Liberdade para ignorar

Misael Martins*

A família Mesquita Guimarães, sinistras e anacrónicas figuras que também dão pelo nome
de “os pais de Famalicão”, deram uma entrevista exclusiva à SIC em que se encarregaram de
deixar bem claras as razões de fundo que os movem na sua batalha judicial contra o Estado
português que se arrasta há mais de quatro anos: fundamentalismo religioso e vontade de
controlar ao limite um direito que nenhum pai ou mãe pode negar aos seus filhos num
Estado de direito – o direito à educação.
Artur e Ana Paula Mesquita Guimarães alegam que o Estado não se pode sobrepor aos pais
na educação das crianças e agitam, até, um conceito estranho ao sistema de educação em
Portugal: a objeção de consciência, no sentido de impedir a frequência dos seus filhos de 14
e 22 anos das aulas de Educação para a Cidadania. A posição não é recente e o caso já se
arrasta há vários anos na justiça, com intervenções por parte do agrupamento de escolas de
Famalicão e da própria Comissão de Proteção de Crianças e Jovens. Também não são
recentes as invetivas destes pais, membros da Opus Dei, contra a “ideologia de género” e a
educação sexual, com reconhecidos méritos, desde a sua introdução nos currículos, na
disseminação da utilização de métodos contracetivos entre os jovens e na consequente
diminuição de gravidezes na adolescência e de doenças sexualmente transmissíveis. [Read more…]