Caro Zaidu,
Eu sei que tu não me conheces de lado nenhum. Eu apenas te conheço de te ver a jogar com a camisola do meu clube, o FC Porto. E, enquanto tal, fartei-me de te criticar. Muito. Fosse no blogue Aventar, nas “Conversas Vadias” ou no meu facebook. Sem dó nem piedade. É verdade, Zaidu, não fui meigo.
Tu pertences a uma vasta linhagem de jogadores que só Deus saberá o porquê, foram (são) escolhidos pelo meu clube sem que ninguém perceba: Manafá ou Carraça, por exemplo. No teu caso foi do Mirandela para os Açores e daí para o Porto em menos de um piscar de olhos. Para substituir uma lenda: Alex Telles. É verdade que corrias que nem uma gazela. Mas os centros…os passes….as marcações….a forma como parecia que a bola te queimava nos pés….nada jogava a teu favor. E eu fui um dos que não perdoei. Depois veio um tal de Wendell cheio de pergaminhos e eu pensei que a coisa estava resolvida. Não estava. Bem pelo contrário. De repente, dei por mim a gritar: foda-se, mete o Zaidu. A partir daí, a minha opinião ficou mais moderada. Mas negativa.
Até ontem, Zaidu. Ontem tu foste o herói improvável. É verdade que andavas a prometer, nos últimos jogos, fazer o gosto ao pé. Mas contra o Benfica, no terreno do eterno rival, com um golo que decidiu o 30º título? Ao minuto 94? Com o estádio de pé a gritar “coiso, coiso, coiso”? Nem nos melhores sonhos molhados!
O teu golo não foi um estalo, foi uma lostra. Uma gigantesca lostra na cara de muitos que, como eu, te consideravam o patinho feio da nossa equipa. Ontem, Zaidu, ganhaste o teu lugar na história do FC Porto, o teu lugar no nosso museu, o nosso eterno respeito e consideração. E no meio da festa, aos microfones do Porto Canal, do fundo do teu coração, com toda a raiva contida até ontem soltaste um grito que calou fundo na nossa alma: TRABALHO! Muito trabalho. E é por isso que, meu caro Zaidu, estou hoje que nem Egas Moniz, com a corda ao pescoço e aqui, publicamente, a pedir-te DESCULPA!
Nem mais. O FCP tem o condão de transformar cidadãos comuns em heróis.
Todos os clubes e seleções têm o seu momento Éder.
A História do futebol é feita por muito boa gente que se esforça e de que maneira, por manter alguma qualidade técnica e tática num jogo de futebol, mesmo sabendo nós que o jeito e a habilidade não são os seus melhores atributos. Zaidu é mais um desses exemplos.
Foi assim com Kelvin em 2011, com Éder em 2016, na seleção, e agora com o Zaidu em 2022, ainda que no presente caso, o título já estivesse praticamente garantido. Era mais o fetiche de ganhar na Luz.
Zaidu, um excelente jogador, humilhado, rebaixado e denconsiderado pelo Sérgio Conceição, seu treinador, em Famalicão.
Lembram-se?
Essa do excelente jogador é só para levantar o moral das tropas?
Ainda me lembro do jogador Oceano, no Sporting, também ele defesa, mas podia citar uma dúzia de nomes, em muitos outros clubes. O esforço e a dedicação podem sempre ser recompensados com um ou dois momentos de glória. Ainda bem que assim é. Mas não mais.
Talvez fosse bom não confundirmos a genialidade e a mestria com a força de vontade. Uma coisa nada tem a ver com a outra.
Não é por acaso que o Real Madrid tem 13 Ligas dos Campeões Europeus.
Quem não tem dinheiro para cão caça com gato. Ou, pelo menos, compra o cachorro e espera que a experiência faça boa parte do resto.
É verdade que antes das negociatas das comissões e da espiral inflacionária a coisa funcionava melhor. Mas nunca faltaram os patinhos feios, nem portistas a dizer que o Quaresma ou o Hulk não jogavam nada.
Amai-vos uns aos outros como o Pinto da Costa vos ama. O O YouTube continua a desmascarar aquela piedosa camarilha. Noutro qualquer país justo estava tudo engavetado.
Andais fodidos nesta vida, não porque sejais roubados, e logo vós, o clube do regime, mas porque apesar de metade dos árbitros da Primeira Liga serem benfiquistas, Luís Godinho, Manuel Mota, Hugo Miguel, Nuno Almeida, João Pinheiro, entre outros menos badalados, com as ferramentas disponíveis para “clarear o futebol”, o espaço de manobra para o amiguismo encurtou.
Pois é a matemática é fodida. Ainda o ano passado o Sporting teve um golo anulado por 2 cm. Se a tecnologia serve para uns, tem de servir para todos.
Acredito que um dia o futebol se aproximará da geometria, a tal ponto, em que o erro será milimétrico, mas tolerável. Coisa que num passado da minha memória não acontecia.
Nessa altura vais implicar com o quê?
Com a tecnologia ou com a verdade desportiva?
Ou queres que te lembre de Inocêncio Calabote, Inácio de Almeida, ou até mais recentemente de um Lucílio Batista?
Chora mais, bébé.
Talvez lembrar-te que o teu presidente é o cidadão mais vezes constituído arguido em Portugal … e sempre inocente. Deve ser a verdade desportiva e a tecnologia de que falas … há quem lhe chame outras coisas.
Claro que não roubam nada, ups, … então e os emails para os adulterarem, e desta vez como não foi o padrinho … foram condenados.
Virá o dia em que se descobrirá quem pagou ao Rui Pinto para sacar os emails, afinal o benjamin do Francisco Marques gostava de fazer turismo nos bairros sociais de Budapeste.
Ó filho, a gente ainda se lembra do Vale Tudo, e sobre o Vieira ainda vamos na adro.
Vai chorando, que as provas hão-de aparecer!
“Virá o dia em que se descobrirá quem pagou ao Rui Pinto para sacar os emails, afinal o benjamin do Francisco Marques gostava de fazer turismo nos bairros sociais de Budapeste”
Aquilo que incomoda a nossa justiça não é o roubo dos emails. Até porque aquilo que lá está escrito é a prova do crime. Ou vês dizer/me que os emails são falsos?
O que incomoda a justiça e a judiciária em especial, foi ter sido um hacker a fazer o trabalho que deveria ter sido feito por eles. Investigar o futebol em geral, neste caso o Benfica como agente corruptor.
O que só prova que a Justiça neste país veste as cores do SLB, em vez de fazer o seu trabalho de forma honesta e imparcial.
O resta são tretas.