O cheiro é que é diferente – ou talvez seja o mesmo

Quando a merda assenta, as moscas, babando, assentam nela. O cheiro, esse, é o mesmo de sempre, neste Portugal esquecido e saudosista.

“Presença de Passos Coelho no MEL não passa despercebida”.

Comments

  1. Patolas says:

    O pote de mel sempre foi e será o grande objectivo do farsola lambão (ladrão de reformas e vencimentos e distribuidor de bens públicos pela “iniciativa privada”). O carácter não se compra…

    • Paulo Marques says:

      É mais homem de legado a tentar imitar o mestre na reforma de ceder em tudo ao capital, mas tem o azar de as contradições da desunião já serem tantas que só engana os PMCs que ainda não levaram com elas.
      Não que não goste das benesses; mas, como o mestre, são a cereja, e quase nada comparado com o que ficou o gabinete.

  2. Rui Naldinho says:

    Miguel Guedes – Músico e jurista

    As saudades que a Direita tem

    Há uma fragrância a obituário nos derradei primeira fila da convenção quando Ventura e Rio tomaram o palco. Patrono. Se os líderes da direi- ta falavam, haviam de falar para si. A presença significava. A sua imagem era a leitura pros momentos do MEL, congresso no qual – apesar da omissão do convite ao “Ergue-te” (ex-PNR) – desfilaram as várias tendências da direita e da extrema-direita portuguesa. No mo- mento em que o líder do Chega entra na sala, acompanhado do seu séquito, teciam-se elogios ao fundador do CDS Francisco Lucas Pires. O alarido obrigou à interrupção do painel. Na primeira fila, Ventura senta-se ao lado de Pedro Passos Coelho e espera pelo seu momento, como bom delfim do ex-primeiro-ministro. A candidatura autárquica a Loures ainda a pairar na memória colectiva como rampa de lançamento político de Ventura, debaixo das saias de um PSD já na altura suficientemente desinteressado de valores para albergar e manter o candidato, após declarações racistas proferidas em plena campanha.
    No MEL, Pedro Passos Coelho tenta manter-se sereno, sem grandes manifestações ou aplausos, não fosse ele o génio da lâmpada, o D. Sebastião esvoaçante, deus por todos desejado, saltimbanco de um lugar de sala anónimo para aaternal do futuro. O que depois se disse sobre o fundador do CDS já poucos devem ter ouvido. A seguir, o líder da extrema-direita portuguesa subia ao púlpito para receber ainda maiores aplausos do que quando irrompeu pela sala, interrompendo a evocação a Lucas Pires.
    Nenhum líder partidário se ou- viu um ao outro. Coube a Rui Rio encerrar o congresso e assumir que a piada estava feita: “o PSD não é um partido de Direita”, assegurou. Um teste ao sangue-frio dos presentes. Ventura já não estava lá para se encher de razão e capitalizar o sentimento de revolta que deve ter trespassado todas aquelas almas que, no dia anterior, aplaudiram o branqueamento do Estado Novo à volta dos seus maravilhosos índices económicos e da sua luta contra o analfabetismo (pasme-se!). Os mesmos que olharam a historiadora Fátima Bonifácio como alento de alma, ao decidir finalizar a sua intervenção citando Fernando Pessoa para tecer elogios a Salazar. A saudade, esse
    sentimento Franco-atirador, irresistível. Francisco Rodrigues dos Santos entra e sai anónimo. A Iniciativa Liberal faz o que tem a fazer, apresentando-se a jogo no seu tabuleiro (quem não se recorda do partido que, após eleger um deputado, se dizia ao centro do espectro político, nem de esquerda nem de direita, fazendo aquela rábula memorável de se querer sentar a meio do Parlamento?).
    Tempos houve em que a Esquerda portuguesa se digladiava num saco de gatos. Mas nada bate o desespero da Direita sem vislumbre de poder durante uns anos. A Direita já nem tem saudades de si, só tem saudades de outros tempos. Se é esta Direita que se apresenta ao país, é mesmo bom que Rui Rio fuja para uma terra de ninguém. A insondável equação é porque dela se afasta sendo, simultaneamente, o seu maior promotor. No acto final, Passos Coelho acompanha Rui Rio à porta de saída, mas volta para trás por se ter esquecido de um papel com contactos. Se público houvesse na sala, teria sido tremendamente aplaudido.
    O AUTOR ESCREVE
    SEGUNDO A ANTIGA ORTOGRAFIA

  3. Júlio Rolo Santos says:

    Ainda bem que Passos Coelho tem o descernimento suficiente para não regressar ao poleiro, de onde não deixou saudades, sobretudo aqueles que se viram despojados dos seus salários e magras reformas e ainda das milhares de famílias que tiveram de entregar a sua casa aos Bancos acomunados com o poder.

    • Paulo Marques says:

      Precisamente por não deixar saudades é que era bom ver o povo a falhar novamente a tão grandes patriotas.