Radicalismos de esquerda

Alguém ficará surpreendido se não forem atingidos os limites ao défice e à dívida propostos no Programa de Estabilidade (PE), nesta semana apresentado? Claro que não. E poderá a oposição reclamar pelo não cumprimento desses objetivos? Poder pode, mas cairá no ridículo. O anterior governo não cumpriu nenhum dos objetivos de dívida e défice a que se propôs, apesar de acreditar piamente nas políticas prosseguidas.

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Chega a ser insultuoso ouvir o constante repetir que foram feitas reformas estruturais no último ciclo governativo. Mas afinal o que mudou na nossa economia ou no desenho do nosso Estado? Rigorosamente nada. Nada foi alterado no sistema produtivo, nada foi feito para alterar os nossos bloqueios económicos endémicos (produtividade, escassez de capital), nada foi feito para qualificar a mão-de-obra, nada se fez para que muitos dos nossos empresários deixem de ser os responsáveis pela baixa produtividade, a nossa justiça continua lenta, o nosso sistema financeiro tornou-se um problema ainda maior, a nova legislação das rendas saldou-se num enorme flop e, claro, não houve a mais pequena intenção de mexer no Estado – a não ser que aquela vergonha que Paulo Portas apresentou fosse para levar a sério.

Quartel-general em Abrantes, por Pedro Marques Lopes@DN.

18 anos

É o tempo que falta até que o rácio da dívida pública atinja 60% do PIB, segundo o novo Programa de Estabilidade do governo. Será que é desta que acertam? É esperar até 2033. Até lá procurem evitar as urgências públicas.