Ainda o palco das vaidades

Anacoreta Correia diz que não há tempo para mudar o projecto, que há um contrato assinado e mais um rol de motivos para recusar alterações de última hora.

E eu não posso concordar mais.

Porém, o diabo está nos detalhes e, neste evento, parece também estar no altar-palco.

E os detalhes dizem que este evento era conhecido há anos (não houve tempo para planear?), que os contratos foram feitos por ajustes directos (com valores partidos, para contornar a lei) e que todo este colossal investimento foi mantido fora da discussão pública (antecipam-se as habituais investigações do MP e respectivas fugas de informação daqui a cinco anos).

Anacoreta diz ainda que o retorno é enorme, umas três vezes o investimento.

Se há assim tanta certeza sobre o retorno, pode-se acabar com toda a polémica sobre os custos.

Entra zero dinheiro público e todos valores deverão vir do próprio evento. Simples, não é? Com tanta segurança de retorno, ainda fazem lucro.

Comments

  1. Fernando Manuel Rodrigues says:

    O problema está nos milhões que se vão gastar, ou no facto de ser um evento católico?

    É que não vi polémica semelhante quando se soube que o Governo pagou 100 (CEM) milhões a Paddy Cosgrove para assegurar os direitos da Web Summit para mais dez anos. Isto sem contar com os custos da organização. E o evento não traz, nem de perto nem de longe, o número de pessoas que as JMJ vão trazer.

    Acresce que, até agora, não vi nenhuma sindicância ao suposto “retorno” da Web Summit. DEve ser por ser muito “moderna”, e ser tudo muito “prá frentex”. E todos querem estar “prá frentex” não é? Assim, sempre poderemos ir ouvir a Cristina Ferreira e a Sara Sampaio (duas reconhecidas especialistas) a falar sobre as maravilhas das TI.

    • j. manuel cordeiro says:

      Para mim é igual.

    • Paulo Marques says:

      Obviamente, os dois factores são relevantes, em medidas diferentes consoante a pessoa.
      O desperdício com positivismo tóxico dos dois é, contudo, igual.

  2. Anonimo says:

    O problema está nos milhões que se vão gastar, ou no facto de ser um evento católico?

    Ou, e… ambos.

    Convenhamos, o que não falta em Portugal é dinheiro usado em eventos e obras cujo retorno é no mínimo duvidoso, embora no papel venham sempre milhões. Este é apenas mais um.
    E nem é a questão do montante (dir-se-ia o mesmo, caso o palco custasse 10 milhões) ou a possível derrapagem orçamental, é a constante procura deste tipo de eventos como alavanca(?) económica do país. Relembrar que estamos na corrida para um Mundial de futebol… quando ainda estamos aacabar de pagar o Euro.
    Os católicos terão argumentos para defender o evento, os não-católicos argumentos terão no sentido oposto. Não vale a pena fingir objectividade ou isenção

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