Há festa na Comissão

A eufórica Comissária Europeia do Comércio

Já a caminho da porta de saída, pressurosa, a (ainda) actual Comissão Europeia celebrou mais dois sucessos referentes a acordos comerciais: no final de Junho, anunciou um acordo político sobre o acordo comercial com o Mercosul e assinou os acordos comerciais e de protecção do investimento com o Vietname.

O acordo EU-Mercosul é sem dúvida uma boa notícia para a indústria automóvel, sobretudo a alemã, e um amargo revés para os direitos humanos, a protecção do ambiente e do clima e para a agricultura de pequena escala. Declara-se a salvação do clima em Osaka, continuando a destruí-lo através do acordo UE-Mercosul.

Quanto ao acordo comercial com o Vietname, este país do sudeste asiático não ratificou, até à data, três das oito normas laborais fundamentais da OIT e as violações do direito do trabalho fazem parte da vida quotidiana. Por exemplo, os smartphones Samsung são produzidos no Vietname em condições de trabalho subterrâneo. Ora, tal como é regra nos acordos comerciais da UE, o Acordo UE-Vietname não contém quaisquer disposições vinculativas em matéria de protecção ambiental ou de direitos laborais.

Mas isso é, sempre que se trata de negócios, secundário; o regozijo pelo “maior acordo comercial do mundo” é enorme e nele está sempre presente a cantilena da vitória contra o proteccionismo de Trump. Acontece que “Fazer o oposto de Trump”, não é  exactamente o mesmo que continuar a assinar acordos que accionam a descida de padrões sociais e ambientais e estimulam o corrupio de produtos com ou sem sentido, à custa do descalabro climático.