Naftali Bennett passou-se (e disse a verdade)

Captura de ecrã da entrevista da Sky News ao ex-PM israelita.

Entrevistado pela Sky News, Naftali Bennett, o antigo primeiro-ministro de Israel que disse já ter “matado muitos árabes” e não ver “mal nenhum nisso”, predecessor daquele que sucedeu, do partido de extrema-direita New Right, passou-se.

Bennett começa por afirmar que Israel enfrenta nazis, puxando mais uma vez da cartada do Holocausto. Mas até aí, tudo bem, percebe-se a hipérbole neste caso, até porque os terroristas do Hamas se inspiram em movimentos nazis. Disserta sobre os crimes do Hamas, pede união em torno de Israel e refere, vezes sem conta, que têm de “eliminar os nazis”.

Depois, o jornalista começa a perguntar-lhe sobre Gaza e a Cisjordânia, sobretudo sobre a segurança do povo palestiniano em Gaza e dos civis inocentes que não têm para onde fugir. Naftali Bennett desvia-se da pergunta como quem se desvia de rockets inflamados na sua direcção e continua a sua narrativa de “eliminação dos nazis”, atirando frases desconexas como “em Israel somos todos leões” ou “vamos usar toda a força que nunca tínhamos usado”. Depois de deixar Bennett ruminar durante cerca de um minuto com um discurso inflamado e pró-guerra, o jornalista Kamali Melbourne volta a perguntar-lhe sobre as responsabilidades da Israeli Defense Forces (IDF) na garantia de que as famílias palestinianas, inocentes e indefesas, não serão, também elas, massacradas; Bennett opta por mentir e responde que a IDF não se foca nos civis, mas “nos nazis”, fugindo mais uma vez ao tema.

Não satisfeito com as respostas incendiárias de Naftali Bennett, Kamali Melbourne volta a insistir e pergunta-lhe o que irá acontecer às dezenas de palestinianos no hospital, incluindo bebés e crianças ligados às máquinas, agora que ficaram sem luz. Naftali Bennett passa-se e, claramente incomodado com as perguntas, atira: “O que se está a passar? O que há de errado contigo? Não vês que estamos a lutar contra os nazis? O mundo que venha e lhes traga tudo o que eles quiserem. Mas não vou ser eu que vou fornecer electricidade aos inimigos”. Levantando a voz, gesticulando e apontando o dedo, Bennett mostrou-se visivelmente incomodado com as perguntas do pivô da Sky News, o que obrigou este último a pedir que se acalmasse, a relembrar-lhe que estavam em directo e que Bennett tinha sido convidado a falar naquele espaço, pedindo-lhe respeito pelo seu trabalho, para que não gritasse por cima das suas perguntas e para que se tentasse acalmar.

Para Naftali Bennett, os “inimigos de Israel” são bebés e crianças ligados ao suporte de vida no hospital. Por um lado, percebo o argumento. Em primeiro lugar, porque a população palestiniana, na sua maioria, tem menos de 18 anos; segundo, só em 2021, Israel prendeu mais de 1300 crianças palestinianas (a maioria pelo crime de arremesso de pedras) e matou cerca de 86 crianças. Isto só em 2021. Percebe-se, portanto, que Naftali Bennett e outros responsáveis e ex-responsáveis israelitas olhem para os bebés e para as crianças ligadas às máquinas em hospitais palestinianos como “os inimigos”.

Depois de desumanizado o inimigo (“animais”, nunca pessoas), ao velho estilo hitleriano, depois de repetida vezes sem conta a cartada do Holocausto para justificar crimes de guerra, quando apertado com uma simples pergunta, Bennett acaba por dizer a verdade: os israelitas estão-se mais a “cagar” para os crimes de guerra que cometem, uma vez que têm uma Comunidade Internacional, liderada pelo Tio Sam, a aquecer-lhes as costas. E se Joe Biden já avisou que “há regras na guerra”, não me parece que os crimes de guerra israelitas (não só os dos últimos dias, mas os dos últimos 50 anos) serão, algum dia, julgados. E estão-se mais a “cagar” para a vida dos palestinianos, porque depois de desumanizado o Humano, que afinal é besta, monstro e demónio, tudo começa a valer para aniquilar o animal.

Agora, tudo começa a valer. Com um povo totalmente enclausurado (quando os responsáveis israelitas vieram afirmar que iriam “cercar Gaza”, perguntei-me se já não era isso que faziam há décadas…) e desumanizado, com a conivência da União Europeia e apoio activo dos Estados Unidos, tudo vale e tudo ficará impune. “Israel são os melhores 3 mil milhões de dólares de investimento em que os Estados Unidos podem apostar”, dizia um jovem Joe Biden. “Para proteger os interesses dos Estados Unidos naquela região”, reforçava o agora presidente.

Quando o “inimigo” está bestializado, não interessa se os alvos são adolescentes, crianças e bebés. Interessa, sim, aniquilá-los sem olhar a regras. E se pudermos usar fósforo branco para lhes corroer o corpo, usaremos. Afinal, estamos a combater o demónio… e os nazis.

Comments

  1. Carlos Almeida says:

    Bem visto

    Enquanto o Mundo todo e não apenas os Americanos e os seus Satélites na Europa, não perceber que gente que diz “Eles são uns animais, temos que mata-los” esta a entrar em contradição com o seu próprio passado como comunidade a bola vai estar dos lado dos Hebreus.
    O problema e se um dia perceber. Os hebreus já foram martirizados em muitos lados e tempos passados, morrendo muita gente inocente, mas quando voltam á posição dominante, eles é que são os eleitos de Deus e os outros “animais”

    Aqui deixo um link para um depoimento interessante

    https://www.scottritterextra.com/p/why-i-no-longer-stand-with-israel?publication_id=6892&utm_campaign=email-post-title&r=127hyw

    Tal como o scott não estou com o Hamas mas também não apoio Israel

  2. JgMenos says:

    E não conseguiste uma entrevista com o chefe do Hamas sobre o que ele pensa sobre as vítimas das acçoes do seu bando?
    Quando possível pergunta-lhe também quando realizaram eleições livres em Gaza?

    • Nortenho says:

      Bandido Salazarento

      Olha que o Botas é que era Oliveira. Serás tu também?
      Não me admirava nada

      • Arlindo da Costa says:

        Por acaso Salazar nunca reconheceu o Estado de Israel e nunca gostou dos judeus. Facto.

    • Decide a desculpa para punir os colonizados: ou são todos animais que votaram no Hamas (antes de ter nascido, mas deixa lá isso), ou afinal é um pequeno bando facilmente encontrável apesar de não o terem visto a invadir embaraçosamente. Qualquer coisa serve, não é?
      Encontro entrevistas aos raptados soltos e às famílias, depois ponho aqui se te servirem de alguma coisa. Felizmente, são mais humanos que os civilizados do paraíso e os seus mercenários, e podem vir a impedir qualquer coisa.

    • António Fernando Nabais says:

      Ó menos, mas tu és a favor de eleições livres? Tu não viste o resultado que deu em Portugal essa mania absilesca de dar voz ao povo? Não te entendo, meu filho!

    • POIS! says:

      Pois…eleições em Gaza?

      Envie Vosselência a lei eleitoral do Oliveira da Cerejeira ao Hamas, que eles até são capazes de aceitar. Nunca lhes passou pela cabeça é que é possível fazer eleições e ganharem sempre os mesmos.

      Até será possível que transformem o Hamas numa grande União Nacionalesca.

  3. Figueiredo says:

    «A nossa presença em Jerusalém está ameaçada. As nossas Igrejas estão ameaçadas por grupos radicais Israelitas. Nas mãos desses extremistas Sionistas, a comunidade Cristã em Jerusalém está sofrendo muito. Os nossos irmãos e irmãs são vítimas de crimes de ódio.

    As nossas Igrejas são regularmente vítimas de crimes de ódio, profanadas e vandalizadas.

    O nosso Clero está sujeito a intimidações frequentes.

    A intenção juramentada desses grupos radicais é extinguir a luz da comunidade Cristã da Cidade Velha.» – Teófilo III, Patriarca Ortodoxo de Jerusalém

  4. JgMenos says:

    Ó cambada, Ó incréus de tudo que não seja a cartilha esquerdalha!
    A ocupação da Palestina traduz o acolhimento de refugiados que agora quereis impingir à Europa.
    A ONU decidiu criar um Estado onde havia maioria judaica.
    Os árabes vizinhos reagiram invadindo uma e outra vez, dando força e razões aos extremistas judeus e palestinos.
    É guerra, até que a vossa e outras cambadas deixem de pensar em termos de religião e etnia como base da construção de estados.

    • Nortenho says:

      “A ONU decidiu criar um Estado onde havia maioria judaica.”

      Alem de mentiroso es ignorante. A maioria era Arabe como tu sabes muito bem.
      Os Judeus foram la trazidos pelos Ingleses que como sempre queriam sacudir a agua do capote.
      Mas deves ser dos da raça de que a minha avozinha dizia :
      “foram os que mataram o Nosso Senhor Jesus Cristo”

      Raça maldita portanto

      • JgMenos says:

        IGNORANTE!

        • Nortenho says:

          Não adiante gritares porque a historia do ocupação da Palestina pelos colonos Judeus em 1947 é publica e muito conhecida.

          Mas entendo perfeitamente a posição de um Salazarento, mas temos pena, o testemunho do passado não ajuda a tentar apagar os vossos crimes. Temos pena.
          A única coisa que têm é dinheiro para continuarem a comete-los com o apoio dos Americanos. Não será por acaso que o Secretario de Estado Americano seja Judeu

        • Nortenho says:

          Salazarento Menor

          Antes de chamares ignorante a alguém tenta ver se quem não concorda contigo tem ou não tem razão.
          Mas estas minhas palavras de certo que nada valem para ti, pois o teu mentor ideológico, um conhecido Oliveira Sefardita, assim não aconselhava. Segundo Salazar “quem não é por mim, é contra mim”

          Um artigo na DW sobre a divisão da Palestina entre Judeus e Árabes, que te aconselho a leres.

          Aqui o link e abaixo um pequeno extrato

          https://www.dw.com/pt-br/a-divis%C3%A3o-da-palestina-entre-judeus-e-%C3%A1rabes/a-43830373

          “A partir de meados da década de 1890, milhares de judeus vindos da Europa (onde então viviam cerca de 90% dos judeus do mundo) passaram a migrar para a região da Palestina, fugindo de crescente perseguições de caráter antissemita e influenciados pelo sionismo.

          Os judeus haviam sido expulsos da Palestina séculos atrás, e a região era então habitada maioritariamente por árabes. Logo, os conflitos entre os árabes que viviam na região e os judeus recém-chegados da Europa se tornaram inevitáveis.”

        • POIS! says:

          Pois… “IGNORANTE!”?

          IGNORANTE IGNORANTE!

    • Se não queres refugiados, se calhar devias ser a favor de deixar a terra deles em paz.

      Mas quanto à “religião e etnia como base da construção de estados…”:

      1 — Basic Principles

      A. The land of Israel is the historical homeland of the Jewish people, in which the State of Israel was established.

      B. The State of Israel is the national home of the Jewish people, in which it fulfills its natural, cultural, religious, and historical right to self-determination.

      C. The right to exercise national self-determination in the State of Israel is unique to the Jewish people.

      É recente, mas para demasiada minoria, também foi finalmente.

  5. Nortenho says:

    ZARA PEDE DESCULPAS A JUDEUS ORTODOXOS POR MISTURA PROIBIDA DE TECIDOS

    Nota: Zara é propriedade de Judeus

    Jerusalém, 21 mai (EFE).- A empresa espanhola Zara, cuja rede de lojas de roupas é muito popular em Israel, pediu desculpas no país por ter misturado algodão e linho em uma mesma peça, o que a comunidade ultra-ortodoxa judaica considera errado.

    A Zara, que também faz sucesso no Brasil, publicou vários anúncios nos principais meios de comunicação ultra-ortodoxos israelenses nos quais alerta que pôs à venda uma peça masculina que contém um tipo de tecido conhecido como “sh’tanz”, informou o jornal “Maariv.”

    Os ultra-ortodoxos consideram que essa mistura, de linho com algodão, é incorreta por ser um híbrido contrário à natura.

    “A empresa Zara lamenta o erro e garante aos seus clientes em Israel, e particularmente aos ortodoxos, que fará tudo o que estiver a seu alcance para que o caso não se repita”, indicou no anúncio o grupo espanhol.

    A mistura aconteceu nas linhas de produção. A Zara se comprometeu a pagar a seus clientes pela chamada “revisão do sh’tanz”, uma prática comum de muitos ortodoxos antes de vestir uma roupa nova, particularmente se a peça for importada.

    A origem da proibição desta mistura é desconhecida, mas grandes rabinos explicaram no passado que a medida deve-se ao fato de ela ser classificada como “roupa híbrida”.

    Assim – acrescentaram -, a mesma lógica pela qual a “halacha” (lei judaica) proíbe a mistura entre animais de diferentes raças e a criação de novas espécies de frutas vale também para as plantas.

    A Zara, que entrou no mercado israelense em 1997, é hoje a principal rede de do setor do vestuário do país, com quinze lojas, cerca de 900 funcionários e um volume de vendas anual equivalente a US$ 340 milhões. EFE

    O fundamentalismo Ultra Ortodoxo

    • Salgueiros says:

      “Os ultra-ortodoxos consideram que essa mistura, de linho com algodão, é incorrecta por ser um híbrido contrário à natura.”

      Isso revela bem a mentalidade dessa gente. O Mundo tem que girar conforme as normas dessa religião

      Por minha parte eu acho que a culpa foi muito de D. Manuel I, que os deixou sair

    • É pá, isso não é para venderem lá onde é regra para cumprirem?

  6. Arlindo da Costa says:

    é obvio para toda a gente k o Estado de Israel é que é np fundo a causa e o responsável por todo o ódio e radicalismo no Médio Oriente. Acham-se os escolhidos? por quem? pnde está essa escritura e em k cartório?

    • Todo? Também há os Estados Unidos, Reino Unido e França, pelo menos, mas haveria sempre eles próprios… agora o último não é tão simples como “está no corão”, porque não faltam muçulmanos seculares.

Discover more from Aventar

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading