Agregar para reinar – o caso de Eddie Redmayne

Na imagem, Eddie Redmayne como Lili Elbe em “A Rapariga Dinamarquesa”, filme de 2015.

Em 2015, Eddie Redmayne interpretou Lili Elbe em “A Rapariga Dinamarquesa”.

Conhecido pelos seus papéis em “Os Miseráveis”, “A Teoria de Tudo”, “Monstros Fantásticos e Onde Encontrá-los” ou “Os 7 de Chicago”, em “A Rapariga Dinamarquesa” interpreta uma mulher trans, uma das primeiras a submeter-se a uma cirurgia de redefinição de género.

Pelo papel, Eddie Redmayne foi nomeado para o prémio de melhor actor pela Academy Awards, nomeado para o prémio de melhor actor pela British Academy Film Awards, nomeado para melhor actor nos Golden Globes.

A sua participação enquanto Lili Elbe mereceu, da parte da comunidade LGBTQI+, as mesmas críticas que agora recebeu André Patrício por interpretar uma personagem de uma mulher trans na peça de Pedro Almodóvar “Tudo Sobre a Minha Mãe”. Apesar do excelente desempenho enquanto mulher trans, o actor sofreu duras críticas e veio a público pedir desculpa por ter aceitado o papel, afirmando que se fosse hoje, talvez não tivesse aceitado interpretar Lili Elbe, uma mulher trans, sendo o actor inglês um homem cis.

Continuo a discordar desta ideia de que só actores e actrizes trans possam desempenhar papéis que personifiquem pessoas trans. No entanto, Eddie e algumas activistas trans, mostraram que se pode ter outra abordagem sobre o assunto, já de cabeça fria, e que ajude (nos ajude, enquanto sociedade) a entender os vários ângulos desta problemática. E como?

Eddie Redmayne decidiu ir fazer um workshop com actrizes trans e entender melhor os seus argumentos. Percebeu o que já sabia: as pessoas da comunidade LGBTQI+, sobretudo as pessoas trans, não têm as mesmas oportunidades no acesso e são muitas vezes excluídas em detrimento de actores e actrizes cis que vêem interpretar essas personagens. O actor inglês afirmou, desta forma, que enquanto não houver igualdade no acesso e no número de oportunidades, não voltará a interpretar uma personagem trans.

A discussão deve fazer-se nestes termos. Em “A Rapariga Dinamarquesa”, ninguém invadiu os locais de gravação, ninguém tentou ostracizar directamente o próprio Eddie, mas as críticas foram reais e a negrito, pelo que o actor decidiu voltar à escola.

Reflectir. Progredir. Não excluir. Ouvir. Falar. Aprender.

A representação e a representatividade

Keyla Brasil, artista trans, invadiu o palco de uma peça no Teatro S. Luiz, protestando contra aquilo que denomina de ”transfake” (uma expressão, julgo, importada dos Estados Unidos da América), por um actor, que se identifica com o género masculino, estar a interpretar, na peça, o papel de uma mulher trans.

O argumento das activistas centra-se na questão da representatividade e do “lugar de fala”, exigindo, e bem, que mais artistas trans sejam contratadas para o teatro, artes performativas e para outros trabalhos onde, sabemos, há ainda discriminação e desigualdade no acesso; argumentam, também, e é aqui que a minha discórdia se apresenta, que só actores ou actrizes trans possam representar os papéis ficcionais de personagens trans. Nada mais errado, a meu ver, pois a representação não é um sinónimo de representatividade. Vejamos as definições dos dois conceitos, aplicados à questão em discussão:

1 – Representação: (teatro) “exibição em cena”, “espectáculo teatral”, (cinema, teatro, televisão) “desempenho de actores; interpretação; actuação”;
2 – Representatividade: “qualidade do que é representativo”; Representativo: “que representa”; “que envolve representação”; “constituído por representantes”.

Analisando as duas expressões, podemos concluir que as mesmas se inter-ligam. A representação pode ser representativa de alguma realidade, pode é ser, apenas, representação e, como tal, o teatro reveste-se apenas da premissa da interpretação de textos e personagens, não sendo raras as vezes que uma estória, sendo ficcional, retrata partes da realidade em que nos inserimos. A falta de representatividade no que à presença de pessoas trans na vida social e no mundo laboral, as suas dificuldades no acesso a direitos que são comuns, ou deviam ser, a todos os Seres Humanos, é real e não a podemos escamotear. [Read more…]

Postais da Raia #6 a #10 (de Cáceres a Castelo de Vide)

As terras do extremo e a campa triste de um capitão de Abril

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Tenho passado os últimos dias a atravessar fronteiras, sempre entre os mesmos países, embora em sítios diferentes. Saindo do Sabugal e do maravilhoso e relaxante hotel do Cró, de um quarto com vista para todas as estrelas do universo e com uma banheira também com vista para os campos, atravessei a fronteira na Aldeia do Bispo, sem que Espanha se fizesse anunciar. Apenas reparei que os sinais de trânsito eram diferentes e a estrada um pouco melhor. De resto, não se dá pela fronteira, nem creio que ela exista para muitos dos que a cruzam quotidianamente entre o lado português e o lado espanhol. Anda-se um bocadinho em Castela e Leão e entramos na Extremadura, ou nas terras que estão no extremo. De Espanha, claro, porque a seguir ainda há Portugal que tem as suas próprias terras do extremo, ali à beira do oceano, a última das fronteiras, o último dos horizontes, ou se calhar (de certeza, vá) não.
 

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Stanley Kubrick dá inesperada explicação para o final de “2001: Odisseia no Espaço”

Via Esquire:

Quando foi originalmente lançado em 1968, o público não fazia ideia do que pensar de “2001: Odisseia no Espaço”. Com efeito, 250 críticos de cinema saíram da estreia, em Nova York, literalmente perguntando em voz alta: “Que porcaria é esta?”

Ao ver este filme pela primeira vez, era eu adolescente nessa altura, senti a falta das estrondosas explosões de Galáctica e de Star Wars. E, também eu, achei que aquele final seria um delírio psicotrópico induzido por algum LSD espaço-temporal.

Eu tentei evitar fazer isto desde que o filme estreou. Quando se verbalizam as ideias, elas parecem tolas, enquanto que, se dramatizadas, sentimos-las, mas vou tentar.

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“Side by Side”

Um documentário que investiga a história, o processo e o fluxo de trabalho da criação de filmes digitais e de película. As experiências e sentimentos de directores, cinematógrafos, artistas e vários outros profissionais sobre trabalhar com o filme e com o digital.

A Fatwa sobre Polanski ou as saudades que eu tenho do «Nobody Expects the Spanish Inquisition!»

Ana Cristina Pereira Leonardo

No meio da avalanche de notícias que têm tido Trump como hors d’oeuvre, entrée, main course e dessert – deixando de lado o chumbo doméstico da TSU e as bebidas – passou relativamente despercebida a renúncia de Roman Polanski a presidir à cerimónia de entrega dos César, o correspondente francês dos óscares de Hollywood. O cineasta havia sido escolhido pelos organizadores da cerimónia, que terá lugar em final de Fevereiro, mas o vendaval de indignados – e sobretudo, ao que parece, de indignadas – com a escolha teve como consequência que o mesmo acabasse por recusar o convite.

Polanski tem hoje 83 anos e quando tinha 43, em 1977, foi acusado de violar uma jovem modelo de 13, Samantha Geimer, então Samantha Gailey, crime pelo qual esteve 43 dias detido, saindo sob caução, após o que fugiu dos EUA onde tem até hoje a Justiça à perna e a cabeça a prémio, mesmo se Samantha Geimer há muito desistiu do processo (acordaria uma indemnização de 225 mil dólares com o cineasta, que acabou por reconhecer que não existira sexo consentido, e publica em 2013 o livro de memórias, The Girl: A Life in the Shadow of Roman Polanski, no qual não se coíbe de criticar a exploração do seu caso pelos meios de comunicação, juízes e advogados; na altura do lançamento queixou-se ao LA Times: «Não deviam poder tornar o que me aconteceu ainda pior, só porque é mais interessante. Fazem com que nos sintamos mal e sejamos uma vítima, de modo a poderem usar-nos como bem lhes aprouver»). [Read more…]

Na Via Láctea

 
De Emir Kusturica. Com Monica Bellucci  e Emir Kusturica.
Estreia hoje. Nos cinemas em Lisboa (Ideal, Monumental, UCI El Corte Inglés), Porto (Teatro do Campo Alegre, Alameda Shop & Stop, UCI Arrábida), Cascais (Cinema da Villa), Coimbra (Alma Shopping) e Setúbal (Charlot).

Primavera em tempos de Guerra. Todos os dias, o leiteiro atravessa a fronteira de burro, lançando balas para levar as suas preciosas mercadorias aos soldados. Abençoado pela sorte na sua missão, amado por uma bonita aldeã, um futuro tranquilo parece aguardá-lo… Até que a chegada de uma misteriosa mulher italiana vira a sua vida de pernas para o ar. Esta é uma história de paixão e amor proibido, que os levará numa série de fantásticas e perigosas aventuras. Unidos pelo destino, nada nem ninguém parecem poder pará-los. Vencedor de duas Palmas de Ouro do Festival de Cannes, Emir Kusturica realiza e dirige esta história de amor e guerra, recheada de emoção, comédia e aventura.

Passageiros? Em fuga…

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Como gosto muito de ficção científica e não fiz o trabalho de casa, fui ver o filme “Passageiros”. Meus amigos/as, salvo melhor opinião, é de fugir! Que grande barrete. E é muito bem feito, quem me manda a mim ir ver um filme sem primeiro dar uma vista de olhos ao resumo e às críticas sérias de quem sabe da poda?

Fica o aviso aos leitores do Aventar.

Alan Rickman, a voz

Alan-Rickman-alan-rickman-13116384-2560-1680Para os fãs de Harry Potter, morreu Snape, papel desempenhado por Alan Rickman. Muito antes de se ter celebrizado por andar a dar aulas de magia em Hogwarts, a voz e a presença deste actor deram corpo àquele que é, na minha opinião, o melhor Xerife de Nottingham da História do meu Cinema, mesmo se o filme era, no mínimo, sofrível. Reencontrei-o num teledisco dos Texas, com Rickman a encher a história com um sereníssimo mutismo.

Mais do que as suas qualidades como actor, no entanto, foi a voz que me marcou (a voz perfeita, como pude ler numa ligação encontrada no mural da Carla Romualdo). Timbre, força, serenidade, veludo escuro, a voz de Rickman transforma a de qualquer outro homem num soprano esganiçado. No meu arquivo sonoro, coloco-o na mesma sala das de Richard Burton ou de James Mason.

Ao ouvir o soneto 130 de Shakespeare, fico com a certeza de que o próprio Bardo está, neste momento, a pedir a Alan Rickman que não pare de o recitar. Ouça-se. [Read more…]

Nasce hoje Roy Batty, vivo há 34 anos

blade-runner-windows-to-the-soul-thoughts-on--L-4rEUMJAll those moments will be lost in time, like tears in rain.

Roy Batty, Blade Runner

Em 1983, entrei, salvo erro, num dos cinemas do Girassolum, uma das salas hoje defuntas de Coimbra. Apesar de o filme ter um título em português (Perigo Iminente – ou Perigo Eminente, como viria a ler-se em muitas cassetes VHS de videoclubes manhosos), é e será sempre conhecido por Blade Runner, no original e para os amigos.

Foram muitas as coisas que me impressionaram no filme, num constante estranhamento que se foi entranhando: um cenário em que o futuro da ficção científica era perigosamente verosímil, um Harrison Ford chandleriano (até se sentia um cheirinho a Humphrey Bogart , com direito a voz off de filme negro), uma banda sonora inquietante, a beleza serena e frágil de Sean Young e um dos melhores e mais complexos vilões da História do meu Cinema, Roy Batty, papel desempenhado por Rutger Hauer. [Read more…]

O retrato de Jennie

Aquele conselho tonto – não voltes aos sítios onde foste feliz –  não é para levar a sério, a gente aprende isso, mas de tanto ouvi-lo por vezes acreditámos nele, e traçamos curvas no caminho e até andamos às arrecuas para evitar o desencanto, como se pudéssemos fugir dele. Por isso andei eu anos a fio a fugir de um filme que me deixou enredada numa espécie de encantamento quando era criança, com medo de agora achá-lo indigno desse encantamento. A desculpa oficial é que o filme nunca me aparecia em DVD, jamais o apanhava nas televisões, e na internet apenas encontrava fragmentos, que tampouco queria ver, porque, justificava-me, só queria vê-lo íntegro, como no passado. Claro que eu podia ter procurado mais se não fosse o medo de macular a sua existência perfeita na minha memória. “Foste feliz ali, não queiras regressar”, uma parvoíce.

Nestes primeiros dias do ano, decidida a corrigir falhas várias, e a gente tem sempre de começar por algum lado nesses ingénuos propósitos de início de ano, lembrei-me dele e encontrei-o, agora sim, de ponta a ponta, na internet, e sentei-me por fim a rever o que já não recordava e a descobrir que alguns farrapos de memória, de origem incerta, provinham daí. O filme tinha deixado a sua semente na minha imaginação e essa semente germinara de uma forma surpreendente. Descobri que uma ideia que há muito me atormenta e sobre a qual queria escrever é, de forma metafórica, a premissa do filme. Talvez eu não tivesse idade para compreender o filme, na época em que o vi, e por isso o tenha visto com os olhos do coração, e isso explique porque, não o recordando bem, ele me acompanhou por tanto tempo. [Read more…]

Adeus Lenine

Um filme de Wolfgang Becker, ficha IMDB, legendado em português (mas com um erro crasso na tradução de RDA/RFA).

 

Lauren Bacall, 1924-2014

Bem me apetecia repetir aqui que hoje Bogart voltou a assobiar e ela foi ter com ele, e beijaram-se, e serão muito felizes na eternidade. Sucede que ambos estão mortos, a eternidade só existe na nossa memória e mais importante ainda: Lauren não foi só a companheira do grande actor que com ele contracenou em Ter ou Não Ter (um dos filmes da minha vida) ou À Beira do Abismo. Lauren Bacall foi uma grande actriz, uma das mulheres mais belas para os padrões de beleza do seu tempo, e ouçam aqui, cantava, e não era pouco:

Ouvido? Ok, agora o assobio e o beijo. Que beijo… [Read more…]

Cinema Libre

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R.I.P.

Preferia não colocar este post. Obrigado Philip.

Ricoré, a Gaiola Dourada e Pedro Abrunhosa

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Numa daquelas coincidências felizes, vi o filme “Gaiola Dourada” ao mesmo tempo que no iTunes ficava disponível o novo álbum de Pedro Abrunhosa.

Ao ouvir a fantástica “Para os Braços da Minha Mãe” (dueto entre Abrunhosa e Camané) e ao ver a “Gaiola Dourada” dei por mim a pensar nos milhões de portugueses que vivem e trabalham fora de Portugal.

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A condição do académico

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Há uma semana fui ver o filme sobre a Hannah Arendt. Estava à espera de gostar e não saí desapontada. Hannah Arendt é uma filósofa e académica admirável e o filme demonstra algo que me é caro em vários sentidos. A coragem de um académico em publicar algo que vai ser polémico ou que pode constituir uma polémica é uma situação que hoje em dia tem vindo a ser diminuída porque chegou-se a este estado em que a polémica para ter dimensão tem que ser escandalosa. Actualmente, parece-me, é difícil existir polémica no mundo académico – e que esta passe para o mundo não-académico – sem um certo sensacionalismo.

 

Mas não é isso que acontece com Hannah Arendt. Arendt faz o seu trabalho como académica: ela tem um objecto de estudo, ela examina-o, estuda-o, pesquisa, pensa e chega a conclusões. Tenta fazê-lo com a maior honestidade intelectual possível e fá-lo sempre como académica, como alguém que foi treinada desde muito cedo a pensar e a raciocinar e a ser crítico. A academia é isto. Arendt no filme personifica aquilo que a intelectualidade e a academia têm de melhor. Não põe de lado as suas opiniões pessoais mas elas são suportadas. Não põe de lado a emoção porque é isso é necessário a um trabalho académico, mas utiliza a emoção para amplificar a qualidade da sua escrita e do seu trabalho.

 

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Trainspotting

Um filme de Danny Boyle. Legendado em português. Ficha IMDB

 

As coisas não são feitas por acaso

Eduardo Gageiro por Tiago Cravidão

Ante-estreia, dia 31 de Maio, 21h30, Sala Manoel de Oliveira, no Cine-Teatro São Jorge – Entrada Gratuita-  Evento no Facebook

 

O Frágil Som do Meu Motor

Estreia de filme português. Amanhã.

Em Lisboa (Amoreiras, Alvaláxia), Grande Porto (Norte Shopping, Gaia Shopping), Faro, Coimbra, Oeiras, Almada.

Para saber mais, podem consultar a página do facebook. Escrito e realizado por Leonardo António. A banda sonora é de Rodrigo Leão. Como tantos objectos artísticos, em Portugal, tornou-se possível contra muitos obstáculos e graças à persistência e à boa e muita vontade de muitos.

As dúvidas existenciais de um ser humano começam dentro do útero.
“Será que irei nascer e conhecer a minha mãe?”
A história é contada na primeira pessoa por um bebé ainda por nascer.
Como um Tango, atemporal e implacável, O Frágil Som do Meu Motor marca o ritmo das personagens no seu melhor… e no seu pior!

Tenham Medo (1): Torre Bela

Inicio aqui uma série para Abril, Tenham Medo,  filmes e revoluções, com a pedagógica intenção de alertar as jovens gerações reaccionárias para os riscos que correm, ou como diria Mao Tse Tung: a contra-revolução não é o chá das 5. [Read more…]

O Anjo Azul (1930)

De Josef von Sternberg com  Emil Jannings, Marlene Dietrich e Kurt Gerron

Legendado em português, ficha IMDB

Cinema pascal: Monty Pyton, A vida de Brian

É Páscoa, um dia as televisões também repetirão todos os anos este clássico do humor britânico, em tudo superior às chachadas do costume. Always Look on the Bright Side of Life.

Ficha IMDB. Legendado em português.

Ladrões de Bicicletas

[youtube http://www.youtube.com/watch?v=Ojt7ZgDNmnk&w=260]

De Vittorio De Sica. Legendado. Ficha IMDB

Orfeu Negro

Orfeu e Eurídice em versão Brasil e Carnaval.

De Marcel Camus (1959). Ficha IMDB.

O escurinho do cinema

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Está bem que os tempos são outros e agora há a Internet, e o DVD, e Home Cinema, o THX, o DTS, o High-Tech e muito mais. Mas o que é certo é que o brilho do grande ecrã é outra coisa! E para namorar não há nada que iguale um convite para o cinema. Agora, com o encerramento das salas Castello Lopes há cidades importantes, até capitais de distrito, sem cinema comercial. Como vai ser? A civilização estará a andar para trás.

Foi muitas vezes no “escurinho do cinema” que a mão dele tocou na dela pela primeira vez. Eu já me casei por causa disso! Os meus filhos seriam outros se naquele dia eu não tenho ido à sala 2 dos cinemas avenida com a mãe deles. Aquela privacidade-pública-cúmplice não tem comparação com nenhum sistema de alta fidelidade. O cigarro ao intervalo. As pipocas na fila da frente. A tosse ao lado. O cinema é o teatro democrático do convívio humano. É a arena da bondade onde as pessoas de juntam para contemplar, para se divertirem e pensarem em conjunto. É a anti-arena. Uma marca da grandeza da civilização humana. Simples e bonita.

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Nagisa Oshima 1932-2013, RIP

Ficará conhecido mais por este Império dos Sentidos, e pelo Feliz Natal, Mr. Lawrence que, por exemplo, pelo excelente Um Verão em Okinawa .

Pior do que isso, O Império dos Sentidos será relembrado sobretudo pelas cenas que fizeram um bispo garantir escandalizado que tinha aprendido mais em 10 minutos de RTP2 que em toda a vida (compreende-se: o enredo é, digamos assim, heterossexual). Mas os caminhos, limites e sua ausência no que toca ao desejo são insondáveis. Obrigado Nagisa Oshima.

Já agora, aqui fica a resposta de Herman José ao escândalo: [Read more…]

Crueldade

Um dos meus DVD’s preferidos é uma colectânea de dezoito curtas sobre Paris. Chama-se Paris, je t’aime, título nada surpreendente quando se trata da cidade do amor. Lançado em 2006, aborda a cidade de pontos de vista tão diferentes e com estilos tão distintos, que creio que cada um de nós lá encontra a sua história, aquela que nos comove ou mexe connosco, ou nos faz rir à gargalhada, ou simplesmente nos faz parar e pensar.
Tenho tido muitos bons momentos com essas maravilhosas histórias de amor. Embora não seja muito romântica, há coisas que mexem comigo, com a minha sensibilidade. Uma delas é precisamente a curta que se passa na Bastilha. [Read more…]

Manoel de Oliveira, parabéns!

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Hoje comemora os seus 104 anos cheios de vida. O mais antigo realizador de cinema em actividade e de olhos postos em novos filmes! Parabéns.

É preciso muito fôlego para soprar tantas velas. – Isso não lhe falta!

Parabéns pelo seu amor à vida. P’ro ano quero desejar-lhe mais um «feliz aniversário»!

Jim Jarmusch: Down by Law

Um filme de Jim Jarmusch com Tom Waits (sim, ele é um grande actor), John Lurie (outro músico) e Roberto Benigni (numa das suas melhores interpretações). Chega, ou é preciso explicar?

Tem coelho assado, para apreciadores.

Ficha IMDB. Em inglês, legendado em castelhano.