Cavaco Silva, o simples

Se os Presidentes da República vierem a ter cognome, penso que “Simples” se adaptará à figura de Cavaco e não configurará, propriamente, um elogio.

Na seu discurso de vitória, Cavaco Silva conseguiu proferir palavras que dividiram, numa noite que se desejava de união. Como se isso não bastasse, transformou uma eleição num simples substituto de um hipotético julgamento, porque, na sua opinião, ficaram ali resolvidas todas as dúvidas acerca das acções da SLN, entre outros assuntos. Foi esta mesma figura que, recentemente, interpretou de maneira simples a Constituição, ao retirar o direito de protestar a todos os que se abstiveram nas eleições.

De acordo com esta notícia, requereu que fosse instaurado um processo a Miguel Pinheiro, o director da Sábado, que, acerca do discurso de vitória de Cavaco, escreveu o seguinte: “Tal como Fátima Felgueiras e Isaltino Morais, Cavaco Silva acha que uma vitória eleitoral elimina todas as dúvidas sobre negócios que surgem nas campanhas”. É mais uma prova da falta de estatura de Cavaco, o mais simples dos Presidentes na História da Democracia Portuguesa.