Sidi Hammou, o mestre da poesia

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O Alto Atlas na região de Skoura

“Aquele que ignora a poesia não conhece a estrada da inteligência que conduz à sabedoria, pelos degraus da ciência e da arte.”

Canto do Souss (BOUANANI, 1966, obra citada)

A poesia Amazigh (1) vem sendo preservada ao longo dos tempos através de um processo de transmissão oral, levado a cabo por homens mais ou menos iletrados que, percorrendo as aldeias e áreas rurais, levam até aos seus habitantes mais simples os saberes e fundamentos da cultura popular.

São os “poetas da tribo”, que fortalecem os elos entre os seus membros, contribuindo para o reforço da sua identidade e ajudando a ultrapassar as dificuldades colectivas. Exaltam a coragem dos seus heróis, dão corpo aos rituais colectivos que celebram os acontecimentos do dia-a-dia e os ciclos da natureza. São os “poetas errantes”, que deambulam em pequenos grupos ou isolados, recitando ou cantando os seus poemas, versejando, acompanhados ou não por instrumentos musicais, aliando ao espectáculo e divertimento a mensagem instrutiva, os princípios da justiça, morais e religiosos, o saber, a própria intervenção de carácter político.

“O poeta está envolto em mitos. Pensamos que ele pode entrar em contacto com as forças da natureza, apaziguá-las ou virá-las contra alguém; fala a linguagem dos animais, das plantas e dos insectos. O mundo não tem segredos para ele. Mas a crença popular não ignora que o poeta deve aperfeiçoar a sua arte junto de outros poetas ilustres. Entra ao serviço de um deles, acompanha-o por todo o lado onde vai, aprende o que ele diz. Após um longo período de iniciação poética, ele próprio pode então exprimir-se, dar um timbre pessoal aos seus cantos.” (BOUANANI, 1966, obra citada) [Read more…]

Hoje dá na net: Software Mondego

Mais um documentário que navega no rio que me atravessa os dias:

Software Mondego é um espectáculo que mistura técnicas de documentário com manipulação de áudio e vídeo em tempo real. Criado no âmbito do projecto Pró-Memória, dirigido pelo realizador e visualista Tiago Pereira, pretende gerar uma sensibilização pedagógica para o registo documental do fundo cultural de uma região. O projecto incide em particular em tudo aquilo que podemos qualificar como património incorpóreo e imaterial, isto é, a tradição oral, na forma de lendas, contos, práticas rituais e paisagens sonoras. Tem por objectivo a produção de um obra artística híbrida, que trate estes documentos como elementos vivos, dispostos a serem manipulados e utilizados sem nunca perderem referência à sua origem.
Software Mondego tem como ponto de partida o Rio Mondego, onde foram realizadas com os alunos várias recolhas da sua paisagem sonora e visual. Foram captados e posteriormente editados em estúdio sons e imagens de forma a obterem-se várias amostras.