Realidades

Para que se percebam os discursos, as intenções e as percepções nesta guerra: não há apenas duas realidades, a nossa, a mais próxima da própria realidade e a russa, algo como uma “realidade paralela”.

Há ainda, entre as duas, uma outra zona: a de putin, a da nomenclatura russa. Eles têm a perfeita noção do que aconteceu e do que está a acontecer. Principalmente têm noção do que fizeram e da forma como isso está a “correr”. Não têm qualquer hipótese de não o saber. Nem penso que não o queiram saber.

Agora a maneira como falam e reagem, implica uma opção deliberada pela deturpação dos factos, pela reescrita da história, pelo “wishful thinking”. Isto é, o discurso deles tem dois objectivos simples: 

1 manipular a “opinião pública” russa (e o facto de sentirem essa necessidade, dá-nos esperança) e, no limite, dar “argumentos” (risíveis) aos poucos, mas barulhentos “infiltrados” no Ocidente; 

2 criar um obstáculo inultrapassável no diálogo entre os dois “lados” porque não é possível conversar com quem não tem mínimos de congruência. Só a tentativa implica, desde logo, uma concessão negocial que os beneficia. Implica aceitar de princípio as bases do inaceitável. 

Grato aos russos, aos ucranianos e a todos os soviéticos

Neste Dia da Europa, 9 de Maio, lembro sempre, gratamente, quem deu a vida para nos livrar do nazismo de Hitler, em particular os mais 22 milhões de soviéticos que pereceram, entre os quais os ucranianos. Se hoje vivemos sem o terror nacional-socialista em toda a Europa, não é aos europeus que o devemos, mas sim a quem nos veio resgatar: os soviéticos, em primeiro lugar, e os norte-americanos que, após Pearl Harbor, em boa hora decidiram tomar como deles as nossas dores.

Desde então a Europa tem sido o reflexo do poder dos vitoriosos, divididos entre pró-americanos e pró-russos, sem rumo certo, aos tropeções dos ventos políticos que foram soprando de ambos os lados, embora do lado do regime por nós fundado e erguido – a Democracia.
A Europa feneceu após a era colonial “gloriosa”, de seiscentos até ao dealbar do sec. XX, enquanto os novos imperialismos medraram, mas [Read more…]

Se vamos investigar o PCP, investigue-se o PSD também

Essa ideia de se investigar um partido, por ter uma posição com a qual não se concorda, parece-me uma ideia pouco democrática. Mas se é para ser, então que seja retroactiva. Porque se vamos investigar as ligações do PCP ao Kremlin, talvez fizesse igualmente sentido investigar o PSD, porque a ascensão meteórica de Durão Barroso, da Cimeira das Lajes para a presidência da CE, e daí para a do Goldman Sachs, para ainda ir parar à Aliança Global para as Vacinas, também dava uma bela de uma investigação.