Meritocracia? Capitalismo? Os dois?

Novo Banco tem prejuízo mas atribui prémio de 1,9 milhões aos gestores

#DaSérieAmigosaEnviarCoisasBoas:

É o Novo Banco, estúpido!

Entretanto, no Novo Banco, regista-se novo prejuízo, na casa dos 1300 milhões de euros e, paralelamente, distribuem-se 2 milhões em prémios pela equipa de gestão, premiando assim o excelente desempenho a acumular péssimos resultados, perante o silêncio sepulcral de um governo alegadamente de esquerda. Depois aparece um palerma qualquer, esbaforido, a arrancar cabelos e a gritar que a culpa é do socialismo, do Marx e da Venezuela, e que a solução é o Ventura. É mais ou menos neste ponto que estamos.

4 de Maio de 2021 – A noite de horror dos Pablos

É preciso algum cuidado na análise aos resultados de ontem, em Madrid, de Isabel Ayuso. A sua vitória esmagadora não é uma vitória esmagadora do PP. Não. Nem é apenas uma derrota esmagadora de um Pablo, o Iglesias. O 4 de Maio ficará para a história da política espanhola como a noite de horror para dois Pablos. O Iglesias e o Casado. Por razões diferentes.

A cosmopolita Madrid derrubou de forma implacável um dos seus representantes. Pablo Iglesias é um produto dessa Madrid cosmopolita, moderna e jovem. Foi a partir de Madrid que Iglesias partiu rumo à conquista da esquerda espanhola. E foi em Madrid que se transformou naquilo a que hoje o apelidam muitos dos que acreditaram na banha da cobra que lhes vendeu, o “podemita”. E ser um “podemita” em Espanha é tudo menos positivo. Ser um “podemita” não é ser um militante ou apoiante do Podemos. Não. É ser alguém que traiu os seus eleitores, que traiu o ideal que, supostamente, defendia e representava. É o “podemita” que se transformou no inquilino de um luxuoso condomínio habitacional dos arredores de Madrid, que vivia no meio daqueles que tanto criticou, cujos vizinhos alimentam o voto franquista do Vox. É ser tudo aquilo que antes tanto criticou aos seus adversários.

A mesma cosmopolita Madrid que votou Ayuso mas não vota Pablo Casado. Porque lhe falta a ele o que ela tem para dar e vender: carisma e “huevos”. Isto escrito por alguém que não vai muito “à bola” com a senhora. Continuo a ter muitas dúvidas na estratégia de Ayuso na gestão da pandemia (a mesma estratégia, confesso sem qualquer hesitação, que lhe permitiu construir este resultado histórico). Aliás, ao dia de hoje, Madrid continua a ser um barril de pólvora quanto ao número de infectados e ao número de doentes nas UCI. Porém, mal ou bem (o futuro o dirá), Ayuso fez algo que em política é essencial mas que se tornou raro: escolheu um caminho e foi por ali fora sem pestanejar. Escolheu manter Madrid minimamente aberta, decidiu colocar-se ao lado dos comerciantes da sua região e dizer que não se pode combater uma pandemia matando com a cura. Enquanto que nas restantes regiões de Espanha o comércio estava fechado e as regras de recolher obrigatório eram (ainda são) duras, em Madrid eram flexíveis. Se nas Baleares fechava tudo (ou quase) às 17h, em Madrid fechava às 23h (ou mais). São opções. Que só o futuro dirá qual a mais correcta.

[Read more…]