O silêncio faz barulho e o perigo de deixar a institucionalidade para os militantes adolescentes

A Iniciativa Liberal foi o único partido português a não se referir às eleições brasileiras.

Do Partido Socialista ao Bloco de Esquerda e ao Partido Comunista, do Partido Social-Democrata ao Livre, todos reagiram. Até o Chega, mesmo que na reacção tenha lançando cocó à parede, reagiu. E aqueles que, como o PSD, estarão nos antípodas do Partido dos Trabalhadores e de Lula da Silva, deram os parabéns ao recém eleito.

Já os ultra-liberais portugueses decidiram dizer que, numa eleição democrática, nem sus nem mus. Lembremo-nos que quando Guaidó, apoiado pelos Estados Unidos da América e pela União Europeia, preparava um golpe de Estado na Venezuela, numa clara ingerência internacional na soberania de outro país, a IL apoiou. Aqui, numa eleição onde as pessoas escolhem em quem votam, silencia-se para não ter de dizer o que todos sabemos: a IL apoiaria Bolsonaro, porque o ainda Presidente brasileiro não põe em causa o poder do capital económico. Mas ficaria bem uma nota sobre o assunto, pois o Brasil é um país irmão, Portugal acolhe cada vez mais brasileiros que também votam cá, uns, ou votarão no futuro, outros e porque o Brasil é o maior país da América Latina e uma das maiores economias do mundo.

Nas últimas semanas, a IL decidiu abandonar o rumo vitorioso que seguia e atirar chumbo sobre os dois pés. E o maior perigo deste silêncio institucional é que quem o preenche são adolescentes do Twitter, com demasiado tempo em mãos, militantes da IL, que dizem coisas como estas:

Retirado da rede social Twitter.

O pior inimigo de um falador é a língua e o acesso à internet. Diziam os Originais do Samba que “Falador passa mal, rapaz”. E passa mesmo.

Este militante de base da IL diz não estar actualizado com “estas novas definições de ideologias políticas”. É natural e eu não questiono, até porque, lá está… faz parte da IL. Esta IL:

Cartaz da IL de 2020.

Segundo o douto pensamento ultra-liberal/libertário dos da Foz e das Avenidas Novas,  o Brasil tinha políticas socialistas sob o governo de Bolsonaro, juntamente com a Índia de Modi e a Rússia de Putin. Fascismo onde, se Jair Bolsonaro e o Modi são, afinal, socialistas? E até Portugal, integrado numa União de países capitalista, de mercado livre, é, de facto, socialista.

A falta de coerência e a ignorância histórica e ideológica de muitos membros da IL começa a dar vergonha alheia a quem, mal ou bem, tenta debater com racionalidade e atendendo à realidade. Viver numa bolha só deles dá nisto… mas toda a bolha rebenta. Defender tudo e o seu contrário pode dar resultado para eleger oito deputados, mas será que chega para os manter?

A bolha da IL grita cada vez mais alto CDS.

Twilight zone bolsonarista I

No caption needed.

Adeus acima de tudo

do Insónias em Carvão.

A postura e a destreza de um estadista vêem-se, também, na hora da derrota. É natural que quem nunca se soube comportar na vitória, quem maltratou tudo e todos os que a ele se opuseram democraticamente, não tenha sequer a humildade de vir assumir a derrota.

Pior: não falar ao povo que governou nos últimos anos, é cuspir na cara dos eleitores que nele votaram, eleitores esses que foram, desde o início, a verdadeira milícia que mantinha este ser asqueroso e ignorante no poder. É cuspir na cara daqueles que se venderam por ele. É cuspir na cara do Brasil.

Mas era expectável. Quem andou quatro anos a cagar no povo brasileiro, acaba o serviço e cospe-lhe em cima. É quase a cereja no topo desse bolo. E, conhecendo Bolsonaro, nem o cu limpou no fim.

Viva a democracia! Viva o Brasil! Viva o povo brasileiro!

Caos e violência: talibãs de Bolsonaro pedem golpe de Estado

Estradas cortadas, pneus a arder, violência e ameaças. Eis o lixo autoritário que Bolsonaro produziu, a exigir que o exército avance para um golpe de Estado. Se dúvidas restassem, foram dissipadas: Bolsonaro é uma ameaça clara à democracia brasileira e, como qualquer autocrata, só aceita resultados que o favoreçam. E tem um exército de talibãs com ele.