A propósito de deslealdades

Confesso a incómoda náusea causada por essa espécie de epístola cavaquista, endereçada aos portugueses no prefácio do livro “Roteiros VI”. Ao estilo de carpideira, que chora o que não sente, o mais oco dos presidentes da actual república lamenta-se agora ter sido alvo de infame deslealdade por parte de José Sócrates. Invoca a violação do Art.º 201.º pelo ex-PM, ao omitir-lhe  a negociação e existência do PEC IV.

Sei desde longa data o que foi Sócrates, que Cavaco não demitiu. Tive o privilégio de nunca ter sido  seu apoiante ou votante. Ao contrário, fui crítico, aqui por exemplo.

Sinto-me livre de poder dizer que este enredo ao jeito de novela mexicana, a que ainda ultimamente o PR voltou a dar vida na visita ao navio-escola “Sagres”, é, como muitas outras novelas, um passatempo de mau gosto  e uma desforra política inoportuna e ofensiva para os portugueses.

Imagino Sócrates instalado em qualquer “bistrot” de luxo do Boulevard Saint-Michel, a saborear o revivalismo das tropelias passadas, em divertida tele-conversa com Silva Pereira. Como outros anteriores, incluindo o próprio Cavaco Silva, goza do estatuto de inimputável. Não é, de facto, o único.

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