
Apesar da vontade e determinação de Ursula von der Leyen (por quem me é impossível não deixar de sentir simpatia), todos os dias somos confrontados por uma evidência que de tão óbvia se torna inegável e que tem de começar a ser assumidamente considerada em todas estas equações: a Europa não existe. Ponto.
Além de ser o nome de um continente onde se aglomeram vários Países com muita história própria, a Europa como conceito supranacional é uma fábula. As Nações não são, não devem e não podem ser construções completamente artificiais. Para subsistir como unidade, os Nacionais têm de partilhar, maioritariamente, semelhanças, proximidades genéticas, mínimos éticos comuns, etc. que providenciem a “cola” que há-de manter o laço quase invisível que os reúne. E é nessa base, muitas vezes imperceptível ou não consciente, que se geram os necessários sentimentos de solidariedade, perda, conquista comuns que manterão a unidade nacional.
A Europa mais não é que um desejo de alguns burocratas que em função de circunstâncias políticas e globais, circunstâncias onde é possível perceber alguma confusão entre perenidade e transitoriedade, foi sobrevivendo e dando a ideia que florescia. Sempre à custa de muito dinheiro. Naquele princípio quase socialista que qualquer obstáculo se resolve ou desaparece se lhe atirarmos para cima dinheiro. Nem que seja às pazadas. Ah, e também com recurso a bastante autoritarismo e à “proibição” de discutir a sua própria existência.
Para nós, Portugal, foi, predominantemente, um verdadeiro Plano Marshall que nos permitiu atingir patamares de qualidade de vida que não tínhamos. Mas que também serviu para disfarçar a ineptidâo de uma ou duas gerações de políticos que só conseguiram governar porque tiveram essa quase inesgotável fonte de financiamento. O que torna quase transcendente o trabalho daqueles que, excepcionalmente, tiveram de governar não só sem essa “mina”, mas principalmente, contra ela.
E voltando à Europa, o “wishful thinking” que a tem mantido, começa a desmoronar-se. Natural e lógico. Porque nenhuma estrutura, principalmente esta pelo seu gigantismo, se pode manter se não tiver bases sólidas e permanentes. E a Europa está, nitidamente, construída em fragilidades.
O mais patético de tudo é que o princípio do fim se revela através da verificação de um provérbio tão imbecil e irritante quão verdadeiro: «Não peças a quem pediu nem sirvas a quem serviu».
Concordo 100% com o fascistoíde mor de serviço ao Aventar.
Deve estar doente. Terá sido o vírus ?
Erro
Ele não é fascistoide por enquanto. Lá virá o tempo.!
Por enquanto é apenas um liberoide.
Dupond e Dupont…
O Plano Marshall em grande parte era a fundo perdido para criação de emprego. O PEC (Lisboa 2020 e todos os outros) é a em troca de juros, precariedade, dependência e outros mimos. Não há semelhança. Que depois sejam usados para a sobrevivência das pequenas elites é um dos piores segredos da história, e não devia ser surpresa.
Descobrem agora os neoliberais que a Eurolândia não tem mecanismos para aquilo que nunca podia acontecer por causa da convergência. 30 anos depois de Delors ir passear nu, acordaram alguns.
O que vale é que Der Leyen é do mesmo clube, senão ainda reparavam que o currículo não mete inveja ao 44.
A Alemanha tem as costas largas para amiúde lhes atirarmos as culpas de todas as desgraças na Europa. Ou foi por causa do nazismo, ou é por causa da sua insensibilidade face aos outros Estados Europeus, enfim, um pouco de tudo à medida das conveniências de cada um.
Não tenho especial simpatia nem por alemães nem por judeus. Mas jamais confundirei os seus erros passados e presentes, com a sua enorme vontade de vencer, e não ficarem à espera de milagres.
Sim é verdade, a Alemanha foi a maior beneficiária com o aparecimento do euro. Mas alguém me dá uma razão plausível, que não o costume choradeira, seja à esquerda seja à direita, para o seu sucesso, e, já agora, sobre o autismo germânico face à restante Europa?
O maior exportador da UE para a China é a Alemanha. Exporta cerca de 45% do volume total das vendas entre a União Europeia e o gigante asiático.
A economia Alemã após II Guerra Mundial, já depois do famoso Plano Marshall, a partir de 1960, assentou arraiais numa indústria exportadora muito dinâmica, com forte propensão para a especialidade e elevado valor acrescentado da sua manufacturação. Hoje, não se limitam a fazer apenas bens de consumo caros, como automóveis topo de gama, nem electrodomésticos tipo Miele ou Bora. A Alemanha produz acima de tudo, bens de investimento. Por exemplo, ao nível da Robótica. Ou seja, exporta para muitos países tecnologia com elevado grau de eficiência e complexidade, as quais substituirão os humanos em muitas tarefas. Isso, para além de tudo o resto, dá-lhes uma grande vantagem.
A maioria dos países da Europa, França incluído, não passam de uns meninos de coro, ao pé dos alemães, no que concerne à alta tecnologia industrial. Daí os enormes superávites na balança de transações corrente da Alemanha, por comparação com os outros Estados.
Aqui nesta terra linda, Portugal, os nossos maiores empresários dedicaram-se a negócios de renda fixa, ou a negócios de mercearia, que é uma coisa parecida, apenas com a diferença de aparecer o Toni Carreira aqui e acolá a dar um show.
Com excepção dos pequenos e médios empresários, esses sim, ágeis e criativos, ao nível das grandes empresas só temos é chulos.
A Europa está falida. E está falida porque escolheu o caminho mais fácil. Aceitou uma globalização sem rei nem roque, tal como os EUA, e agora estão de joelhos perante a China. Os alemães safam-se porque não foram em cantigas.
O resto são as tretas do costume.
A Alemanha não tem as costas largas (e nem sequer é o maior vencedor), a Alemanha impôs ao Euro as mesmas regras que tinha para as suas regiões, e que já existiam nos mecanismos anteriores de limitação aos movimentos cambiais. E se dentro desta houve alguma solidariedade depois da reunificação, porque eram todos alemães, na Europa nada disso existe.
A Alemanha limitou fortemente o crescimento interno dos ordenados com o Hartz 1-4, com o efeito de aumentar a competitividade, juntando-o ao uso de uma moeda que não sobe graças a isso. Nestas circunstâncias de não-flutuação monetária, a única alternativa de quem usa a mesma moeda é cortar nos custos, ou seja, aumentar o desemprego para baixar salários (NAIRU, défice estrutural, …). Aliado a isso, e graças à desregulação financeira, passou a ser muito mais lucrativo para o capital criar empréstimos ao consumo do que extrair valor acrescentado pela produção. Não é por acaso que tudo o que é retalho o inunda com propostas de compras a crédito feito pelo mesmo.
Solução, só mesmo injectar procura de bens, possivelmente com ajuda a tarifas localizadas em situações em que possamos produzir alternativa viável a curto-médio prazo. Dentro do mercado único, ser bom aluno a ver cai algum desta vez (não cai).
Tá tudo aqui, http://www.plutobooks.com/9780745337326/reclaiming-the-state/ , ou pode procurar vídeos e blogs dos autores.
“Daí os enormes superávites na balança de transações corrente da Alemanha, por comparação com os outros Estados.”
E como “os enormes superávites na balança de transações corrente” são repetidos e sistemáticos, basta recordar o velho Samuelson para se concluir que secam tudo – entenda-se todos os países – à sua volta.
“Evidente, meu caro Watson”.
E sobre o acórdão disse nada; nem sobre a fundamentação nem sobre o alcance
Como percebe zero do assunto prepara um involtini com meia dúzia de larachas.
Quando não se tem nada a acrescentar o melhor é estar calado. Mas se fosse assim que seria feito dos blogs, novas tabernas de bla bla bla. Falta o vinho a granel porque tudo isto é online.
A UE existe SIM, mas só para alguns, os mais abastados. Tudo está desenhado para que os países ricos esmaguem os mais pobres e estes não sabem desenvencilhar-se dos seus abutres, pagam e não bufam.
O conceito de União Europeia remonta ao famigerado “Practical Idealism” do conde Kalergi, um plano pan-europeísta que englobava o norte de África e nada tem de democrático.
Nele se faz a apologia do governo pelas “elites esclarecidas” (leia-se comissão europeia, no presente momento) e do homem do futuro, que terá uma tez de pele idêntica à dos antigos egípcios.
Perante a realidade actual, como tudo isto faz sentido, como todas as peças do puzzle encaixam. Desde a comissão europeia (o governo das elites) aos pretensos refugiados (leia-se imigração ilegal fomentada) vindos do norte de África, onde depois de concretizada a operação Primavera Árabe até passaram a existir mercados de escravos e o Egipto continua em ditadura, mas agora “nossa” amiga.
E ao Nosso Senhor. Bem, nosso não, credo, quem quiser que o ature.
Agora o sentido também deve ser para iluminados, que o único que vejo é a velha história do capitalismo a mandar na política que já vinha n’A Riqueza das Nações.