Segue para bingo, mais uma rodada. Além de tudo o que já nos custou, este senhor continua a sair-nos caríssimo, num processo que irá chegar ao fim no dia de são nunca à tarde ou tarde demais. Aguentar este espécime na entrevista dada recentemente à RTP com vozinha mansa a armar em coitadinho por estar a ser investigado há 11 anos, é uma prova de força interior, não dele, como afirma, mas nossa.
Portanto agora a Juíza considerou que há indícios de ter sido corrompido por RS/BES. Concede agora o espécime que sim, lá acordo com o espécime RS existiu, e deu-lhe uma série de direitos e prémios; e diz ele que, quando foi para ministro, disse assim para o colega : “vamos fazer aqui as continhas”; Ouviram bem ? “vamos fazer aqui as continhas”, diz um ex-ministro da Economia, transbordante de significado, mas com fala de taberneiro; Continhas, 500 mil euros, mais a tal avença de 15.000 euros da qual se esqueceu, não se esqueceu mas não percebeu que continuava a receber avença,- pois, é que era uma conta offshore; “não vamos dramatizar aqui a questão dos offshores”, “era uma conta no estrangeiro”. Um problema fiscal, diz o espécime, uma coisa sem qualquer importância que não é para dramatizar, apesar de ser um ministro da Economia a burlar o próprio país à grande e à portuguesa.
Portanto só viu passado um ano e mandou parar, não se preocupou mais… E até podia ter recebido 5.000 euros por semana, foi um prémio do passado, foi a forma que combinámos. E ademais altruísta, decidiu servir o país para ser ministro, onde é que isto já se viu!!! Jornalista: “MP fala em favorecimento nos projectos de interesse nacional, fala da Herdade da Comporta, do Pinheirinho, no caso da Herdade da Comporta, até anuncia que foi um PIN mesmo antes de haver uma decisão… “eu era livre de fazer o que quisesse”… Jornalista: foi visto em eventos com Ricardo Salgado; mas não era próximo! “não tinha proximidade, não tive e não tenho”. A minha mulher é uma mulher extraordinária… Então rejeita ser um agente infiltrado do Grupo Espírito Santo? Rejeito e provarei isso um a um. Teme em julgamento ser condenado? Não, não temo.
Atão sr. Espécime, vá lá provar em julgamento, quer recurso para quê, mais uma valsa para deixar correr tempo e nos custar os olhos da cara que já nos arrancou?
Pode alguém explicar-me por que raio há cá esta coisa da instrução, que é como um julgamento, só para atrasar tudo e deixar estes espécimes incólumes e a gozar o resultado das continhas que fizeram?
Não há maneira de perceber como o povo português aceita tudo isto. Não há maneira.
Que horror!
Pois o banqueiro quer ter acesso ao ministro, e paga a um seu funcionário para aceitar o cargo compensando-o do prejuízo que isso lhe acarretará?
De outro modo tinha que andar a comprar robalos e a encher os cofres do partido…
Alguém está a julgar as acções do homem como ministro?
O chefe dele no governo está a caminho de nada lhe acontecer porque parece que o governo está para fazer um qualquer regulamento que não faz.
E ninguém vai preso?
Cambada!
Mais uns mil milhões de despesa pública e tudo se vai compôr… os mamões sempre votam em quem dar de mamar.
Ora pois, resumindo , à consideração do Salagado estavam sempre, pelo Menos, duas hipóteses…
Primeira – corrupção do bem: uma pequena avençazinha para compensar o acesso ao ministro, um rapaz conhecido aqui do estaminé, que só aceitou o cargo em troca de uma compensaçãozinha que suavizasse o seu penoso sacrifício;
Segunda – corrupção do mal: robalos e robalos a vários trutas, e/ou contribuições que acabam transformadas, frequentemente, em camionetes, bandeiras e carne assada.
Por que razão terá optado, neste caso, pela primeira? Por uma boa razão, mas não se sabe qual. O Alzheimer não perdoa.
Uma correção: em vez de sair “Salgado”, saiu “Salagado”.
Há que corrigir? Talvez não. O gajo, realmente, tem metido muita água…
Ah! E a propósito de mama…
Como todos sabemos, à Direita e, pelo Menos, no maravilhoso mundo liberalesco da “iniciativa privada”, mamões é coisa que não existe.
Veja-se com atenção o mapa: aquelas manchas vermelhas e laranja do mapa têm umas formas esquisitas e muito bicudas.
O que prova que não são mama, ou seriam, pelo Menos, muito mais redondinhas. O mapa é como o algodão. Não engana!
“De outro modo tinha que andar a comprar robalos e a encher os cofres do partido”
Calma aí. Isso de robalos é mais a área do teu idolo Almirante Henrique Tenreiro, chefe do departamento da pescaria do Botas, nos saudosos tempos Salazarentos
Calma, pá, calma. O Tio também nos convencerá a criar uma lei a criminalizar actos passados com base em vibes e juízes à procura de tacho. Já vamos a meio caminho de república das bananas, chegaremos a estado vassalo a seu tempo.
Já aqui lembrei o facto noutras alturas, mas insisto.
A Direita gosta muito de colocar em contraste os políticos que “vêm do terreno” e os que “vivem à sombra do Estado”, os que vêm da “Economia real” e os que sempre estiveram “acomodados ao Estado”, enfim, os que conhecem a “dura realidade empresarial” e os que têm uma “cultura de gabinete”.
O objetivo é sempre o de desvalorizar o serviço público, colando-lhe as etiquetas da ignorância, incompetência enfim, de empecilhos ao desenvolvimento da gloriosa “iniciativa empresarial”.
A escolha de Pinho para o primeiro governo de Sócrates foi profusamente elogiada por essa gentalha: uma homem vindo do tal “terreno”, profundo conhecedor dos meios empresariais, com experiência feita nos departamentos de planeamento do prestigiado Grupo BES, de cujo Conselho de Administração tinha feito parte.
E, temos de reconhecer, acabou por constituir uma grande mais-valia. Para as políticas públicas? Ora essa! Para o prestigiado grupo GES, para quem continuou a fazer uns biscates, nas horas livres…
Homem “do terreno” que se preze nunca o abandona… basta ver o mapa…
Preferem os que são do terreno e que preparam o terreno para saídas para terrenos mais férteis que premeiem o seu mérito de retirar o terreno a quem trabalha sem ganhar para o manter, para que o patrão compre um terreno no Pacífico com uso a um terreno fiscal amigável.
Não são outra coisa que não homens da terra.
Ora nem mais!
No entanto, o personagem, por vezes, até pareceu extraterreno.
Primeiro, quando se desconfiou que as contas onde recebia o bescarcanhol mensal estivessem sediadas em Marte.
Depois quando levantou as antenas em pleno Parlamento, para admiração geral! Até o Sócrates ficou tão bué de assustado que o mandou de volta para Andrómeda.
Mas o gajo não foi para tão longe. Passado pouco tempo já estava a orbitar outra vez… o GES
O que vale é que a iminente (ou será eminente?) reforma judicial vai acabar com estes eternos processoes repletos de nulidades e recursos.
Mesmo que avançasse, continuava a ser preciso que a “independente” PGR e os “independentes” tribunais estivessem para aí virados, mas o protagonismo de injustiçado não era o mesmo.
Os tribunais são como os árbitros. Há os independentes, que decidem como queremos, e os comprados.
Var na Justiça, mas nem com var lá vai.
Nos casos em apreso, o problema é não quererem chegar a decidir porque não chega para o legado. A escrita é muito mais o seu estilo.
Apreso? Apre. Apreço.