O estado a que chegou a Biblioteca Municipal do Porto

Frementes de agitação e de movimento, os funcionários da Biblioteca Municipal do Porto afadigam-se, atropelam-se para entregar os 5 volumes diários permitidos aos 3 leitores presentes.


A pandemia começa a desaparecer, as medidas vão sendo suavizadas, mas há uma instituição – pelo menos uma – que não sai do caminho que trilhou e que vem dos tempos dos confinamentos.
Como se estivesse tudo igual. E a pergunta é: até quando?
A Biblioteca Municipal do Porto continua a apresentar barreiras incríveis a todos os que tentam fazer alguma coisa.
Continua a ser necessário fazer a requisição prévia -com dias de antecedência – do que se quer pesquisar.
No caso de periódicos, por exemplo, agora lembraram-se que só podem ser pedidos 5 volumes por dia.
Ou seja, quero fazer uma consulta rápida, porque sei exactamente a data que procuro. Demoro uma hora com os tais 5 volumes e não posso fazer mais nada o dia todo. Só no dia seguinte…
E tudo isto se tiver sorte. Se alguns dos volumes estiverem em mau estado e não puderem ser consultados, paciência. Só para terem uma ideia, toda a colecção do «Jornal de Notícias» está fora de consulta até cerca de 1970. Idem para outras referências da cidade como o «Comércio do Porto ou «O Primeiro de Janeiro».
Apesar de haver muitos dicionários e enciclopédias na Biblioteca, parece que por ali ninguém conhece o significado da palavra restauro. [Read more…]

Cecília, a restauradora por amor

Cecília, 80 anos, sentava-se dia após dia num dos bancos da capela de Borja (Saragoça). Depois de muito olhar e pensar no seu Cristo «deformado» e mal tratado pelo tempo mas, sobretudo, pelos homens, decidiu fazer, ela própria, o restauro devido. «Já que ninguém toma a iniciativa…», terá pensado. Mas repare-se que Cecília não quis a coroa de espinhos no seu Cristo.

Graças a esta mulher, que com certeza ignorava até agora o nome desse Elias, não o profeta, mas o pintor do Cristo que revitalizou, os turistas vão querer conhecer a obra de Elías García Martínez (1858-1934). Segundo li, “esta semana, porém, esse Cristo tornou-se a pintura mais famosa do mundo…”.

O jornalista do DN, Ferreira Fernandes, escreveu que a «velhinha salvou o pintor». Mas eu acho que Cecília salvou o seu Senhor, embora, claro, tenha destruído a obra. Mas há males que vêm por bem: deu visibilidade ao autor do fresco!

Não a culpem por restaurar por amor e não pela arte!! Ela quer lá saber disso!!