Foto: Jeff Kowalsky@Vanity Fair
À porta do capitólio de Lansing, capital do Michigan, um dos Estados mais atingidos pela pandemia, um grupo de manifestantes pró-Trump protesta contra as medidas de confinamento, empunhando armas semiautomáticas que, aqui pelo Velho Continente, apenas vemos nos filmes, normalmente norte-americanos. Ou no serviço militar, se decidirmos fazê-lo. Ou no covil do quadrilha, se optarmos por uma carreira no crime organizado.
Alguns destes manifestantes, que gritavam “Os tiranos devem ser enforcados”, referindo-se aos legisladores estaduais, e que comparavam a governadora democrata Gretchen Whitmer a Adolf Hitler, exigindo a sua prisão, devido às medidas de confinamento impostas naquele Estado, onde vários hospitais entraram já em ruptura, invadiram as galerias do parlamento do Michigan, com as suas AR-15 e AK-47.
Reparem bem na criatividade dos membros da milícia: um grupo de tipos armados até aos dentes, que exige a execução de representantes democraticamente eleitos e legitimados pelo Estado de Direito que (ainda) vigora nos EUA, entra à força no capitólio para intimidar e ameaçar esses mesmos legisladores, e acusa uma das suas vítimas de se comportar com Hitler. Parece ficção. Parece um dos tais filmes onde nós, mortais, lá conseguimos vislumbrar o tal armamento de guerra os indivíduos na foto ostentam.
Este é apenas um de vários casos, que aconteceram em estados norte-americanos como o Kentucky e a Carolina do Norte, organizados por grupos de extrema-direita, que, só para nos situarmos, consideram a NRA demasiado branda. E que contam, sem surpresas, com um aliado de peso na Casa Branca, que não só não condena estas acções intimidatórias, como insiste que a governadora deve ouvir as tais pessoas armadas até aos dentes, que exigem, sem um motivo válido que seja, a sua prisão. Very presidential!
No fundo, esta é a proposta da nova extrema-direita, por cá financiada por estadistas como Vladimir Putin, aconselhada por gurus como Steve Bannon e venerada pelos aspirantes a tiranetes que todos conhecemos, como o que temos por cá. Violência e medo. Ou estás com eles, ou vais preso. Ou levas um tiro. Ou és enforcado. A ditadura do semiautomaticamente correcto dá-te algumas opções, mas a possibilidade de levares um tiro é mais provável. Mais vale mesmo ficar por cá, onde paramilitares como estes não existem, ou pelo menos não podem desfilar na rua de AK-47. Sempre dá para ter alguma esperança na humanidade.
armas semiautomáticas que, aqui pelo Velho Continente, apenas vemos nos filmes
Não é bem correto. Numa passagem recente pelo aeroporto de Bruxelas, encontrei-o patrulhado em todos os lados por parelhas de soldados empunhando armas com um aspeto pior que semi-automático. Fiquei com a ideia que a Bélgica estaria sob ocupação militar. Não me senti nada seguro à vista de tantas e tão perigosas armas.
A sério? Um aeroporto da capital da Europa vigiado por tropa?
Inaudito!
Pena näo ter visto o mesmo na Portela. Eu já vi!
Ou em Fiumicino, ou em Paris CdG.
Nos aeroportos… é normal! Onde näo é normal é NA RUA.
A fazer-se despercebido…
O Sr Lavoura de vez em quando, quer fazer dos outros parvos.
Uma coisa são as autoridades policiais ou ate militares ao serviço da ordem publica num Estado.
Outra bem diferente são uns arruaceiros a fazerem uma manifestação armados até aos dentes.
Qualquer dia vai achar bem que os “coletes amarelos” se lhes der na moca ou vendo os “bons exemplos” dos americanos, tragam para as manifestações armas de guerra
O problema é que os terroristas são brancos, senão tinham sido todos abatidos e estava o problema resolvido.
O autor do post ainda não percebeu que há pessoas que comem hoje aquilo que vão ganhar na próxima semana e se na próxima semana não ganharem nada ficam à mercê da caridade, da solidariedade e da fome.
Talvez nunca o venha a compreender, nem mesmo com o número de desempregados nos EUA apresentado na última semana (cerca de 20 milhões) mesmo à frente dos olhos.
Como não mostra capacidade para compreender o desespero em que outros se possam encontrar, atira-nos com “armas semi-automáticas”, com “manifestantes pró-Trump” “armados até aos dentes”, com “Os tiranos devem ser enforcados”, com comparações entre a “governadora democrata Gretchen Whitmer e Adolf Hitler” (a tal que, entre outras bizarrias, proibiu a pesca em barco a motor a mais do que uma pessoa, não havendo limites se o barco não tiver motor), ignorando que as ” medidas de confinamento impostas naquele Estado” estão a matar literalmente quem nela votou.
Atira-nos também com uma manifesta parcialidade, ao não referir que «o seu oponente republicano, Mike Detmer, não se deixou ficar e puxou para o discurso o assunto que mais pesa: “Vamos abrir o nosso comércio de novo. Temos de garantir que temos empregos para os quais voltar”», excerto do artigo do Expresso que cita.
( https://expresso.pt/coronavirus/2020-05-01-Manifestantes-com-metralhadoras-tentam-entrar-na-Camara-Legislativa-do-Michigan-em-protesto-contra-medidas-de-confinamento ).
Ainda não satisfeito, atira-nos com uma mentira que não sei onde terá ido buscar. Ao artigo do Expresso que cita e do qual se encontra acima link não foi.
No estado do Michigan é falso que “vários hospitais entraram já em ruptura”. Basta fazer uma pesquisa na net para o confirmar.
“Why Michigan hospitals are laying off workers as they battle …”
“Even as the coronavirus rages, Michigan hospitals plan layoffs”
“Beaumont to lay off 2,475, eliminate 450 Michigan jobs due to …”
Sim, vai tudo correr aos restaurantes, concertos, cinemas e festivais de música e encher as lojas para a economia voltar ao normal, enquanto os cadáveres são despejados em valas comuns. Não prestem nenhuma atenção ao “estímulo” que foi entregue aos “criadores de emprego” para (mais uma vez) recomprarem acções para aumentar o portfólio dos donos e enviarem o resto para o Panamá.
Está tudo bem, é só uma gripezinha, né? E quando chegarem aos 200000 no fim de semana, também vai continuar a ser?
Trata-se de escolher entre morrer por enforcamento ou morrer por fuzilamento. Melhor: trata-se de escolher entre morrer da doença (qual a probabilidade?) e morrer à fome.
Deixo-lhe uns links para que possa analisar em gráficos, com os dados de que se dispõe, aquilo que está a acontecer pelo mundo.
https://ourworldindata.org/grapher/covid-deaths-days-since-per-million?zoomToSelection=true&country=AUT+BEL+CAN+CZE+DNK+FRA+DEU+ISR+ITA+JPN+NLD+PRT+SGP+ESP+SWE+CHE+TWN+USA
https://ourworldindata.org/grapher/daily-covid-deaths-per-million-7-day-average?country=CAN+ITA+NOR+PRT+KOR+ESP+SWE+CHE+GBR+USA
Deixo-lhe também, vindo das notícias, uma realidade que vai transparecendo e que corresponde a alguns dos chamados “danos colaterais”.
“Afinal, a mortalidade registada no último mês pode ter sido até cinco vezes superior ao normal”
( https://zap.aeiou.pt/afinal-mortalidade-registada-no-ultimo-mes-pode-ter-sido-ate-cinco-vezes-superior-ao-normal-321518 )
«Os óbitos em causa incidem sobretudo em pessoas com mais de 65 anos e e em particular nos distritos de Aveiro, Porto e Lisboa e de forma mais expressiva nos distritos mais envelhecidos, detalha a mesma investigação.
De acordo com os cientistas, uma parte significativa das mortes poderá ter resultado do adiamento da procura de cuidados de saúde e do cancelamento de consultas e cirurgias não urgentes por causa da pandemia de covid-19.
“Não é profissionalmente, cientificamente e eticamente possível ignorar esta indução de mortalidade excessiva por os doentes não terem cuidados”, disse António Vaz Carneiro.»
«The collateral deaths from the lockdown are huge and will only get worse as the damage to the economic takes effect. In the U.K. today’s Guardian “Prof David Spiegelhalter, chair of the Winton Centre for Risk and Evidence Communication at Cambridge University and a member of the government’s Scientific Advisory Group for Emergencies, said: “Well over 3,000 [of the excess deaths] weren’t labelled as Covid. So nearly a third were from something else. There is a continuing anxiety that many of these are due to the lockdown itself. The one thing we do know is that the health service has been hugely disrupted, not just in terms of routine care, cancelled chemotherapies and radio therapies and elective surgeries, but also of people with symptoms not going to hospital.” This just relates to ONE WEEK. The article also mentions other factors such as economic hardship, and mental health problems.» (V. Allen)
Há ainda um outro aspecto a merecer reflexão: contrariamente ao habitual, parece que este ano não houve uma epidemia de gripe.
Trata-se de escolher entre morrer por enforcamento ou morrer por fuzilamento. Melhor: trata-se de escolher entre morrer da doença (qual a probabilidade?) e morrer à fome.
Deixo-lhe uns links para que possa analisar em gráficos, com os dados de que se dispõe, aquilo que está a acontecer pelo mundo.
https://ourworldindata.org/grapher/covid-deaths-days-since-per-million?zoomToSelection=true&country=AUT+BEL+CAN+CZE+DNK+FRA+DEU+ISR+ITA+JPN+NLD+PRT+SGP+ESP+SWE+CHE+TWN+USA
https://ourworldindata.org/grapher/daily-covid-deaths-per-million-7-day-average?country=CAN+ITA+NOR+PRT+KOR+ESP+SWE+CHE+GBR+USA
Deixo-lhe também, vindo das notícias, uma realidade que vai transparecendo e que corresponde a alguns dos chamados “danos colaterais”.
“Afinal, a mortalidade registada no último mês pode ter sido até cinco vezes superior ao normal”
( https://zap.aeiou.pt/afinal-mortalidade-registada-no-ultimo-mes-pode-ter-sido-ate-cinco-vezes-superior-ao-normal-321518 )
«Os óbitos em causa incidem sobretudo em pessoas com mais de 65 anos e e em particular nos distritos de Aveiro, Porto e Lisboa e de forma mais expressiva nos distritos mais envelhecidos, detalha a mesma investigação.
De acordo com os cientistas, uma parte significativa das mortes poderá ter resultado do adiamento da procura de cuidados de saúde e do cancelamento de consultas e cirurgias não urgentes por causa da pandemia de covid-19.
“Não é profissionalmente, cientificamente e eticamente possível ignorar esta indução de mortalidade excessiva por os doentes não terem cuidados”, disse António Vaz Carneiro.»
Há ainda um outro aspecto a merecer reflexão: contrariamente ao habitual, parece que este ano não houve uma epidemia de gripe.
Trata-se de escolher entre morrer por enforcamento ou morrer por fuzilamento. Melhor: trata-se de escolher entre morrer da doença (qual a probabilidade?) e morrer à fome.
Deixo-lhe uns links para que possa analisar em gráficos, com os dados de que se dispõe, aquilo que está a acontecer pelo mundo.
https://ourworldindata.org/grapher/covid-deaths-days-since-per-million?zoomToSelection=true&country=AUT+BEL+CAN+CZE+DNK+FRA+DEU+ISR+ITA+JPN+NLD+PRT+SGP+ESP+SWE+CHE+TWN+USA
https://ourworldindata.org/grapher/daily-covid-deaths-per-million-7-day-average?country=CAN+ITA+NOR+PRT+KOR+ESP+SWE+CHE+GBR+USA
Deixo-lhe também, vindo das notícias, uma realidade que vai transparecendo e que corresponde a alguns dos chamados “danos colaterais”.
“Afinal, a mortalidade registada no último mês pode ter sido até cinco vezes superior ao normal”
( https://zap.aeiou.pt/afinal-mortalidade-registada-no-ultimo-mes-pode-ter-sido-ate-cinco-vezes-superior-ao-normal-321518 )
«Os óbitos em causa incidem sobretudo em pessoas com mais de 65 anos e e em particular nos distritos de Aveiro, Porto e Lisboa e de forma mais expressiva nos distritos mais envelhecidos, detalha a mesma investigação.
De acordo com os cientistas, uma parte significativa das mortes poderá ter resultado do adiamento da procura de cuidados de saúde e do cancelamento de consultas e cirurgias não urgentes por causa da pandemia de covid-19.
“Não é profissionalmente, cientificamente e eticamente possível ignorar esta indução de mortalidade excessiva por os doentes não terem cuidados”, disse António Vaz Carneiro.»
“O autor do post ainda não percebeu que há pessoas que comem hoje aquilo que vão ganhar na próxima semana e se na próxima semana não ganharem nada ficam à mercê da caridade, da solidariedade e da fome.”
Isso é verdade, mas está a esquecer-se do pormenor das armas na mão. Um pequeno pormenor
Um pormenor que é legal.
É “legal” porque säo brancos.
Como disse o Trevor Noah, se fossem pretos, nem teriam chegado ao edifício, a bófia já os teria preso pelo caminho.
Bem, mas já até o Hannity da Fox News veio a terreiro criticar os manifestantes armados. Quando chegamos a esse ponto…!
É legal e foram autorizados, porque a manifestação foi para apoiar o que o Trump quer fazer, mas se fosse ao contrario ou fossem negros com muito bem diz o Pimba ?
O teu patrão George Soros comela a ficar com medo dos brancos Americanos é? Eu se fosse Sionista Tirano como ele também ficava com medo…