Gaffes

Sei que estou atrasado nestas conclusões. Tenho muito a acontecer de novo na minha vida e tem sido deveras refrescante estar fora do incessante vórtice mediático que nos consome tempo, ânimo e profundidade. Além disso, com aterradoras transformações tão relevantes ao nível planetário, a política da tuga tornou-se há muito um fait-divers tragicómico, um entretenimento leve e descompressor, que só nos resta escarnecer de acordo com a sua irrelevância.

Em todo o caso, acerca das gaffes da semana:

  • Nuno Melo e o Atlético Norte – Quando ouvi falar deste inusitado momento, assumi que se tivesse tratado de um corriqueiro e perdoável desvio de língua; ainda há uns tempos me referi aos talheres como “garfa e faco”, acontece a todos. Vendo o vídeo, fica evidente que ele não sabia bem o nome do tratado, consultou a cábula, não achou, sabia que era algo como “atlante” ou “atlético” e atirou em desespero.
    Esta carraça, resquício do político do século passado, é uma caricatura dele próprio. Felizmente, a nossa defesa não nos compete a nós, pelo que não é preciso mais do que isto para exercer o cargo em que ele se viu sem saber ler nem escrever (pelo menos, sobre a área que “tutela”). De recordar, por exemplo, que antes do Sr. Cravinho tivemos um ministro Azeredo que, confrontado com o desaparecimento de material de guerra, engajou em especulação metafísica sobre o que realmente significa “existir” ou “desaparecer”; e admitiu que nada daquilo o surpreendeu porque “vê filmes policiais”. Nuno Melo segue assim uma longa tradição de ministros da Defesa com habilidade para o tipo de humor que não se via desde a morte de Camacho Costa.
  • As quinas do Bugalho – Estou-me cagando quantas quinas tem a bandeira e estou-me cagando se o Bugalho sabe quantas quinas tem a bandeira. Se ele tivesse subido ao púlpito e declarado “A bandeira portuguesa tem sete quinas, quinze castelos e um ovo estrelado, e a União Europeia é um antro oligarca de fascistas encapuzados”, eu aplaudia de pé e içava a bandeira com as quinas que ele quisesse.
    No entanto, sem surpresa, elogiou a Ursa pela sua gestão da…crise covid. É mais um elemento da longa lista de subalternos que, revestido do virtuoso manto do federalismo, baixa as calças ao longo pénis da ditadura europeia.
    Dá vontade de o considerar um eunuco invertebrado, cuspidor de vacuidades, boosterizado e açaimado, recitador de cartilhas, reles cão de fila da aristocracia. Não o farei; espero que volte rapidamente ao cargo de comentador televisivo para que eu – por não ver senão desporto da televisão – não tenha de voltar sequer a pensar nele.

Selvajaria

Se a descaracterização de uma cidade resultar do “capitalismo selvagem” – que condena o comércio tradicional em detrimento dos starbâques – as lágrimas pelo passado e o clamor pela sua preservação são uma demonstração de apreço pela tradição e alma lusitanas.

Se essa descaracterização for fruto de uma agenda progressista de relativismo cultural, as lágrimas pelo passado e o clamor pela sua preservação são laivos racistas de saudosistas bafientos.

25 de Abril hoje

Observo o mar de posts onanísticos de apreço pelos soldados de Abril e vejo uma razão compreensível pela qual os indivíduos manifestam hoje tamanha gratidão por quem percepcionam ter lutado pelas suas liberdades no passado: a consciência profunda e demonstrável de que nunca teriam ou terão a coragem, a impetuosidade e a espinha dorsal para o fazerem eles mesmos.

Da fraude da pandemia à ditadura (não foi por falta de aviso)

 

O degenerado e desonrado jornalismo ocidental passou – de um dia para o outro – de só falar de covid para não falar de covid de todo.

Como os OCS determinam a agenda, isto produz um efeito óbvio: quem desvalorizasse a ameaça durante o auge da histeria – ou apontasse para as pornográficas mentiras e contradições – era rotulado de louco, irresponsável e negligente; quem tenta falar de covid após a determinação do seu tabu é classificado de obcecado e paranóico. [Read more…]

Proxenetismo

Até se tratar de um homem, nunca ninguém fez puto de ideia de quem venceu qualquer edição do concurso Miss Portugal. Este ano, cada peido dado por esta concorrente é noticiado e destacado pelos órgãos de propaganda social como um grande passo de progresso e tolerância. Pobres de dinheiro e espírito, desesperados por cada cêntimo que puderem sorver do caos cultural e moral que disseminam, põem a nu o evidente: isto é tudo um tragicómico freakshow.

Para os jornalistas das causas, a Marina Machete é a mulher barbuda que eles levam na coleira, de feira em feira, para ganhar uns trocos. Não lhes chegava terem-se prostituído, querem prostituí-la a ela também. O problema é que têm a distinta lata de o fazerem enquanto simultaneamente se arrogam paladinos da defesa da sua humanidade e dignidade. Que patéticos.

Demissões

Primeiro-ministro que se demitiu das funções assume no seu governo demissionário a pasta do ministro que se demitiu do governo demissionário e que já tinha tentado demitir-se antes, mas o primeiro-ministro à altura não deixou.

Uncomfortably Numb

Mesmo junto ao local onde trabalho, existe um daqueles espaços com máquinas automáticas que estão abertos vinte e quatro horas. “Aberto” é termo apropriado para este sítio em particular: os vidros que serviam de parede foram partidos por mitras em tempos imemoriais e jamais foram substituídos. E é desses mitras de que vos falarei hoje.

Habitualmente, o espaço está ocupado por um grupo de três ou quatro mitras e uma gaja, que deve andar a comer um deles, ou mais provavelmente os quatro. Fazem-se acompanhar de colunas de som e da bolsinha da ganza. Diria que o fumo pesado dos charros num espaço muito frequentado por crianças (é uma zona com várias escolas) seria desadequado, não fosse o lugar muito pouco kids-friendly por si mesmo, uma vez que uma das máquinas vende utensílios tão esdrúxulos quanto dildos, anéis vibratórios ou flashlights. Uma vez, de forma a pregar uma partida a um amigo mais ingénuo, uns alunos meus compraram uns preservativos na máquina, disseram ao amigo que se enganaram a pedir, que tinham pedido algo de que não gostavam, mas se ele quisesse podia ir buscar, que ficava para ele, e o pobre voltou confuso e com um anel vibratório na mão, que os colegas compraram convencidos de que eram preservativos. Ri-me e alertei que eles queriam enganar o colega, mas que nem sabiam comprar preservativos, contudo não daria mais explicações, alegando que lhes faltavam anos de vida para terem acesso à verdade, quando a mim é que faltava o conhecimento do que raio é um anel vibratório. [Read more…]

Labirintos

Que deleite é verificar que os fact-checkers estão tão perdidos na sua narrativa labiríntica que passaram os últimos dias basicamente a alegar: “Não foram as farmacêuticas que mentiram. Fomos nós”.

Aplicações

Hoje é o dia em que nos despedimos da app StayawayCovid, e todos afirmarão com certeza que esta experiência totalitária falhada ficará registada como um dos mais pateticamente divertidos memes deste manicómio. Todos? Não. Um irredutível matemático – Jorge Buescu, um dos principais arautos da peste – continuou convencido de que a instalação de uma app teria sido a panaceia para uma pandemia devastadora. O que é que arruinou o brilhantismo desta solução? A absurda opinião pública. Ah, a opinião pública… essa subversiva entidade, especulativa, incontrolada, inimiga da ciência. Agora, olha, fodemo-nos. Ele avisou-nos. Como dizia o outro, “instalasses”.

Estes nerds autistas vêem-se com pivots giras a fazerem perguntas sobre o seu “trabalho” e isto vicia, um gajo fica agarrado e custa muito largar o mediatismo. No entanto, no caso do Jorge, o seu pessimismo parece congénito. Encontrei, por curiosidade, um livro da sua autoria na biblioteca da minha mãe, também ela matemática, mas daquelas matemáticas estranhas, que não trabalha com vírus nem apps. O titulo da obra, “O Fim do Mundo Está Próximo?” é sugestivo do seu carácter catastrofista. É de 2007, mas finalmente podemos dar a resposta: sim, Jorge, provavelmente. E a culpa é tua. Agora vai criar uma app que conte kilowatts.

Focas

Foi a votos um país magnífico, inundado pelos fluxos incontroláveis de migrantes culturalmente hostis e brutalizado pelo fascismo covideiro que impediu tantos cidadãos de ganhar o pão. Consta que as focas gordas do primetime – que, bem treinadas, bastou mostrar-lhes o peixe e aplaudiram a segregação – estão em choque com o facto de os resultados não reforçarem o status quo. As focas gordas do primetime não vão perceber o que se passa nem quando estiverem a comer insectos à luz das velas – e Deus sabe a falta que lhes faz a comida. Digam-lhes, por favor, que acalmem o pito – até porque os governos em Itália mudam com quase tanta frequência como a indignação delas em relação aos “direitos humanos” dos italianos.

Transfobia Gramatical

Sei que a reflexão que agora apresentarei não cumpre o agenda setting da sazonalidade das crises globais, que o Pride Month terminou e que o meu foco deveria estar agora nestes insustentáveis e inauditos vagalhões de calor à qual os nossos avós apelidaram erroneamente de Verão. Tendo em conta que considero estudar e discutir os elementos do clima tão fastidioso como assistir a Stranger Things estando sóbrio, pronunciar-me-ei sobre gramática, que domino com um bocadinho mais de familiaridade.

A prova definitiva de que a preocupação delirante com pronomes alternativos não é o reflexo de sensibilidades ou preferências individuais, mas sim mais uma importação das doutrinas perturbadas dos manicómios universitários americanos, é o facto de ninguém querer saber dos determinantes.

Os pronomes são utilizados para evitar a repetição de palavras já referidas; no limite, podem ser completamente evitados. Já os determinantes, no português, são pedidos pela língua, exigidos de cada vez que a expiramos. Até aqui, nestas curtas frases, já escrevi dezenas de determinantes, entre artigos, possessivos e contracções; e só usei um pronome aqui e ali. Eu não preciso de me referir a alguém como “ele” e “ela” se utilizar o seu nome. Já o uso dos determinantes, esse é ineludível. Alguém que vive o seu quotidiano dentro da língua portuguesa teria então no uso incorrecto dos determinantes, e não dos pronomes, uma dor de cabeça muito maior.

Até porque, em português, os determinantes assumem género: sejam artigos (o, a, os, as, um, uns, uma, umas), sejam demonstrativos (este, aquela, etc…), praticamente não conseguimos fazer referência a pessoa ou coisa alguma sem assumirmos um género para o determinante. Acontece que o inglês, essa língua bárbara moldada à imagem das cognições mais limitadas, utiliza raros determinantes e os que utiliza – tirando os possessivos – não variam em género.

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Rácios

Fizeram-no nas nossas barbas e nós, passivos internautas, resignamo-nos, que remédio: em Novembro de 2021, o Youtube removeu a contagem pública de dislikes de todos os seus vídeos. O botão continuou disponível, o número de likes continua a ser exibido, mas o rácio like/dislike já não está exposto.

A razão para tão bizarra e impopular decisão? Nobre, claro está, ou não se tratasse esta de uma corporação alinhada com o eixo do qual vemos emanar nada senão probidade. Alega a presidente, a Sra. Susan Wojcicki, que detetaram ondas de dislikes que prejudicavam imenso os pequenos e novos criadores de conteúdos (A Sra. Wojcicki é conhecida, aliás, pelas suas posições em defesa da liberdade dos seus criadores de conteúdos de crescerem independentemente das suas posições políticas e sociais. Mas a isso iremos noutro dia.)
 
Não é preciso chamarem o Poirot para descortinar o verdadeiro motivo desta mudança: o rácio like/dislike era tão hilariantemente negativo em relação a tudo o que se relacionava com o Partido Democrata, Joe Biden e o “combate à pandemia” que começou a tornar-se um glitch na Matrix difícil de ignorar. Os sapientes líderes do “mundo livre” sabem melhor do que ninguém a importância que tem a opinião das massas na moldagem das posições individuais. Usaram isso para todos os pontos da sua agenda criminosa. E as narrativas, para serem mantidas, têm de apresentar a ilusão do consenso à sua volta, precisam de ser blindadas com o escudo da inegabilidade, para que qualquer contestação possa ser descartada como loucura.
 
Eis o guião que temos todos de seguir para que os hamsters continuem, entretidos e sem sobressaltos, a correr na sua roda: Joe Biden foi o presidente mais votado da história dos Estados Unidos da América, logrando mais votos do que Barack Obama e Donald Trump, incríveis fenómenos de popularidade que arrastam legiões massivas de fanáticos seguidores. Ora, se esta premissa já custa aceitar com base no mero contraste entre o carisma de uns e a decrepitude oca do outro, é com certeza mais difícil acreditar quando toda a actividade online do Partido Democrata, ou de Joe Biden em particular, estava eivada de feedback negativo por toda a internet. E não o feedback artificial, incutido, afagador de egos anti-fascistas, propagado por celebridades do bem e propalado pela imprensa em letras garrafais e bombardeamento incessante dos talking points das linhas unidimensionais de pensamento virtuoso; mas sim o feedback do internauta comum, pobre, amante de memes, ignorado por uma cúpula cujos nobres se desligaram tanto da humanidade – quer física, quer espiritualmente – que agora têm dificuldades em sequer agir normalmente como seres humanos, quanto mais falar para eles.

Este feedback negativo estende-se, naturalmente, ao “combate à pandemia”, a maior experiência psicológica em massa da história da nossa incauta humanidade. Até hoje, continuamos a fingir que acreditamos nos preceitos mágicos da seita covidérica com medo da censura social que acarreta qualquer posição contrária (ao qual se juntou, naturalmente, a aversão à admissão do erro). Essa ideia de unanimidade – que os portugueses, tão bem amestrados, adoptaram como bons meninos que são – não foi igual em todo o lado: enquanto os covideiros se masturbavam com as suas fotos, uma grande parte da sociedade americana desde cedo se prontificou a denunciar os crimes hediondos do farsante e despótico Dr. Faucci. No processo de beatificação do salvador da nação, ousaram fazer um filme da Disney de adulação divina e o resultado foi o esperado: apesar das tentativas desesperadas de ocultar a chacota do povo – leiam a nota feita pelo IMDB – este é, sobre qualquer perspectiva, um dos filmes mais odiados de sempre, sem precisar sequer de ser visto. É descarada e abjeta propaganda e a internet, sem desiludir, correspondeu condignamente cuspindo-a fora.

 
A agenda globalista avança a todo o vapor porque é carregada por uma unanimidade mitológica, inexistente, mas artificialmente construída por uma brilhante estratégia, que orbita em redor da disputa social para ver quem tem melhor coração e quem se preocupa mais com as pobres minorias ucranianas não-binárias vítimas de racismo climático. As causas virtuosas – ambiente, rituais covideiros, Ucrânia… – são os escudos perfeitos a qualquer acusação de vileza. A olho nu se vê que todas estas causas são, claro está, burlescos teatros canastrões. Contudo, estar contra o pedantismo nojento destes fidalgos e contra as suas ditatoriais, opressivas e distópicas soluções é estar contra as próprias causas. Ousar questionar a perversidade indisfarçada desta oligarquia psicótica é colocar em causa o futuro da humidade.
 
Como poderia então a elite globalista, alicerçada no falso consenso que as suas marionetes asseguram existir e que tem nestas corporações como o Youtube os cordelinhos com que manuseia os nossos cérebros-fantoche, passar a ideia de que os líderes seleccionados a dedo e as suas ideias não são completamente populares? O risco era demasiado grande. Num mundo em polvorosa, a indignação começa numa acendalha e espalha-se em incêndios descontrolados de rebelião.
 
“Removam-se os dislikes“. A ordem foi dada no Capitólio.
 
Sem eles, volta a reinar a sua unanimidade; sem eles, Biden e Faucci são venerados. E tu, se não queres ser fascista, venerarás também. E sempre que um acesso súbito de consciência te fizer discordar dos seus preceitos perversos e falaciosos, o sistema estará aqui para te mostrar que estás errado, que a maioria discorda de ti e, pior, que a tua posição é perigosa, subversiva, jacobina, uma ameaça à ordem pública e, como tal, justifica-se o seu silenciamento, e o teu. Embalado pelos comprimidos de Soma, adormecerás esfomeado, despersonalizado e oco, um corpo moribundo que usará das suas derradeiras forças para acenar uma última vez a bandeira assassina da unanimidade virtuosa.

A variante mais perigosa de todas

A marca Covid, reconhecida mundialmente como líder mundial da promoção do medo, é uma mina infinita de volumes monstruosos de dinheiro. Como tal, há que não deixar a vaca parada a pastar; urge ordenhá-la com o vigor que os benefícios exigem. Como tal, já foi anunciado um novo modelo de Covid. As autoridades já revelaram que se irá chamar Omicron® e terá todas as funcionalidades da versão anterior – como tosse, garganta dorida e desaparecimento, com o olfacto, de qualquer tipo de razoabilidade e lógica – mas apresenta também algumas actualizações à versão original, que a tornam particularmente notável. Este anúncio surge com um precioso timing, a tempo da campanha pelos boosters obrigatórios para todo o mexilhão. Apesar de ter surgido em África – alguns rumores sussurravam que teria sido no Botswana – a marca aconselha a que a origem não seja classificada como africana, por transparecer preconceito racial. Alguns críticos da especialidade já se desfizeram em elogios – como é o caso de Alexander De Croo, primeiro-ministro belga e consultor financeiro de profissão – que já classificou este modelo de Covid como “Covid-21”, pela sua incrível capacidade de propagação. Sajid Javid, secretário da Saúde britânico, foi ainda mais longe e adiantou que tudo indica que o Omicron® se trata da variante mais perigosa de todas. Esta consideração pode assemelhar-se a uma pueril tentativa de propagação de pânico, com adjetivação infantil e linguagem de bicho papão. Mas não se faça confusão; é apenas a opinião imparcial de um especialista maravilhado com a qualidade do produto.

Esta nova versão do Covid vem com alguns features de interesse maior. O que mais me saltou à vista foi definitivamente este:

O Omicron® vem com esta irresistível particularidade: oferece toda a gama de efeitos nefastos de qualquer vacina experimental do mercado. O leitor poderá estar a indagar-se a que se deve então a autêntica explosão de problemas cardiorrespiratórios na população, algo bem espelhado nas complicações do foro cardíaco que grassam o mundo do desporto nos últimos meses, fenómeno que está a começar a ficar difícil de varrer para debaixo do tapete, porque a lista vai já em centenas de ocorrências, a maioria resultando em morte, e ainda há um número cada vez maior de “celebridades”, maiores ou menores, a sofrer de problemas que é razoável assumir terem resultado da injecção mandatória.

Pois acontece que os efeitos do Omicron® são tão potentes – não é por acaso que esta é a variante mais perigosa de todas – que pode apresentar efeitos retroactivos. Indivíduos que ainda não padeciam de Omicron® faleceram já de problemas cardíacos decorrentes de futura infecção. O futuro está aqui, meus amigos. Qualquer associação de complicações cardíacas com a vacinação em massa, e não com a nova variante do Botswana, é uma linear negação da Ciência e todos os seus pilares.

Alguns haters da marca começaram já a lançar maliciosos rumores sobre o novo produto. Não passam, naturalmente, de invejosas carpideiras e provocadores negacionistas. Vejam, por exemplo, o que ousou dizer Angelique Coetzee:

Estamos claramente perante críticas encomendadas pela concorrência. A marca roga-vos então para que não acreditem no que pensam ver, não acreditem no que pensam ouvir, não acreditem no que pensam concluir. Acreditem neles, e só neles, que tudo farão para nos levar a porto seguro. Mas não prometem nada. Ou não se tratasse esta da variante mais perigosa de todas.

Bailinho

O dia de ontem foi peculiarmente sumarento ao nível da exposição dos verdadeiros intentos da fraudemia.

Por um lado, ficámos a saber que a Madeira adoptou o sistema de castas que já prolifera por alguns países do mundo. Mercados, restaurantes, cabeleireiros e convivência social em geral é luxo inalcançável para quem não se sujeitar ao tratamento médico experimental imposto, nem sequer por médicos note-se, mas por sociopatas engravatados. Obrigarem os madeirenses não-vacinados a deixar crescer o cabelo demonstrou em definitivo que o menosprezo do estado de Direito e o uso da Constituição como papel higiénico não foi circunstancial, mas sim deliberado e permanente. Com esta agravante: a acreditar que a taxa de vacinação na Madeira é semelhante à do resto do país, quantos são os não-vacinados? Meia-dúzia? Considerar que representam um perigo de saúde pública não é não entender de epidemiologia, é declinar qualquer tipo de razoabilidade e honestidade. Direitos inalienáveis, diziam orgulhosas as prostitutas do sistema, proclamando-se amantes da liberdade, de cravo presunçoso na lapela. Que hilariantes montes de merda.

Porém, a melhor notícia de ontem foi a informação de que qualquer injectado com a mistela Janssen terá de tomar uma dose de reforço. Não é “poderá tomar”, que é o spin que foi dado por muita comunicação; foi bastante explícito que “terá” de o fazer. Esse reforço terá necessariamente de ser…de outra marca. Algum obscurantista poderia aqui especular interesses financeiros: para citar um apenas, fico-me pelo vencedor de um Globo de Ouro, o nosso amigo Popeye das vacinas, o herói nacional que diz que quem afirma que estamos a usar cobaias humanas por putrefactos interesses corporativos é um perigoso obscurantista, mas que esta terceira dose é inadmissível, porque é claramente usar cobaias humanas por putrefactos interesses corporativos. Poderíamos até, num assomo de loucura, ousar afirmar que reforços de vacinas completamente distintas não são reforços imunitários, é uma roleta russa que se torna particularmente anedótica se verificarmos que a taxa de mortalidade de infectados abaixo dos 50 anos é virtualmente de 0%.

Ficar-me-ei pelo optimismo: atendendo a que a população que tomou a mistela Janssen é maioritariamente composta por homens abaixo dos 40 anos, parece-me que irritaram o sector populacional errado. Esta não é propriamente a população mais impregnada da narrativa. Muitos destes jovens tomaram a injecção em troca de uma liberdade da qual nunca deveriam ter abdicado e rapidamente se aperceberam de que ela não irá voltar por continuarem a submeter-se aos apetites insaciáveis de uma elite psicopata e de compatriotas autoritários. Sentem-se defraudados e agora também assustados. Além disso, homens abaixo dos 40 são os que melhor sabem andar à porrada, o que será uma skill de grande utilidade quando inevitavelmente vivermos no limiar da guerra civil. A todos os jovens que se recusarão a injetar mais doses, bem-vindos ao grupo dos não-vacinados. Não se julgavam mentirosos conspiracionistas de extrema-direita? Não se preocupem, rapidamente os jornalistas vos vão informar de que são.

Heil

Li por aí que poderia até ser bom para dar termo à farsa: quando a comunidade for composta exclusivamente por pessoas que se sujeitaram à injecção experimental e estas continuarem a transmitir a doença e a falecer com a mesma, rapidamente a população se iria aperceber de que a segregação de um segmento da população – se razões precisavam para a rejeitar para lá das humanas, cívicas e morais – é epidemiologicamente injustificada.

Não partilho desse optimismo. Vivemos numa era em que a matemática dos números oficiais é esta: 100% da população portuguesa acima dos 65 anos está vacinada; a esmagadora maioria das mortes está neste sector populacional; mas o problema são os 0% que não estão vacinados. Vivemos uma era prodigiosa na arte do engodo massivo, em que tentam convencer simultaneamente os não-vacinados de que têm de se injetar, sob pena de perderem tudo o que têm na vida, porque a extrema eficácia da mistela é imprescindível no combate à doença; e os vacinados de que têm de tomar mais doses, porque as que tomaram não tiveram grande eficácia. Isto enquanto o Parlamento Europeu se prepara para conceder indeminizações às inúmeras cobaias que tiveram o azar de, eivados de medo ou em busca da liberdade que lhes foi ilegitimamente roubada, sofrerem os efeitos físicos severos de uma terapia sem segurança.

Há uns tempos, eu previ que mais cedo ou mais tarde iriamos estar a falar de certificados segregadores sem sequer referir a doença que os originou. Isso deixou de ser um cenário hipotético. Na Áustria, um teste negativo – o suposto comprovativo de que o indivíduo não carrega a vírus, pelo menos é esse o motivo pelo qual me obrigam a recorrer à zaragatoa – não permite a livre circulação. Só mesmo a sujeição ao tratamento experimental leva a que nos seja concedida a carta de alforria, mesmo sendo um axioma da narrativa de que vacinados transmitem e apanham o vírus. Este axioma – necessário para a perpetuação do sistema vigente, mas que acarreta explícitas contradições – é frequentemente acomodado com um subjectivo “mas muito menos!”, sem que se vislumbre a menor sustentação factual para tal adenda.

Às massas hipnotizadas – tão lestas a pregar empatia comunitária aos negacionistas – são irrelevantes os factos, é perigosa a divergência e é indiferente o sofrimento humano, se este se limitar às minorias dissidentes. Primeiro vieram buscar os comunistas e eu não disse nada, pois não era comunista….vocês conhecem o poema.  Pobres incautos: voluntariamente escravizados, julgam ser verosímil viajar de obediência em obediência até à liberdade final.

Simplicidades

O Popeye das vacinas é um castiço. Este figurão apareceu nas nossas vidas de forma mais repentina do que o vírus e nunca mais de cá saiu. Para a sua universal popularidade, beneficiou em larga medida da absoluta inutilidade do seu antecessor. Convém recordar que Francisco Ramos foi afastado depois de, com o semblante bonacheirão de jantar bem regado, ter vomitado que disponibilizar a segunda dose da vacina a pessoas que passaram à frente na fila só era imoral para quem votou André Ventura.

O país ficou embasbacado e até António Costa terá posto as mãos à cara. Parecíamos condenados a mais do mesmo: um cargo de grande responsabilidade iria ser ocupado por um inimputável, parcial, incompetente e francamente execrável actor político.

Quando toda a esperança parecia fugir, eis que do nevoeiro emerge o GI Joe de Quelimane. Carregado aos ombros pela nossa inclinação sebastianista, estimulado por uma imprensa fetichista que saliva por homens de farda, munido de vacinas refrigeradas e experiência em submarinos, era a autoridade de que o país precisava para aniquilar o vírus e conquistar finalmente o Quinto Império. Os jornalistas orgasmaram, as mulheres pediram autógrafos nos sutiãs, começou a conjeturar-se uma candidatura presidencial. Mas por trás de todo o show está, na verdade, uma ternurenta ilusão.

É que aqui o nosso Capitão Iglo está genuinamente convencido de que está na guerra. Encontramo-nos todos, em sociedade, a brincar aos covides, num faz-de-conta que nos trará no futuro uma colossal vergonha comunitária retroativa. Mas o almirante é o gajo que está a levar isto mais a sério. Fala em dar pancadas ao vírus, em não lhe dar férias, numa linguagem bélica absolutamente adorável. Assemelha-se a um veterano de guerra traumatizado que trouxe o corpo de volta ao país, mas cuja cabeça ainda está nas trincheiras. Claro que esta atitude messiânica faz prolongar a ilusão colectiva de que temos algum tipo de controlo sobre o vírus ou de que líquidos não aprovados e mesquinhas atitudes ditatoriais terão algum impacto na sua evolução. Mas o almirante parecia pelo menos – mesmo que esquizofrénico – ser um sujeito íntegro e competente. O homem certo no lugar errado.

Pois, enganei-me. Aquilo que começou como um promissor líder que parecia priorizar a eficiência e a transparência transformou-se num espetáculo de vaidades infantis e declarações estapafúrdias. A pior surgiu esta semana.

Para este senhor, a questão da segurança destas injecções para os jovens é “muito simples”. E ele espera que os pais entendam, porque é muito simples. Se tiverem, claro está, suficientes capacidades mentais para entenderem algo tão simples. A segurança das injecções em jovens é tão incrivelmente simples que os pediatras (provavelmente a área médica com menos anti-vacinas per capita) da comissão reunida pela DGS foram unânimes em manifestar-se contra. Nada que não pudesse ser resolvido ao estilo Grouxo Marx.

Esta questão é tão irrefutavelmente simples que efeitos adversos graves das vacinas mRNA – como inflamações cardíacas – estão a ser frequentemente detetados especificamente em jovens. É tão assustadoramente simples que – como as vacinas já estavam compradas e há acordos a cumprir, bazucas a colectar e ânus a lamber – foram necessárias inenarráveis pressões políticas para despoletar o processo. Tão absolutamente simples que foi necessário inventar “novos dados” para proceder a essa pirueta, dados esses que ninguém sabe quais são. Tão espantosa, extrema e brutalmente simples que – de forma a contornar a incómoda questão de esta ser uma doença que virtualmente não afecta os mais jovens – foi necessário colocar um infeliz avençado a justificar a decisão com o “peso psicológico”, porque as crianças estão aterrorizadas com a possibilidade de infectar os seus familiares mais frágeis; ignorando desta forma não apenas a inutilidade da vacina no que toca à transmissão, mas também e sobretudo o facto de esse bem-estar ter sido completamente dizimado por prostitutas como ele e as suas abjectas campanhas de terror.

Aquilo que é para muitos um terrível debate sobre bioética, moralidade, consciência social, individualismo, parentalidade, independência da ciência em relação ao poder político e corporativo, e cuja decisão irá impactar toda uma geração que temos obrigação de proteger é, para o nosso futuro presidente, uma “coisa muito simples”. É segura, caramba! O senhor almirante “garante”. Gouveia e Melo pode não ter a insolência ébria do seu antecessor, mas no que toca a condescendência e pedantismo, até Francisco Ramos tem muitos douradinhos para comer até chegar aos calcanhares do nosso adorável e mui sexy marinheiro.

Sapiofilia

ALICIA TATONE / THE ATLANTIC

Ok, eu não sei o que aconteceu. Completamente contra a corrente do jogo, o Doutor Anthony Fauci desbocou-se todo: afinal o homem não está convencido de que o vírus tenha surgido de forma natural e é, portanto, provável que a sua origem tenha sido o laboratório de virologia que – também por sua admissão – beneficiou de investimento americano. Alguém que me segure, porque eu estou prestes a colapsar de perplexidade. Como dizia um filósofo, “Qu’informação dramática!”. Sim, Trump enunciou por diversas vezes essa possibilidade, mas eu assumi naturalmente que o fazia por ser racista. Vamos a ver: então o vírus surgiu em Wuhan – cidade que aloja um instituto que faz perigosas experiências com vírus destes –  foi encoberto por um regime que tem um controlo cada vez mais sufocante das instituições internacionais, um regime que discutiu em 2015 a possibilidade de utilizar estes vírus como armas biológicas e cuja repressão global em que tudo isto resultou vai completamente de encontro aos objetivos do Great Reset do World Economic Forum, e estão a dizer-me que pode não ter sido tudo um acidental fenómeno da natureza? Chocante.

Não sei o que justificou esta alucinante pirueta de discurso. É particularmente relevante ter surgido já durante o mandato de um presidente que é tão comprometido pelo Partido Comunista Chinês que fez questão de abolir investigações à forte possibilidade de o vírus ter surgido no referido laboratório. Aguardam-se apetitosos desenvolvimentos. Não exclusivamente nas informações que começarão cada vez mais a vir à tona, mas também na maleabilidade de jornalistas, comentadores e inquisidores, perdão, verificadores de factos. A torção de colunas vertebrais atingirá flexibilidades impressionantes. Para já, deixo aqui um pequeno memorial a Dr. Anthony Fauci, grande senhor da epidemiologia que logrou ter a versatilidade de, num tão curto intervalo de tempo, sugerir o uso de nenhuma máscara, de uma máscara e de duas máscaras. Em memória dos agora idos tempos áureos da sua popularidade, partilho aqui estes cabeçalhos – reforçando que se tratam de artigos reais, e não de paródia – para que nunca nos esqueçamos de que a hipocondria atingiu uma dimensão tal que os daddy issues das americanas vieram todos ao de cima: ficaram completamente apaixonadas por um senhor de 80 anos que não as deixou sair de casa.

CNN Portugal

Acerca da criação da CNN Portugal, pouca coisa há a afirmar fora do domínio do cómico. O mainstream irá informar o cidadão português de que se trata da salutar chegada da uma credível, séria e íntegra cadeia de informação. A realidade, como quase sempre, reside no oposto que nos é dito. A CNN americana é uma merda e está na merda. E está na merda porque é uma merda.

Não foi só para os americanos descontentes que Donald Trump surgiu como messiânico. Ofuscada pelo universo de informação que é a internet, a CNN – e a generalidade do mainstream – estava numa franca curva descendente de credibilidade e consequentemente de audiências, quando Donald Trump emergiu das trevas. O ódio a um simples individuo serviu de reservatório durante quatro longos e lucrativos anos. Para isso foi necessário, naturalmente, mentir, ocultar, enganar, ludibriar, chorar, vitimizar, ou como se designa em 2021, fazer jornalismo.

O pior – ou o mais deliciosamente irónico, dependendo do ponto de vista – viria a seguir. Tanto lutaram pelo desaparecimento do homem da vida pública, apoiando inclusivamente a sua exclusão das redes sociais, que não estavam à espera do que se seguiria, mesmo sendo isso pornograficamente previsível:

Sem o bicho-papão, sem o bode expiatório, sem um símbolo cinematográfico de vileza, a imprensa de esquerda vale zero. Porque não é jornalismo, é activismo. O jornalismo tem sempre informação para descobrir e sobre a qual trabalhar. O activismo, sem causas, perde o propósito. A CNN só conseguiu fazer dinheiro fazendo do ódio a sua bandeira.

Sempre que me quiser divertir, vou partilhar nos próximos tempos algumas das mais engraçadas histórias da CNN: desde os teatros constrangedores dos irmãos Cuomo às não menos constrangedoras intervenções choramingas de Don Lemon. Para já, fiquem conscientes de que se virmos a CNN Portugal a optar por notícias falsas, propagandistas e ostracização de segmentos populacionais, já sabemos que não estamos perante falhas deontológicas, mas sim diante de um lucrativo modelo de negócio. A boa notícia é que aqui na choldra não destoará.

Favores

«As pessoas já não têm tanto medo do vírus, ou seja, o vírus já não está a nosso favor»

Subintendente José Nascimento – PSP Coimbra

(Vídeo usurpado ao Telmo Azevedo Fernandes)

Que refrescante é quando a espontaneidade de pessoas broncas faz a verdade flutuar. Este despudorado agente da autoridade vem confirmar o que há muito se sabia: o vírus é o pretexto perfeito para a imposição ilibada de um estado policial. O senhor fê-lo de forma tão natural e ingénua que podia ter passado completamente despercebido. É isto que torna este vídeo particularmente delicioso: o senhor – na sua bolha de déspotas – está completamente alheio à gravidade desta sua confissão.

Partidos, comunicação social, polícia e influencers vivem a vida confrontando obstinadamente a realidade como se fosse inimiga dos seus propósitos – porque é. Remam contra a maré da racionalidade para conseguirem manter aceso o medo que lhes concede impunidade nas mais ultrajantes decisões repressivas. Um exemplo perfeito disto é o manicómio diário que vivemos com o uso de máscara no meio da rua. Para boa informação da população e adequada gestão emocional da pandemia, era necessário convencer os portugueses de que a máscara na rua é completamente despropositada, para não dizer uma estupidez olímpica. A DGS não se limita a pecar por silêncio: fazem um esforço activo por manter o teatro, sacrificando a saúde física e mental de crianças no processo.

Isso cria um cenário perfeito em que cada saída de casa nos faz sentir num episódio de Black Mirror. Nada melhor do que este terrorismo visual para perpetuar a ansiedade coletiva. Contagiaram-nos com a sensação de que toda a gente à nossa volta – a horda de zombies açaimados – está potencialmente doente. Parecem estar: vejam aquela gorda, a subir a rua com as compras neste dia de sol abrasador, a suar como um porco, a ofegar como um bulldog asmático. Não tira a máscara: deve estar doente. E este jovem e aparentemente saudável estudante, neste dia de tempestade, com o rosto encharcado e a máscara tão translúcida que permite ver os contornos da sua boca? Há muito que a máscara já não o protege, mas ele não a tira: deve estar muito doente. E assim se preserva esta pusilanimidade colectiva.

Esta orquestrada encenação tem vários métodos e ramos de acção. Por ser o mais musculado e temido, a polícia é o principal. Não são os maestros desta porcaria, são meros peões armados, mas isso não os iliba. Enquanto garante dos direitos e segurança dos cidadãos, deviam ser os primeiros a manifestarem-se contra os abusos desumanos que estão a ser pressionados diariamente a levar a cabo. Era seu dever demarcarem-se de proibições de atravessar concelhos, de multas por comer gomas e restantes incidências trágicómicas. Optaram, no entanto, por pôr-se do lado do vírus. Do lado em que o vírus estava “a seu favor”. Ficarão no lado negro da história por sua própria admissão.

Não são só eles que sabem porque não ficam em casa

“Daqui a 15 dias, quero ver. Por mim, nem tinham direito a ventilador!”

Para começar, são 14 dias. Duas semanas são 14 dias, não 15. Sete mais sete. Mas mais relevante ainda é que, quando a poeira da insanidade assentar, o chavão dos 15 dias irá figurar no nosso anedotário. É um prazo de validade intimidante, um macabro vaticínio de morte e, portanto, perfeitamente enquadrado na narrativa apocalíptica. Carece, no entanto, de qualquer validação factual.

Não é a genuína preocupação com a saúde pública que os mobiliza a apregoar a condenação de gente que só quis usufruir do merecido festejo. É, isso sim, um impulso onanístico e inquisitório. Observar aquilo que aos nossos olhos são condenáveis meliantes representa para muitos a oportunidade perfeita para se distanciarem da sua malvadeza. Faz sentido que o queiram fazer: como reivindicam punições e musculada intervenção policial e militar, é importante deixar claro que não é a eles que devem ser dadas as cacetadas, é naturalmente aos outros. Arrogando-se o papel de protetor de vidas e ciência, quando contribuem diariamente para destruir ambas, fazem da menina d’A Lista de Schindler que vocifera “Goodbye, Jews!” sem saber o que são judeus, só porque toda a gente à volta a ensinou a odiar.

Seria expectável que, perante a sucessão de situações em que este prognóstico da catástrofe iminente em 15 dias não se verificou, o medo em que nos afogaram começasse a dar lugar à dúvida. É dela que nasce a ciência, e não do dogma.

Mas há uma pedra pesada no caminho da lógica: o orgulho. Custa demasiado engolir o amargo   paladar do reconhecimento de um erro. Desconfiamos das nossas informações, embaraçam-nos as nossas próprias palavras e abalam os alicerces das nossas convicções. E, com a dimensão deste assunto e com a convicção emocional por trás das tomadas de posição, vemo-nos sujeitos a vexame alheio. Transformaram isto numa guerra de dois lados e qualquer cedência intelectual é encarada como humilhante derrota. A este preço, vai ser muito difícil que as pessoas, mesmo vendo a hipocondria desvanecendo-se nos ventos curandeiros da racionalidade, venham a admitir que foram enganadas. É essa resistência egotística – aliada a uma perversa inclinação autoritária e alergia a felicidade alheia – que prende a opinião pública a uma posição que neste momento não passa de um delírio coletivo.