refere às duas declarações patentes na imagem, impõe-se uma pergunta básica: qual é o número mínimo de anos que corresponde a “muito tempo”? Relembre-se que  foi, alegadamente, ministro da Educação entre 2011 e 2015.

Nuno Crato foi um digno sucessor de Maria de Lurdes Rodrigues, cumprindo com denodo a tarefa de demolir a Escola Pública, o que incluiu um ataque continuado aos professores.

Tal como Maria de Lurdes Rodrigues, também Nuno Crato, por ter a mesma quantidade de vergonha na cara, aparece regularmente a dar opiniões sobre Educação. Está no seu direito, porque, em democracia, os incompetentes e os desavergonhados também têm direito a exprimir opiniões.

A propósito das crianças portuguesas que falam “brasileiro”

A também nossa Paula Sofia Luz publicou recentemente uma reportagem que deu algum brado e fez sair muitos patrioteiros de tocas mal frequentadas: “Há crianças portuguesas que só falam ‘brasileiro'”. Desde portugueses enojados a brasileiros ressabiados, juntaram-se nos comentários do jornal e das redes sociais dezenas ou centenas de idiotas de ambos os lados do Atlântico, agarrados a estereótipos e a interpretações espúrias da História, ou melhor, de um conjunto de sentimentos e de preconceitos que alguns confundem com História.

O fenómeno da influência do português do Brasil na expressão dos jovens portugueses não é novo e pode (e deve) ser discutido, excluindo qualquer laivo de superioridade ou de inferioridade e incluindo linguistas e professores de Português, sendo que, neste último caso, há um afastamento indesejável entre ambos os grupos – polemizando já um pouco, e sendo eu suspeito, há alguns linguistas que imaginam os professores como meros receptáculos, mesmo quando o assunto é o ensino de uma norma linguística, por muito que este conceito contenha algo de demasiado artificial.

Assim, se é verdade que não faz sentido censurar (em qualquer dos sentidos da palavra) os conteúdos brasileiros, é importante pensar naquilo que se chama o “cultivo da língua”, expressão difusa que se pode prestar a usos elitistas desajustados e que poderá, muitas vezes, entrar em conflito com a natural circulação de palavras e de conceitos. [Read more…]

Bom dia?

Inspirado num texto da página https://www.facebook.com/Livrodponto

 

Era um professor que não cumprimentava colegas, porque, no fundo, detestava professores. Imagine-se o que será detestar professores e conviver com professores todos os dias da semana. Como se isso não bastasse, era casado com uma professora e meio professor por parte da mãe, mais um quarto do lado do avô materno. Como acontece com todos os professores, antes de ser professor, já tinha lidado com dezenas de professores, entre escola primária (era do tempo em que se chamava escola primária ao primeiro ciclo, imagine-se a antiguidade, a senectude) e a faculdade. Entre a casa e as escolas, nunca teria passado um dia sem se relacionar com, pelo menos, um professor.

O professor F. (vamos chamar-lhe assim, para manter o anonimato) vivia, por isso, em estado de sítio por se sentir sitiado, cercado de professores que nunca levantariam o cerco. Um dos dias mais felizes da sua vida consistira naquele em que passara a escrever sumários numa plataforma digital – nunca mais o viram na sala dos professores.

Um leitor aparentemente mais inteligente poderia perguntar por que razão um homem que tanto odiava professores não escolhia outra profissão. Aviso, desde já, o leitor de que a minha responsabilidade de narrador não faz de mim um ser omnisciente. Por outro lado, a vida está cheia de incongruências e o ser humano raramente é racional. Finalmente, se o leitor não gostar da história, escolha outra e meta-se na sua vida, que uma coisa é ler, outra é coscuvilhar. [Read more…]

O perigo da municipalização da Educação

Entregar a escola a este modelo de gestão autárquica? – texto do Paulo Prudêncio

Custo por aluno e os sonhos húmidos dos liberais

O Ministro da Educação comunicou ao país que, de acordo com cálculos do Ministério, o custo por aluno na escolas públicas teve um “brutal aumento”. Ainda acrescentou que isso se devia ao facto de haver mais funcionários e mais docentes (o que estará muito longe da verdade) e de ter havido descongelamento de carreiras, levando a que mais professores tenham chegado ao topo de carreira. Passados alguns dias, o Ministério ainda explicou que o custo por aluno foi alcançado graças a uma conta muito simples (simplista, diria eu): divide-se o orçamento do Ministério pelo número de alunos.

O mundo liberal português, imediatamente, veio logo gritar pelas virtudes do privado, onde o custo será inferior. Pelo meio, lá reapareceram os mitos do cheque-ensino e da liberdade de escolha (como se os colégios obcecados pelos rankings deixassem entrar qualquer aluno, independentemente da quantia). Noutros tempos, coube a Carlos Guimarães Pinto fazer figuras tristes. Desta vez, foi Rui Rocha (mais um da madrassa Insurgente) a disparatar.

Vamos, por momentos, imaginar que o aluno da escola pública fica mais caro que o de qualquer escola privada. Esse dado, só por si, não chega e permitir-nos-ia dizer disparates de natureza contrária ao dos liberais, como, por exemplo, que, por vezes, é preciso gastar mais dinheiro para que um produto tenha mais qualidade. Também poderíamos dizer que o barato sai caro (se nos lembrarmos de que alguns colégios preparam os alunos para exames, sem se preocuparem com a formação integral de cidadãos, a crítica até faz sentido).

Nada de novo ou de especialmente importante, mas as seitas, de vez em quando, fazem prova de vida e, normalmente, fazem-no insistindo em disparates.

Conversas Vadias 15

Nesta edição das conversas vadias, falámos sobre a marquise de Cristiano Ronaldo, passámos pelo Estádio do Jamor, observámos o congresso das direitas (MEL para os amigos), voltámos à pandemia (ou já será só epidemia?) e ainda perdemos algum tempo com velha confusão entre rankings das escolas e avaliação das escolas. Vadios presentes: António de Almeida, João Mendes, Carlos Araújo Alves, José Mário Teixeira, Orlando Sousa e António Fernando Nabais.

Conversas Vadias
Conversas Vadias
Conversas Vadias 15
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A tudologia dos economistas ou os pedagogos de sofá

Há anos que é isto: se o tema for Educação, toda a gente sabe tanto ou mais do que os professores. Em Educação, não há leigos. A haver, são, na prática, os professores. No futebol, temos os treinadores de bancada; na Educação, os pedagogos de sofá.

Entre este tipo de pedagogos, avultam os economistas, porque não há assunto que lhes escape, numa arrogância extraordinária que vai da esquerda à direita. Há uns anos, tive uma polémica com Carlos Guimarães Pinto, a propósito de um capítulo de um livro em que os autores explicavam ao mundo tudo o que sabiam sobre Educação. Nessa polémica, sobressaiu a ignorância atrevida de quem cultiva uma ciência social que se arroga o direito exclusivo de explicar tudo o que existe no mundo.

Recentemente, alguns, vindos da esquerda, desprezando a questão sanitária, descobriram a existência de assimetrias enormes na vida dos estudantes, que o ensino à distância iria fazer sobressair os efeitos que as desigualdades sociais têm sobre as aprendizagens – e a vida, senhores, a vida – dos alunos. As escolas deveriam ficar abertas, mesmo aumentando o risco de contaminação da sociedade, para resolver esse problema. Mais uma vez, a Escola é vista como um paliativo para um problema que os pedagogos de sofá descobriram quando apareceu o ensino à distância. Entretanto, os professores têm sido obrigados a lidar (que é diferente de resolver) com esses problemas, enquanto a tutela despeja nas escolas decisões que só atrapalham, como a manutenção de um número exagerado de alunos por turma ou o eterno adiamento acerca de decisões fundamentais sobre o acesso ao Ensino Superior, entre muita outra tralha. [Read more…]

Notas sobre o recomeço das aulas

O governo falhou. O fechamento das escolas sempre foi uma possibilidade muito forte. A preparação deveria ter começado aquando do primeiro confinamento, mas o que interessa é adiar, empurrar com a barriga, prometer computadores esperando que não seja preciso entregá-los (o conselho de ministros reuniu na quinta-feira para aprovar a despesa para aquisição de computadores para alunos que começam as aulas hoje) . As salas de aula poderiam estar verdadeiramente preparadas para um sistema misto, com alguns alunos em casa e outros nas escolas, mas não estão.

 

 

Alguns iluminados descobriram que o fecho das escolas aprofunda as desigualdades sociais. Pois aprofunda. Como de costume, esses iluminados tentam explicar aos habituais ignorantes de tudo: os professores. Os professores sabem isso muito bem. Os professores até sabem que a condição sociocultural e/ou socioeconómica dos alunos tem um peso brutal no seu rendimento, havendo crianças que entram no Primeiro Ciclo com limitações vocabulares e, portanto, cognitivas, brutais. Os professores, por várias razões, conhecem a vida de muitos alunos que vivem privados de comida, de afecto e de acompanhamento. Os professores até sabem que as férias, para alguns alunos, são uma tortura. As escolas, na verdade, disfarçam como podem todas essas insuficiências, até porque estão transformadas em mecanismo de compensação das enormes insuficiências de uma polícia social para a juventude.

E enquanto os governos sobrecarregam as escolas, tiram-lhes condições, aumentando o número de alunos por turma, entre outras estratégias que servem apenas para baixar a despesa, mas não para ajudar os alunos.

 

 

O ensino à distância não serve para substituir o ensino presencial, por variadíssimas razões, sendo a mais importante a necessidade de contacto humano. Os professores, de uma maneira geral, no primeiro confinamento, conseguiram fazer o melhor possível, com erros, insuficiências e exageros, aprendendo, experimentando e arriscando. É preciso fazer algo muito evidente: confiar nos professores.

 

 

Convém não esquecer que os professores são os principais financiadores do próprio patrão. Para além dos impostos que pagam, é do próprio bolso que saem as despesas com transportes, alojamento e, até, formação. O material de trabalho dos professores também não é fornecido pelo patrão: da caneta ao computador, é tudo pago pelos trabalhadores. O que de bom se conseguiu fazer durante o primeiro confinamento assentou na propriedade pessoal dos professores, o que, de resto, é costume e, curiosamente, nunca fez parte das reivindicações sindicais. Se os professores não tivessem investido em material informático, o sistema de ensino à distância não existiria. Também por isso, a sociedade deve agradecer, como se agradece a um amigo que nos dá boleia porque tem carro, mas não tem obrigação de nos dar boleia.

 

 

É possível ensinar à distância, mesmo que não seja desejável, mesmo que não seja fácil e mesmo que uma circunstância indesejada não seja suficiente para criar um novo paradigma. O novo paradigma só fará sentido se resultar de uma reflexão. O futuro próximo, esperemos que sem pandemia, poderá incluir a possibilidade de apoiar alunos que, por alguma razão, seja impedido de frequentar as aulas presencialmente, entre outras possibilidades.

 

 

Aprender à distância também é possível e há quem tenha conseguido, graças a um esforço enorme de quem quer aprender e de quem quer que os alunos aprendam. Isso: esforço.

A Lei do Teletrabalho Aplica-se aos Professores?

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Carta aberta ao Governo de um grupo de professores bloggers com pedido para que seja cumprido o estipulado no Plano de Ação para a Transição Digital, de modo a que os docentes tenham condições para trabalhar a partir de casa. 

 

A Lei do Teletrabalho Aplica-se aos Professores?

Para ler este conteúdo de forma completa, é favor visitar o blogue Correntes.

 

Fechar as escolas

Fechar as escolas é péssimo. Não fechar ainda é pior.

Fechar as escolas?

Os professores

(esses madraços ignorantes, como ainda recentemente demonstrei)

sabem que não há nada melhor do que o ensino presencial. Apesar de serem professores

(e, portanto, pessoas que não percebem nada de escolas, de Educação, de alunos e que têm uma visão limitadíssima da sociedade, porque não fazem a mínima ideia dos problemas familiares, sociais e pessoais dos alunos, esses números em forma de pessoa, e porque só falam com professores),

sabem que o Ministério da Educação não aproveitou o Verão para preparar os vários cenários para o ensino – as salas de aula não estão preparadas, por exemplo, para se darem aulas à distância (nos muitos casos de alunos ou turmas em isolamento); o número de alunos por turma manteve-se igual, não permitindo o distanciamento mínimo aconselhado pela DGS; os computadores para os alunos chegaram tarde e más horas.

Os professores sabem

(mas quem são eles para saber seja o que for, não é?)

que o confinamento dos alunos aprofundará as desigualdades, como tive o atrevimento de afirmar, a propósito de um agradecimento dispensável. [Read more…]

Quem não quer ser milionário?

Segundo parece, não há candidatos suficientes para preencher as vagas dos cursos orientados para o Ensino. Por outro lado, há um grande número de professores no activo que se aproximam rapidamente da idade de reforma. Não deve faltar muito, portanto, para que as escolas voltem a ser inundadas por professores com habilitação suficiente, licenciados em Direito a leccionar História ou engenheiros a ensinar Matemática.

Pode haver quem considere que essa falta de formação inicial poderá afectar a qualidade da leccionação, mas a verdade é que faz sentido: num país em que toda a gente sabe mais de Educação do que os profissionais da área, por que carga de água é que um professor, o menos entendido na matéria, haveria de dar aulas?

A falta de candidatos ao Ensino, no entanto, espanta-me, porque os vários pedagogos de sofá que explicam Educação em todas as direcções sabem perfeitamente que os professores

  • não trabalham
  • recebem salários principescos

  • fazem greve, dia sim, dia não

Notai bem: se alguém não trabalha e é pago, já recebe demasiado. Além disso, não se pode falar bem em salário, já que quem é pago para não trabalhar recebe antes um subsídio. Como se isso não bastasse, os professores, que não trabalham, ainda estão sempre em greve, o que é extraordinário – muito provavelmente, reivindicam melhores condições para não trabalhar. [Read more…]