FC Porto: A Hora é de mudança

Sou o sócio número 8860 do FC Porto e mantive um certo distanciamento nas eleições. Já criticava a actual direcção quando outros que hoje a criticam estavam em silêncio ou a usufruir do camarote presidencial. Escrevi aqui, no Aventar, sobre as contas e não foram simpáticas as palavras que me dirigiram.

O FC Porto é mais do que uma paixão, muitas vezes irracional. Para mim, como já antes o escrevi no Aventar, é muito mais do que um mero clube de futebol. Uma paixão que herdei do meu Pai e natural para quem nasceu e viveu na Areosa onde, como se sabe, se localiza a rua com maior número de portistas por metro quadrado, a Rua D. Afonso Henriques. Cresci com Jorge Nuno Pinto da Costa a presidente do meu clube e tanto que lhe devemos. Tanto. A hegemonia no futebol português pós 25 de Abril, o clube português mais titulado internacionalmente, infraestruturas como o Estádio do Dragão ou o Centro do Olival ou o Pavilhão (Dragão Arena). Tanto. E não me esqueço quando o Norte se demitiu de salvar o Porto Canal foi o FC Porto que o fez. Quando não era sua obrigação.

Porém, como quase sempre nas mais diversas actividades sociais, Jorge Nuno Pinto da Costa não soube sair. Pelo seu pé. No momento certo. Pela porta grande. Pior, deixou-se enredar numa teia perigosa com gente pouco recomendável. Até ao fatídico dia da Assembleia Geral de Sócios onde muitas dessas pessoas pouco recomendáveis fizeram a única coisa que sabem fazer: merda. E JNPC pactuou com tudo. Para muitos sócios foi o ponto final.

Não sei se, amanhã, nas eleições André Villas Boas vai ganhar mas, pelo menos, teve o mérito de agitar as águas. O que não é pouco. Enquanto sócio e apaixonado pelo FC Porto espero, sinceramente, que AVB vença e possa responder às minhas preocupações sobre o futuro do clube: Dragon Force, Internacionalização da Marca, Porto Canal e toda a vertente comercial do clube e da marca. O que sei é que a hora é de mudança.

Selvajaria

Se a descaracterização de uma cidade resultar do “capitalismo selvagem” – que condena o comércio tradicional em detrimento dos starbâques – as lágrimas pelo passado e o clamor pela sua preservação são uma demonstração de apreço pela tradição e alma lusitanas.

Se essa descaracterização for fruto de uma agenda progressista de relativismo cultural, as lágrimas pelo passado e o clamor pela sua preservação são laivos racistas de saudosistas bafientos.