Para que se percebam os discursos, as intenções e as percepções nesta guerra: não há apenas duas realidades, a nossa, a mais próxima da própria realidade e a russa, algo como uma “realidade paralela”.
Há ainda, entre as duas, uma outra zona: a de putin, a da nomenclatura russa. Eles têm a perfeita noção do que aconteceu e do que está a acontecer. Principalmente têm noção do que fizeram e da forma como isso está a “correr”. Não têm qualquer hipótese de não o saber. Nem penso que não o queiram saber.
Agora a maneira como falam e reagem, implica uma opção deliberada pela deturpação dos factos, pela reescrita da história, pelo “wishful thinking”. Isto é, o discurso deles tem dois objectivos simples:
1 manipular a “opinião pública” russa (e o facto de sentirem essa necessidade, dá-nos esperança) e, no limite, dar “argumentos” (risíveis) aos poucos, mas barulhentos “infiltrados” no Ocidente;
2 criar um obstáculo inultrapassável no diálogo entre os dois “lados” porque não é possível conversar com quem não tem mínimos de congruência. Só a tentativa implica, desde logo, uma concessão negocial que os beneficia. Implica aceitar de princípio as bases do inaceitável.
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