O elogio da saudade

João Branco

 

Certo dia, Jean-Paul Sartre afirmou que “cada palavra proferida surte as suas consequências, mas, cada silêncio também”. O silêncio mata mais do que um berro, do que uma discussão acalorada, fruto do momento. O silêncio é a arte da tristeza, os píncaros da solidão, o maior inimigo humano. Antoine Saint-Exupery pintou o quadro construtivista da nossa existência enquanto ser social, quando ditou que “somos responsáveis por todos aqueles que cativamos”.
O tempo, esse magnífico escultor de Yourcenar, não perdoa e avança a galope pela estrada fora, qual Julian Alaphillippe nos cumes dessa Europa. Se a minha vida fosse uma subida ao Muur-Kapelmuur ou ao Muur de Huy, certamente nunca teria passado da base.
Como um dia cantou Kate Bush: “se eu pudesse fazer um acordo com esse Deus de mil faces, e o convencesse a mudarmos de posições, eu subiria com todo o gosto essa estrada, essa colina, esse edifício” vezes sem conta, mesmo se não fosse para cortar a fita na primeira posição, porque saberia de antemão que estaria a chegar e a aspirar sempre a um mundo melhor.
Tu és e sabes que és o meu mundo melhor. A crítica mais certeira e aquela que me doeu mais nos últimos anos, porque de facto roça a obscenidade da verdade, esse valor tão raro nos dias que correm e como tal tão obsceno para tantas pessoas, foi proferida por uma das pessoas descritas neste breve exercício de ajuste de contas com o meu passado, com esse tenebroso monstro que por vezes não nos deixa avançar: “Tu prometes mundos e fundos às pessoas e depois nunca cumpres, não porque não queiras ou porque não trabalhes para isso, mas porque as tuas expectativas são sempre superiores à tua capacidade de trabalho”. Passaram 10 anos sobre a formação desta casa aberta por uma das pessoas com as quais me pretendo reconciliar nesta casa com este texto, o Ricardo. Porém, antes de passar ao Ricardo, que ainda está vivinho e de boa saúde, vêm-me à mente duas outras pessoas do meu passado com quem me quero reconciliar: uma infelizmente não está entre nós. A outra ainda está mais presente do que nunca, apesar da distância. Este post é dedicado ao Ricardo, ao João José e à Natascha, três das pessoas que mais rasto deixaram na minha existência, três das pessoas que mais marcas me deixaram no corpo.

“Eu sei que a saudade está morta… Quem mandou a flecha fui eu” – Conan Osiris

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Tua – Região vs País

Na sua intervenção no debate promovido pelo Movimento Cívico da Linha do Tua no passado dia 17 de Janeiro de 2009, João Branco da Quercus refere as diferentes incoerências entre o que se tem dito e escrito sobre o projecto da barragem de Foz Tua e o que tem sido feito.

Aponta nomeadamente a questão de o próprio Estudo de Impacto Ambiental referir que “os impactos socio-económicos para a regiao são muito negativos”, e questiona a valia do facto de a barragem ter um impacto positivo a nível nacional ser tão considerado na medida em que “o distrito de Bragança é uma das regiões mais pobres de Portugal e uma das mais pobres da Europa”.

Destaca ainda a importância que uma ligação do Douro a Puebla de Sanabria poderia ter no desenvolvimento de Turismo da Natureza associado ao Parque de Montesinho e numa óptica de complementaridade da oferta turística do vale do Douro.

Podem descarregar o programa directamente ou subscrever o podcast através deste link .
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