De regresso ao ‘Aventar’

Saravá Carla, saravá Ricardo, saravá Luís, saravá José de Freitas, saravá a todos os outros, anteriores e novos companheiros do ‘Aventar’, sem excluir antigos e recentes comentadores, sejam estes cordatos ou contestantes. Saudações, pois, a tantos quanto as queiram aceitar, neste momento de regresso ao ‘Aventar’; a minha retirada, agora demonstrada claramente como temporária, fundou-se em motivos de ordem pessoal que, em devido tempo, explicitarei ao Ricardo – devo-lhe um almoço, a pagar em Março, em qualquer restaurante do Porto, Matosinhos, Maia, outro lugar à sua escolha; um almoço para breves cinco minutos de esclarecimentos, ficando o tempo remanescente para tudo quanto o improviso e a conversa suscitarem.

Volto, pois, a abrir no quotidiano mais uma frente de luta com a inspiração, essa substância gasosa, intangível, que tantas vezes me desampara nas horas de reflexão; assim fico reduzido a pensamentos por caminhadas sem rumo e sem nexo. De tal desencontro, mais se agrava o meu lado controverso. Mas cá estou, de novo, para o desafio de exprimir ideias e opiniões, umas vezes melhor, outras pior.

Deixo, por ora, os desabafos e as lamúrias, e para provar que nem sempre são desejados os regressos a felicidades passadas, reproduzo um soneto semi-anónimo, obra única atribuída a um tal Octávio Rocha, intitulada ‘Romance’:

“Venha me ver sem falta… Estou velhinha.
Iremos recordar nosso passado;
a sua mão quero apertar na minha
quero sonhar ternuras ao seu lado…”

Respondi, pressuroso, numa linha:
“Perdoe-me não ir… ando ocupado.
Ameia-a tanto quanto foi mocinha
e de tal modo também fui amado.

Passou a mocidade num relance…
Hoje estou velho, velha está… Suponho
que perdeu da beleza os vivos traços.

Não quero ver morrer nosso romance…
Prefiro tê-la, jovem no meu sonho,
do que, velha, apertá-la, nos meus braços!

Mesmo no ‘Dia dos Namorados’, quando podemos escolher, é muitas das vezes preferível optar pela saudade em detrimento da revivescência. Não é o caso do meu regresso ao ‘Aventar’.