250€ por uma despensa em Custóias

Um tipo qualquer em Lisboa (ou no Dubai, que o capital não tem pátria) teve uma ideia genial: tirou as batatas e as cebolas da despensa, enfiou lá uma cama cortada à medida, decretou que a despensa passaria a ser um quarto e alugou-o por 250€. Existem celas em Custóias com mais espaço. E reclusos com mais arcaboiço moral que os abutres do imobiliário.

Comments

  1. Luís Lavoura says:

    E?
    Só arrenda isto quem quer.
    Pelos vistos, há quem queira.

    • POIS! says:

      Ora pois!

      E só falta dizer que o João Mendes não considera imensas vantagens:

      Os lençóis dificilmente desprendem, pelo que a cama está sempre feita.

      Poupa-se muito por não ser necessária uma mesinha de cabeceira.

      Se o arrendatário arranjar “diversão”, sempre pode escolher entre estarem virados para a parede ou para a porta. Ou cada um para seu lado, e depois trocam. verdadeiramente excitante!

      Se houver um novo terramoto, o arrendatário, pelo menos, não cai da cama.

      E tudo por apenas 250 euritos! Querem mais? Vão para a Quinta da Marinha!

      Não sabem que o metro quadrado está pelas horas da morte? Forretas!

    • Paulo Marques says:

      Há mínimos, sr Lavoura. Ou isso ou começo a alugar tendas no jardim com um balde e uma mangueira como extras.

      • Luís Lavoura says:

        Nada o proíbe de alugar tendas no jardim.
        A AirB&B começou com tipos que alugaram um colchão de praia insuflável instalado na sua sala de estar para uma pessoa dormir. Tiveram clientes. O Paulo Marques pode tentar fazer o mesmo.

        • Paulo Marques says:

          Se é para falar de alojamento local, posso alugar casas que não existem ou estão a cair aos bocados com imagens falsas que a empresa não quer saber.
          O que já é mau, mas não é habitação.

  2. JgMenos says:

    E a economia, estúpido: espaço, limpeza, água, luz.

  3. Luís Lavoura says:

    Em Tóquio e noutras cidades japonesas há hotéis com quartos assim. Com a diferença de que têm o teto rebaixado: uma pessoa não se pode pôr de pé no quarto, somente pode estar sentada ou deitada na cama. São quartos que se destinam somente e exclusivamente para a pessoa dormir. Dessa forma esses hotéis poupam espaço, conseguem colocar mais hóspedes no mesmo volume de construção.
    E têm clientes!

    • POIS! says:

      Pois cá também há…

      Mas chamam-se jazigos.

      E têm clientes!

  4. Helena says:

    A culpa é do alojamento local. Principalmente em Custóias.

    • Paulo Marques says:

      Tem metro, não tem? Até parece que os municípios do distrito não têm todos AL em sítios onde não se espera.
      Ou isso ou Ermesinde deve ser uma atracção turística mundial e eu não sabia.

  5. Anonimo says:

    Há limitação do número de banhos?

    • POIS! says:

      Parece que não.

      E, com um bocado de sorte, um tipo nem necessita de sair da cama para se banhar. Abre a torneira e deixa correr. Em breve o apartamento fica cheio.

      Mais uma vantagem!

  6. francis says:

    Está instalada a ganância desmedida ( e imoral ) e parece que muitos de nós a aceitam e acham normal. Deve ser o tal mercado…

  7. JgMenos says:

    Ai, a ganância!
    É coisa de capitalistas…já os proletários, tadinhos, de gananciosos não tem nada…só aquela coisa de ‘segundo as suas necessidades’…

    • POIS! says:

      Pois tem razão Vosselência!

      A ganância não é um exclusivo dos capitalistas. Atinge outros parvos, como é o caso de Vosselência. Nisso é muito democrática.

    • Paulo Marques says:

      Querer comer é ser ganancioso, por isso é positivo.

  8. Anonimo says:

    Tem wifi. E 15 companheiros e companheiras de casa.
    Banheiro inclusivo

  9. Joana Quelhas says:

    Mais uma vez a surgir ao de cima a mentalidade Comuna.
    Apesar de quem quer que seja que alugue o referido, o faça de livre vontade o Comuna acha-se no direito que interferir. O Comuna sabe melhor que o individuo o que é melhor para ele.
    O Comuna quer uma Lei.
    O comuna pensa que o sector tem de ser REGULADO.
    Onde é que já se viu as pessoas fazerem negócios/acordos entre si de livre vontade ?
    Ao Comuna não lhe importa que acresça aos 250 mais 57,5 € de impostos e ainda mais 2€ por noite direitinhos para pagar – escolher o que melhor se adequar:
    TAP,CP, Subvenções Vitalícias aos esforçados políticos, Subsídios aos Sindicatos e à miríade de ONG etc..etc .

    Para os espertinhos que vão dizer …ah os 250 já incluem os impostos, a diferença não é muita pois serão 46,7 + 2 €…que vai dar ao mesmo.

    Na mentalidade Comuna não passa pela cabeça que se o referido quarto não valer esse dinheiro ninguém o alugará, tão simples como isso , ou seja o odioso mercado a funcionar.
    A mentalidade comuna imagina regular o preço, ou seja baixar o preço. E o que é que isso iria provocar ? Provocaria uma procura exagerada e a selecção do cliente seria talvez por ordem de chegada.
    Quem chegaria primeiro ?
    Aquele que tivesse mais tempo disponível para ir para a fila. O que mais precisava do quarto podia nunca conseguir chegar a tempo de conseguir alugar.
    Por outro lado o preço alto chama novos “players” para o mercado de arrendamento (movidos pela ganância) que aumenta a oferta, a qualidade e baixa de preço.
    Um preço baixo provoca o exacto oposto .
    Isto é uma pequena amostra como a esquerda tira a Liberdade aos indivíduos e empobrece um pais.

    Joana Quelhas

    • POIS! says:

      Pois é, ó Quewellhass (*)

      Só falta agora aplicar o brilhante raciocínio económico-parolo a todos os outros setores.

      Por exemplo: imagine que o azar lhe atribui um doença daquelas sérias. Tipo cancro, ou pior.

      Vá lá, faça um esforçozinho. E, suponhamos que, como é o mercado a funcionar, lhe pedem um balúrdio pelo tratamento.

      Eis o raciocínio de Vosselência adaptado ás circunstãncias:

      “Na mentalidade Comuna não passa pela cabeça que se o referido tratamento não valer esse dinheiro ninguém o seguirá, tão simples como isso , ou seja o odioso mercado a funcionar”.

      E funciona perfeitamente. Só que a diminuição da procura dos tratamentos médicos terá, como consequência, num aumento da procura dos outros setores.

      Neste caso, das agências funerárias, o que provocará um aumento do preço dos funerais. Ora, se o funeral não valer o dinheiro que pedem por ele, pois restará á família abrir um buraco no quintal, ou guardar o defunto na arca frigorífica até que um aumento da oferta faça baixar os preços.

      Ora, como diz Vosselência:

      “A mentalidade comuna imagina regular o preço, ou seja baixar o preço. E o que é que isso iria provocar ? Provocaria uma procura exagerada e a selecção do cliente seria talvez por ordem de chegada.
      Quem chegaria primeiro?”.

      Pois. Uma procura exagerada de cirurgia ou quimioterapia, seguida de uma procura exagerada de funerais.

      Neste caso, as agências seriam confrontadas com filas contínuas de clientes ansiando por um serviço fúnebre. Arriscavam até que muitos dos interessados acampassem á porta dos estabelecimentos, tipo malta à procura de bilhetes para os “Coldplay”.. Como resolver?

      Talvez um sorteio. Depois anunciariam:

      “O contemplado com o primeiro prémio é o Sr. Manel Silva, que irá ver o seu tumor da próstata completamente erradicado! Em breve poderá chegar a sua vez! Continue a ligar para o nº 333 444 555, apenas 69 cêntimos+IVA!”.

      Ou: “O Funeral do Dia vai para Zeferino Zacarias, que não conseguiu ser contemplado no sorteio anterior. Se faleceu e não foi contemplado, não desanime. Amanhã há um novo sorteio!”

      E remata Queuellhass (*):

      “Por outro lado o preço alto chama novos “players” para o mercado de arrendamento (movidos pela ganância) que aumenta a oferta, a qualidade e baixa de preço”.

      Então não chama? É logo!

      Os “players” acordam de manhã, cheios de ganância e decidem logo. Assim, tipo, “isto da peixaria não está a dar nada! Vou já transformar isto numa clínica oncológica! Ah! E ali na despensa, monto uma agência funerária. Assim, o serviço passa ser completo!”.

      Passado dois dias, aposto, na cidade onde isto se estava a passar já existiriam 2452 novas clínicas oncológicas e 3647 agências funerárias novinhas em folha. E todas a dar descontos e a fazer promoções!

      “Radiação, hoje? Leve duas e pague uma!”. “Funeral completo: 50% de desconto em cartão!”.

      É o mercado a funcionar! E o país a enriquecer! Adoro-te ó mãozinha invisível!

      (*) Conforme nos ensinou, aplico a Vosselência a máxima do Alencar (seja ele quem for) “Não mencionar o excremento”.

      Obrigado pela citação, ó Quwelllhhass!

    • Paulo Marques says:

      E para a neoliberaloide, a oferta nunca falha, só pode ser falhada. Nem lhe passa pela cabeça que pode ser artificialmente baixada para aumentar o lucro, coisa nunca imaginada ou reportada.

    • Paulo Marques says:

      Para a neoliberaloide, só o estado pode regular o preço. Entretanto, na realidade, falta pouco para copiarmos este nível:

      https://www.propublica.org/article/yieldstar-rent-increase-realpage-rent

Discover more from Aventar

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading